Lino Vitti - Príncipe dos Poetas Piracicabanos

Lino Vitti - Príncipe dos Poetas Piracicabanos
Lino Vitti- Príncipe dos Poetas Piracicabanos

O Príncipe e sua esposa, professora Dorayrthes S. S. Vitti

Casamento

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Bodas de Prata

Bodas de Prata

Lino Vitti e seus pais

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Lino Vitti e seus vários livros

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Bisneta Alice

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BISNETA ALICE

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O Príncipe agradece a visita e os comentários

60 anos de Poesia


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

SEMEADOR



Lino Vitti

Sais na manhã da vida a semear. Supões
que a vida mais não é do que larga seara,
sobre a qual vais plantando ao sol da manhã clara
os mais belos ideais, mais belas ilusões.

Na terra rubra e quente os sonhos e as canções,
como se a própria vida a tua mão plantara,
nas covas vais depondo; é uma aventura rara
que não alcançam sempre os tolos corações.

E quando no poente o sol desta existência
nos anuncia a sombra atroz da noite triste
vemos surgir no céu a seara do infinito.

E nos pomos então com saudade e paciência
a plantar nesta terra o que mais não existe,
a colher muita estrela em estúpido grito.

sábado, 27 de outubro de 2012

VELHICE



Lino Vitti

Quando vires um velho a passo lento e tardo
- uma sombra de vida a se esvair tristonha -
arrastando seus pés como a pisar em cardo,
figura que talvez te pareça enfadonha,

pára por um momento e vê que dor medonha
(tu que és rico mas bom, quem sabe um felizardo)
acompanha o velhinho, antes que o sol se ponha,
pode ser um herói, um bisavô , um bardo.

É tão incerto e atroz o rumo da velhice...
Lacrimeja-lhe o olhar, embaça-se-lhe a senda,
pouco vê, pouco escuta... A vida é uma tolice!

Respeitemos o ancião porque ele é uma oferenda,
como nós teve sonho, amor, fez peraltice,
tem páginas de luz em sua longa agenda.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

FUNDO MUNICIPAL DE APOSENTADORIA



Lino Vitti – Inativo do Poder Legislativo
  
               Está em moda ultimamente a criação de Fundos para isto e para aquilo, sobressaindo sobre tudo os propósitos governamentais para estabelecer regras legais (nem sempre porém com sopros de constitucionalidade) para se livrar do pagamento das aposentadorias no serviço público. Acham os mentores executivos e os legisladores maiores que os servidores inativos federais, estaduais e municipais, são um fardo demais pesado a onerar os orçamentos de cada entidade constituída. E nesse “achar” sem fundamento que o justifique engendram medidas escapatórias, na busca de tirar-lhes dos ombros esse ônus intrigante de um ou de inúmeros cidadãos ganharem, sem o correspondente trabalho. No conceito dos modernos governos os aposentados não passariam de parasitas, sanguessugas, boas-vidas a mamar as tetas orçamentárias da Federação, dos Estados, dos Municípios, chegando-se ao cúmulo de julgá-los responsáveis pelos descalabros administrativos, pela falta constante de verbas com que atender setores governamentais de maior ou menor importância.
É por essa razão e por outras razões de cabo de esquadra que o país assiste a tragicômicas medidas governamentais tentando arredar de si as responsabilidades financeiras com que pagar a onda, assustadoramente crescente, de inativos. Crescimento que tenderá, é claro, subir mais e mais, em consonância com o natural crescimento populacional e o, dizem, prolongamento cada vez maior da idade e, consequentemente, da vida da gente brasileira.
Os atuais dirigentes da nação, quer se chamem executivos, quer se denominem legislativos, aplicam todo o afã de que dispõem, visando instituir novas regras, novas leis, novos conceitos constitucionais, para livrar-se dos encargos orçamentários destinados aos inativos dos poderes públicos, chegando ao ponto de criar instituições fora do próprio governo, para assumirem, mediante a criação de fundos, o pesado ônus das aposentadorias dos serviços públicos federais, estaduais e municipais.
Os Fundos de Aposentadoria (ao que entendo) seria uma reserva contributiva, sacada primeiramente de salários e vencimentos (hoje até se quer tirar uma Segunda contribuição dos já inativos) do funcionalismo, no verdadeiro sentido do termo, isto é, pessoa nomeada por autoridade competente, para cargo público criado por lei, com ordenados certos e ingresso por concurso, paga com dinheiro proveniente de receitas financeiras que resultem da arrecadação de tributos de competência de cada poder: Federação, Estados, Municípios.
Essa definição, superficial evidentemente, pode-se deduzir, não inclui servidores admitidos para serviços temporários, os celetistas, os assessores, os contratados, os extanumerários. Tão só os verdadeiros funcionários. Presentemente, a conceituação de servidor público, de funcionário “strictu sensu”, anda bagunçada e confusa, apesar da meridiana clareza dos dispositivos constitucionais que regem a coisa. Executivos e legisladores, não sei se por ignorância ou má vontade, para não dizer má fé, colocam num mesmo caldeirão administrativo, as diversas categorias, embora cientes de que os estatutos de uns e de outros diferem totalmente. Categorias essas regidas por normas, leis, disposições constitucionais diversas e, muitas vezes, até contraditórias entre si. Generalizou-se uma situação que não pode ser sequer admitida, para dar um jeito nas dificuldades que encontram executivos e legislativos no cumprimento de seus mandatos.
É essa muitas vezes engendrada confusão entre conceitos de funcionário público e trabalhador celetista que tem levado a tentá-los a misturar alhos com bugalhos, até à criação de um contribuição indevida do funcionalismo público para a aposentadoria. A criação dos propalados Fundos com essa finalidade, não passa de uma cortina para justificar as más administrações que vêm no funcionalismo, não um seu participante, mas um gastador de receitas orçamentárias.
O funcionário, aquele assim definido na Constituição, é servidor do povo, por isso seus vencimentos, seus salários e seus proventos, são extraídos, logicamente, dos impostos, taxas e contribuições que o povo paga aos poderes públicos. Ele tem, como patrão, o povo, a que serve. O poder público arrecada os tributos vindos do povo, é justo pois que os proventos e salários desses servidores do povo, provenham dessa arrecadação. Criar um Fundo sacando sobre salários, vencimentos e proventos de servidores públicos, ou exigir que os orçamentos saquem dos tributos populares uma Segunda importância para fins de aposentadoria, seria, no mínimo, uma duplicidade de cobrança. O pagamento dos tributos já é o Fundo com que os poderes públicos, perfeitamente baseados em disposições constitucionais, pagam as aposentadorias e os salários da atividade funcional de seus servidores.
Aliás todas as Constituições do país, através dos tempos, estabelecem que os proventos e vencimentos das aposentadorias de funcionários públicos devem ser pagas com a arrecadação de tributos orçamentários, que é a contribuição popular própria para isso.
Para finalizar, pergunta-se de quem seria tirada a contribuição para a Formação do Fundo de Aposentadorias? Dos funcionários ativos, às voltas com tremendos saques do Imposto de Renda, do IPASP (em Piracicaba), dos Sindicatos da Categoria, das Contas salariais depositadas em Bancos que cobram mil e uma taxas, inclusive CPMF e Manutenção da própria Conta que é o salário ou os proventos? No nosso caso? Do Município, conhecido como os demais governos, de contribuinte omisso das obrigações sociais? Vejam o INSS!
Ficamos por aqui, embora o assunto comporte páginas e laudas para dizer que a criação de Fundos para fins aposentatórios será um fracasso somado aos muitos havidos por aí.

terça-feira, 23 de outubro de 2012

SER ACADÊMICO



Lino Vitti
(à minha afilhada de Academia Simone)

Lírica aspiração da juventude,
anseios de atingir sublimes cumes
dos sonhos literários na amplitude
da vida que começa em nobres lumes.

Acadêmico ancião, moços implumes,
morar além do chão lhes é virtude
e acalentar dos sonhos os cardumes
é bem que os faz felizes! Magnitude!

Vós todos que comigo andais a estrada
do Belo e da encantada Arte da vida,
tecendo flores de literatura,

sede felizes nessa caminhada,
fazei das letras arte estremecida
e da poesia uma eternal ventura.

sábado, 20 de outubro de 2012

RETORNO AOS PAGOS NATAIS



DEPOIS DA INFÂNCIA (VII)
 Lino vitti

        A vida seminarística, em geral cumprida na adolescência, caracteriza-se pela monotonia. Os dias se sucedem tomados pela mesmice, pois tudo é feito sob a batuta rotineira de horários para qualquer coisa: para levantar, para se preparar higienicamente, para os atos religiosos, para o estudo, para as aulas, para as refeições,  para o recreio, para o banho, para a volta ao dormitório, agindo os aspirantes (assim chamados aqueles que aspiram a vida religiosa) como que autômatos.
É uma automação necessária, porque o contrário, ou a derivação seria o caos, a desordem, a bagunça. Por isso os responsáveis por aquela legião de adolescentes, porfiarem no sentido da metrificação da vida estudantil, em face do que as personalidades nascentes vão adquirindo contextura sólida e adequada ao fim para o que aquela vida os destina.
Não cheguei a completar o tempo indispensável à formação religiosa, mas tive a felicidade, que nem todos têm, de plasmar uma bagagem cultural, ética, psico-estrutural profunda e decisiva para caminhar com firmeza pela estrada que me espera nos anos adiante.
Ao retornar porém aos pagos natais, não poderia deixar de perceber o quanto haviam sido preciosos aqueles dias de gaiola colegial, pois de lá trouxera apreciável bagagem de conhecimento, de saber, de fé, de confiança, importantes sem dúvida para vencer os novos tempos de viver, adentrando na juventude perfeitamente talhado para as peripécias com que ela costuma surpreender aqueles que adentram sua paisagem, quer física, quer emocional, quer espiritual.
Esse deslocamento inopiado não se faz, contudo, de uma hora para outra, trazendo apenas incidências favoráveis. É preciso, evidentemente, um novo tempo de adaptação, tal qual ocorrera quando da mudança da infância – no meu caso, de uma vida da roça – para a adolescência, ou melhor, pós adolescência, vivida, como disse em linhas anteriores, no âmbito de um internato. Assim, como tudo, - colegas, mestres, superiores, estudos, orações, - ficara gravado, paulatinamente, no âmago da memória e da espiritualidade de cada um daqueles adolescentes, candidatos a uma juventude decisiva para a vida, também a mim o retorno à roça depois de longos anos de internação formativa, trouxe consigo, diria até, uma profunda saudade daquela vida de colegial. Saudade dos companheiros, dos jogos, dos estudos, da qualidade das refeições, dos longos silêncios dos retiros espirituais, dos prolongados horários de estudos e de aulas, até as admoestações e advertências pela quebra dos regulamentos internos que todos deveriam cumprir à risca.
Ao rever a casa da roça, de onde a mais de cinco anos partira, sem nunca revê-la, fui surpreendido pelo que os olhos viam. Acostumados a  amplidão do edifício do seminário, de suas salas, de seus dormitórios, de seus refeitórios, de seus pátios de recreio, assustaram- se meus olhos ao ver de novo a simplicidade, a pequenez, a humildade de minha casa da roça. Parecia a eles uma casinha de brinquedo, e não teria o menino ora crescido, como passar pela pequenina porta, a caber dentro daqueles diminutos quartos e salas, que, na infância saudosa, me pareciam enormes e suficientes. E como que tinha receio de que aquele teto despencasse, de que paióis e galinheiros tombassem ao colocar-lhes a mão numa saudação de saudade e reconhecimento. Custou, ao quase jovem, acostumar-se, tal qual acontecera no inverso da coisa, isto é, quando da chegada ao seminário, àquelas mudanças, diria, físicas, de ambiente. Mas lá estavam papai José, mamãe Angelina, muitos novos irmãos e irmãs, com os quais deveria reencetar a vida, o destino, o futuro.
Parece incrível, mas o ex-seminarista que não ficou entre os poucos escolhidos, dono de uma enorme bagagem cultural e religiosa, estava agora frente a frente com a enxada, com o podão, com os futuros calos, para ser um lavrador, aguardado pelos cafezais, pelos bananais, pelos milharais e arrozais, e, assim também, pelo invasão do mato daninho que, naqueles tempos (os evangelhos latinos dizem “in illo tampore”) desafiavam fragorosamente as enxadas roceiras. 

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

A BICICLETA


                                   Jair Vitti

A bicicleta, na verdade, é um pequeno veículo e serve para transportar as pessoas, tanto nos seus afazeres quanto passeios. O sujeito vai pedalando e, além do mais, é um esporte; andar de bicicleta faz bem à saúde.
Na China, pelo que se sabe, a maioria das pessoas usa a bicicleta para locomover-se. Este veículo de duas rodas tem uma vantagem: não gasta gasolina, apenas gasta energia do indivíduo que a usa.
A idéia deste maravilhoso veículo, movido pelo impulso dos pés, deve-se aos chineses que são os pais do evento. A principio as rodas eram feitas de bambu. Mais tarde, lá pelo século XIV, Giovani Fontana fazia o veículo mover-se por meio de roldanas, com rodas de madeira. No ano 1790 De Sioroc juntara uma trave e empurrava com os pés.
Em 1815 o alemão Draís aperfeiçoou o celífero acrescentando um guidão e um selim. O Francês Ernesto Michoux acrescentou uma roda maior na parte dianteira e uma roda menor na parte traseira.
No ano 1867 Ader e Starliy introduziram outras modificações aperfeiçoando o veículo consideravelmente e assim por diante, até em nossos dias continua o seu aperfeiçoamento, transformando-se um veículo popular e o mais barato de todos, não é preciso combustível para seu uso.
Por outro lado, não queremos diminuir sua utilidade  e nem somos contra a fabricação e o uso deste veículo, pelo amor de Deus nada disso, apenas queremos dizer que a bicicleta é a coisa que mais estorva no mundo; não existe lugar para guardá-la em qualquer parte da casa, seja na dispensa, no quarto, na sala, no quintal, por incrível que pareça, este pequeno veículo muda-se constantemente, aqui acolá, está sempre estorvando. Ninguém pode negar mesmo quem gosta e o usa pode confirmar e concordar com a idéia.
Bicicleta de criança então nem se fala é um horror principalmente velotrol, brinquedos celíferos de plástico por toda parte da casa são encontrados.
É muito cansativo para quem faz limpeza ou faxina, muitas vezes o indivíduo se enrosca e tropeça no celífero está sempre impedindo a passagem, é uma lástima. Para os pedreiros e pintores que reformam a casa com gente morando dentro, é uma penitência.
Certa ocasião, trabalhando como pedreiro em uma reforma de casa, existiam ali dois veículos dessa natureza; não querendo exagerar estas duas bicicletas pelo menos foram mudadas de lugar umas cinqüenta vezes no último dia, término da reforma, a dona da casa vendeu as bicicletas; parece desaforo.
Quando esses veículos quebram e são encostados, sem uso, pior ainda. Aí duplica o sofrimento. Repetindo: não vamos por isso desmerecer ninguém e nem diminuir, mas em termos de estorvo a bicicleta ganha o primeiro lugar. 

quarta-feira, 17 de outubro de 2012

GIGANTE E ADORMECIDO



 
                             Jair Vitti

O Brasil é um gigante adormecido desde a época em que foi invadido pelos europeus e ainda continua adormecido. Ninguém conseguiu acordá-lo. Será que em quinhentos anos não existiu um homem macho para tal? Pode até ter existido mas há umas forças ocultas nesse permeio que não são brincadeira!
Cinquenta por cento do povo brasileiro teria vontade e desejo que o Brasil despertasse para tomar o rumo certo que merece porque é o maior do mundo em termos de riqueza, mas por outro lado existe outra turma mais poderosa que prefere vê-lo adormecido porque visam um grande interesse para eles. É o mesmo daquele programa da televisão “você decide”; metade está a favor e outra metade está contra, seja qual for o caso, mesmo sendo prejudicial ou ruim para a população ou a humanidade. O que vale é o interesse de cada um. Infelizmente, por falta de consenso e patriotismo o bem do Brasil tem que ser resolvido por mal, porque por bem ele vai continuar mais quinhentos anos do mesmo jeito como está, com a mesma burocracia ou melhor, “cavalocracia”. Já que estamos próximos do terceiro milênio e somos bastantes civilizados podemos trocar esta frase conforme a grandeza e a possibilidade e dar mais ênfase à estética.
O Brasil está doente com um tumor cheio de pus, está expurgando, nem seria preciso anestesia para a cirurgia; apenas falta vontade de passar o bisturi dos não patriotas.
Acontece que este tumor, se cortado, vai esparramar pus por todos os lados e nós brasileiros, não estamos preparados para nada. Se isso acontecer somos capazes de não aguentar o resultado desta cirurgia e neste caso então é melhor que fique como está: impunidade, crimes, violências, estelionatos legalizados, rombos nos cofres públicos, sequestros, roubos, tráfico de drogas e o diabo a quatro, e só meia dúzia de pessoas que tem direito de usufruí-lo.
Deus, sempre em seus modos de se expressar toma como exemplo a ovelha por ser um animal mais dócil e manso e o povo brasileiro que vive do pão de cada dia, possui o mesmo instinto da ovelha, não reclama, não geme, suporta todas as injustiças e angústias, passa frio e fome, necessidades e não diz uma palavra. Mesmo assim sendo um carneiro ainda vive feliz cheio de esperança de dias melhores acreditando em seus políticos com as promessas, mesmo com todos esses problemas e assédio que o cercam ainda age com todas suas forças para vencer na vida.

Tão longe de nós, distante,
ainda confiamos
neste Brasil
Gigante.   

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

O ERASTO DA FONSECA



DEPOIS DA INFÂNCIA (?!)
Lino Vitti

“Quem mente não é filho de boa fé”– é o que o povo, esse magnífico povo –, espalha por aí, com toda a razão, menos, é claro, no dia de hoje – 1º de Abril – consagrado à mentira.
E por que me desviei desta série de crônicas nas quais, resumida e intimamente, vou desnovelando anos de infância, de adolescência e, agora, de mocidade? Virá algo também sobre... digo “maturidade” ou velhice mesmo? Como disse em linhas anteriores, os cronistas são raça estranha, mudam de rumo como as brisas que governam as birutas, falam, ou melhor, escrevem que vão dizer isto e aquilo, mas acabam por transgredir o prometido, para mudar de pato a ganso com faço hoje, dia 1º de Abril – feliz Dia da Mentira.

            Erasto da Fonseca, aposentado do mundo da odontologia, como ele mesmo bota no final de cada um de seus trabalhos jornalísticos, teve a felicidade de tratar e recriar, não apenas dentaduras e quejandos humanos, sujeitos a dores intensas e envolvendo sofrimentos noturnos e mastigatórios, inúmeros cidadãos, mas penetrar nos mistérios do escrever. Escrever prosas, versos, livros, e, de lambuja, discursar, com a perfeição de um Cícero, produzindo peças oratórias que movem multidões, e convencem, e agradam, e enaltecem as pessoas que são alvo de sua discursiva, como aliás tem sido com este dito “príncipe” da poesia piracicabana.
Quem tenha acompanhado a trajetória jornalística do Erasto pôde verificar que o quase nonagenário cidadão é uma pletora redacional, sabe de tudo, entende de tudo, não lhe faltando nunca fraseado e vocabulário para meter em linhas literárias, os valores sociais, humanos, artísticos, de todos quantos lhe passam rente, ou mesmo distante, atingindo a sua crítica, altamente construtiva, o âmago daqueles, que, como ele, tenham enveredado pelo maravilhoso mundo da arte escrita, da poesia, da prosa, de qualquer atividade intelectual e cultural.
O que nem todos sabem, todavia, são as qualidades de Erasto como tenor e seresteiro. Que voz! Que sentimentalidades em suas serenatas! Imaginem os senhores, reunir canto, luares, imaginação, sentimentos, sonhos, sabedoria, prazer, evocação, tudo, tudo, numa só pessoa que traz o coração à flor da pele, que traz a alegria, nos lábios, que traz a sensibilidade na música vocal, que aplica todas as energias de sua alma para transmitir na íntegra aquelas belezas sobrenaturais de que a alma e o coração são depositários incontestes!
Em seus últimos trabalhos (por duas ou três vezes) o Erasto “brincou” de escrever sobre Lino Vitti, este mesmo escriba que agora se vinga gostosamente para também lhe desnudar aquela pessoa imaterial que cada um temos conosco para nossos gastos sentimentais. Bem feito! Quem mandou mexer com este espinheiro de sentimentos, de poesia, de cronista, de jornalista, disso e daquilo em que fui burilado pela vida, pelo campo, pelo seminário, pela cidade, pela gente de Piracicaba?
Não nego: gosto de ser  focalizado pelos amigos e por outros quando se trata de poesia, de literatura, de arte, de cultura. É um  prazer, diria, inato, como inato deve ser esse prazer em muitos outros concidadãos que perdem tempo e vida a tratar dessas coisas, como diria um louco por dinheiro – “que não dão lucro nenhum”. Ele tem razão, Erasto, mas não seria esse vil metal que viria ensombrar nosso prazer de escrever e de manifestar os recônditos escrínios da alma. É comum, poderia dizer normal, que gente de letras acabe sempre pobre, endividada, acossada por credores. Que se há de fazer, porém? Não seremos nós que vamos modificar o mundo e colocar tudo nos eixos. Materialmente falando, não.
No outro caso o mundo da espiritualidade – que não exige correções, nem dinheiro, tenho certeza, Erasto (obrigado!), que nós estamos velejando com toda a alegria  e a certeza de haver transmitido, com os nossos poemas, livros e crônicas, muita alegria e muitos sonhos aos outros. O que é ótimo.
Outra vez, obrigado!

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

BESOUROS E POESIA




Lino Vitti
 (Príncipe dos Poetas de Piracicaba
dedica aos muitos besouros
e besouras poéticos desta terra)



Doidamente - besouro encabulado - às voltas
com cegante clarão de uma fonte enigmática,
quantas vezes, poeta, em andanças revoltas,
da poesia ao redor giras a alma emblemática.

Como o mísero inseto a essa chama a alma soltas
em regiros mortais (ela é enganosa e estática)!
De que vale reunir dos sonhos as escoltas
se ela, como a poesia, é insensata e dogmática?

A lâmpada que atrai o cético besouro
tem a força abissal de brilhante tesouro
que reluz e convida, e atraiçoa, e assassina!

Assim nós, assim nós, poetas sonhadores
ao redor dessa luz de ilusórios fulgores
seguimos do besouro a tirânica sina.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

GOSTO E COR NÃO SE DISCUTEM




                                                    Jair Vitti

Para repreender alguém achando que está errado, é preciso ser perfeito e quem é quem? Muitas pessoas são criticadas por gostar de certas coisas ou por terem certos caprichos ou vícios. Analisando bem, somos uma só farinha, todas as pessoas têm um gosto, defeito ou vícios.
Existe uma velha frase: o que seria do mundo se todos gostassem de uma só cor?
É certo que alguns desses gostos ou vícios são prejudicáveis à sociedade mas quem os pratica acha que está certo com seus ideais e assim por diante. Uns gostam de pescar, outros de caçar ou andar a pé; há pessoas que gostam de prender pássaros em gaiolas, outras matar animais por prazer, pessoas que gostam de ter quatro ou cinco cachorros ou  gatos. Certa ocasião, contei dezoito gatos em uma casa entre machos e fêmeas. Como existe aquele sujeito que gosta de ouvir música ou seus passarinhos cantarem, existem aquelas pessoas que gostam de ouvir seus cachorros latirem à noite toda ou o dia todo, sem parar; pode ser um gosto chato, podemos pensar, mas para o dono desses animais é um prazer semelhante a outros como assistir a futebol, fazer churrasco, pescaria, etc.
O mais divertido para essas pessoas é quando andam pelas ruas com seus cachorros e atraem outra cachorrada, formando aquela briga, latidos, um barulhão dos diabos. Que beleza! De vez em quando temos a oportunidade de assistir, ao vivo, essas cenas. É mesmo divertido.
Quem deve gostar de uns latidos caninos são aquelas pessoas que trabalham à noite e de dia querem dormir, ou vice-versa, trabalham de dia e precisam dormir à noite e muitas pessoas doentes têm que aguentar os latidos desses animais. Fazer o quê?
Por outro lado, existem aqueles que gostam de fazer barulho com motos, carros, quer dizer, tudo é gosto, destruir placas que indicam sinais nas estradas ou quebrar bustos de pessoas célebres, lâmpadas, telefone, é um prazer para certas pessoas fazer isso embora seja dano social.
Correr a duzentos quilômetros por hora, numa distância de cinqüenta metros, depois dar aquela freada violenta, também é gosto, além do mais consideram-se os melhores motoristas.
Não podemos ignorar o procedimento desses indivíduos, uma ressalva, sabemos que certas coisas são prejudiciais e não deveriam ser feitas. Concordo plenamente com o leitor, mas se formos chamar atenção ou repreender já temos a respostas, digo isto, por experiência própria. Por isso, para repreender alguém, é preciso ser quase perfeito e não ter vícios, gostos ou costumes.
Como tudo é gosto e vivemos numa democracia brasileira, gosto, e cor, e vícios, não se discutem embora sejam lesivos.            

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

HERÓIS



Jair Vitti


Heróis, no meu entender, são aquelas pessoas que fazem ou fizeram alguma coisa de bom para o bem da humanidade e lutaram para defender por justa causa seu país contra invasores, de modo patriótico. Exemplo: Gandhi, sim, podemos chamar de herói, e muitos outros que conseguem dirigir seu país em dificuldade e dar a volta por cima, sem escravizar seu povo. Ser herói, não fazer guerra, nem matar todo mundo e destruir. Herói é o indivíduo que chega à margem do porto com sua capacidade, sem prejudicar ninguém. Dá impressão , que está tudo errado, precisaria inverter o quadro da história, todas aquelas pessoas destruidoras, assassinas, maquiavélicas, podem anotar seus nomes, estão lavrados no livro da História. Avenidas e ruas, inclusive cidades, placas e bustos. Estas gerações atuais nem sabem ou conhecem o passado dessas pessoas, é por isso que algumas delas até são veneradas. Não citemos nomes, e nem vale a pena. Alguém poderia não gostar, seria como apagar o nome de certos santos venerados pela população. Nesse caso, melhor é ficar como está para não desestruturar o viver e a crença de cada um.
O dinheiro também pode levar o cidadão ao ápice, a ponto de ser herói; neste mundo não importa ser ou não capaz, o importante é o poder e ter a honra de colocar seu nome lá em cima e ser lembrado pelas cegas gerações futuras.
O que podemos também dizer de heroísmo é daquelas raças que sofreram o massacre por esta gente chamada de heróis, e ainda conseguem em baixo número se manter vivos neste planeta.
Já que está que fique, mas francamente existem heróis que precisariam ser execrados. Analisando bem e levar à ponta do lápis com seriedade, sem demagogia, num  sentido consciencioso, de uma certa forma e certo grau, existem milhares de pequenos e humildes heróis. Você quer saber? São aquelas pessoas que conseguem viver com um salário mínimo.
Tá Ok?

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

A NEGRINHA



 
                                                 Jair Vitti

Um conto de Monteiro Lobato:
Em um de seus livros, 23ª edição, tive a oportunidade de ler essa estória mas, podemos considerá-la verdadeira porque papai volta e meia nos contava esta estória e muitas outras que nós não conhecemos semelhantes a esta. Deve ter acontecido naquela época, aproveitando resolvi pô-la em crônica para lembrar o procedimento daquelas pessoas com os escravos.
Uma negrinha, pobre órfã de 07 anos, mulatinha, cabelos russos e olhos assustados, nascera na senzala de mãe escrava, esta pobre pretinha da senzala passou a viver na casa de Dona Inácia, “gorda, rica, dona do mundo a mimada dos padres, com lugar certo na igreja e camarote de luxo reservado no céu, entalada de banhas numa cadeira de balanço na sala de jantar, uma virtuosa mulher, senhora em suma, esteio da religião e da moral, dizia o vigário, ótima a Dona Inácia, que mantinha esta criança só para satisfazer seus desejos maléficos de dar beliscões, pontapés e croques na cabeça da menina, mantinha-a pelos cantos escuros da cozinha sobre velha esteira e trapos imundos sempre escondida, com os olhos eternamente assustados, dizia para a menina: sentadinha aí e bico hein!..” (trecho do livro)
“Além do mais costumava chamar a criança de diabo. De braços cruzados seu único divertimento era ver o cuco por alguns segundos cantar as horas, o resto era ouvir: pestinha, diabo, coruja, barata descascada, bruxa, pata choca, pinto gorado, mosca morta, sujeira, bisca, trapo, cachorrinha, coisa ruim, lixo, não tinha conta os números de apelidos.
O corpo da negrinha era tatuado de sinais, cicatrizes e vergões, todos batiam nela, todos os dias, houvesse ou não motivo.
Excelente Dona Inácia, era mestra na arte de judiar da criança, puxões de orelha, torcida do umbigo, miudinho com a ponta de agulha, tudo isso era divertidíssimo para a virtuosa mulher.
Certo dia uma criada nova furtara do prato da negrinha um pedacinho de carne que ela vinha guardando para o fim, a criança não sofreu a revolta, atirou-lhe um dos nomes com que a mimoseavam todos os dias, peste, disse a negrinha à criada que logo correu e foi contar à Dona Inácia, que por sua vez naquele dia estava azeda e mandou trazer um ovo que ela mesma havia posto na água a ferver, quando estava bem quente a boa senhora chamou a criança: vem cá negrinha, e abra a boca - disse a virtuosa, a negrinha abriu a boca e fechou os olhos, a patroa então com uma colher tirou da água o ovo e zapt na boca da pequena negrinha que urrou surdamente pelo nariz, esperneou, nem os vizinhos chegaram a perceber aquilo, e Dona Inácia olhando aquilo disse: diga nomes feios aos mais velhos outra vez ouviu, peste?
Neste momento acabara de chegar o vigário em sua casa.
Não se pode ser boa nesta vida, disse ela, estou criando aquela pobre órfã da Cesária mas, que trabalheira me dá. Disse o monsenhor: a caridade é a mais bela das virtudes minha senhora.
A negrinha nunca teve um segundo de carinho, somente foi torturada por todos.
Certo dezembro vieram passar férias com “Santa Inácia” duas sobrinhas, estas trouxeram bonecas, cachorrinhos e cavalinhos, e por algumas horas permitiu Dona Inácia pela 1ª vez que a negrinha fosse brincar junto com as meninas, foi o único momento de alegria da pobre órfã, que durou poucos dias, depois as meninas partiram e voltou tudo como era antes para a negrinha.
Pouco tempo depois de tanto martírio a pobre criança morreu na esteirinha rota, abandonada por todos como um gato sem dono, jamais entretanto ninguém morreu com maior beleza tudo se esvaiu em trevas, depois vala comum, a terra papou com indiferença aquela carnezinha de 3ª, uma miséria, 30 quilos mal pesados. Uma saudade ficou nos dedos de Dona Inácia.”
- Como era boa para um croque aquela negrinha..
Monteiro Lobato, considero-o um dos maiores escritores do mundo.
Diante desta estória devemos perdoar não 7 vezes mas, 70 vezes 7, mas antes pergunte à negrinha.
( Os trechos entre aspas foram extraídos do livro “Negrinha”, de M. L.)

terça-feira, 2 de outubro de 2012

AFINAL, A DEVIDA ATENÇÃO!




Lino Vitti – Diretor Administrativo da  Câmara Aposentado

Há muitos, muitos anos mesmo, estava à espera de uma notícia como a publicada pela “A Tribuna”, em 6/2, do corrente ( e como corre!) ano, onde vem a lume, à curiosidade ledora piracicabana, o nome do historiador prof. Guilherme Vitti, aposentado como Secretário Municipal da Administração; um dos poucos, mas sabidos professores de Latim, ao tempo em que a matéria fazia parte (e com muita propriedade e necessidade) dos currículos escolares ginasiais; articulista na imprensa local; autor de livros históricos em português e em dialeto tirolês; tradutor do Hino de Piracicaba de Newton de Mello para a língua latina e também do livro “Saudade” do grande Thales de Andrade; hoje, aos 86 anos, ainda prestando serviços ao Município, como arquivista e registrador da memória e da vida legislativa da Edilidade piracicabana.
Se o leitor cansou ao ler o parágrafo inicial deste trabalho o fez com justiça, mas deve ficar sabendo que o que ficou escrito nele é um resumo apenas daquilo que na verdade é o professor Guilherme Vitti, podendo pois respirar fundo e informar-se mais que o homenageado desta crônica, não só de irmão para irmão, mas também de cidadão para cidadão, é aposentado como Secretário Municipal da Administração de Piracicaba, cargo que o povo sabe não ser fácil nem moleza, porque Secretariar uma Prefeitura como esta nossa, exige muitos conhecimentos, muito trabalho, muita devoção, muita vontade de ser útil à sociedade com que convive. Registro mais que ao seu tempo, os Cargos de Secretário Municipal eram efetivos, quer dizer, os titulares os exerciam não só para uma administração de quatro anos, como presentemente, mas para administrações sucessivas até a morte ou à aposentadoria.
Se alguém desejar saber se havia qualquer vantagem para a cidade o exercício de cargos efetivos de Secretários Municipais, digo que sim, e muitas. Não só para a comunidade, mas para os próprios prefeitos ou vereadores que assumem as rédeas do poder municipal a cada quatro anos (agora pode ser oito). O povo, cujo ônus do pagamento do servidor municipal lhe cabe por disposição constitucional, teria a serví-lo uma pessoa já plenamente conhecedora dos problemas, dotada de traquejo indispensável no trato da coisa administrativa, portanto com maiores possibilidades de resolver, dada a experiência adquirida, as exigências de uma administração pública.
Até agora não entendo porque essa malfadada política de se trocar, como se troca de camisa, de secretários e diretores, ministros e chefes, assessores e auxiliares, numa parafernália sem fim, mais atrapalhando do que ajudando as administrações públicas, pois é fato incontestável que ninguém pode ser bom servidor público de um dia para outro, e a prática e o passar dos anos confirmam, são as melhores escolas para um perfeito exercício e conhecimento da “res pública”.
Divagamos só para destacar a importância de haver Guilherme Vitti sido Secretário Municipal em caráter permanente, como o era de direito e de justiça, em seu tempo. Talvez, ou certamente por isso, está atualmente respondendo por aquilo que pode ser considerado o passado, a história, a memória de Piracicaba. Muitos, porém, bafejados por pruridos de uma modernidade política e administrativa destruidora da história e do ontem dos povos, mesmo entre nós, esquecem.
Esqueceram, por exemplo, da importância do trabalho, prestado silenciosamente e num dos apertados cubículos do Poder Legislativo, pelo Ex-Secretário, ex-latinista, ex-professor, membro do IHGP, historiador de méritos palpáveis, que com constância, persistência, patriotismo, civismo, e responsabilidade, vem conduzindo o valioso arquivo municipal, encafuado até 1948, nos porões e servindo até de calços para mesas titubeantes dos serviços públicos (livros de Atas e de Registro de Leis), dando-lhe assim vida ao que estava morto, ressuscitando os valores oficiais e históricos, passando conhecimentos do passado às gerações do presente e do futuro.
Este escriba, que não vive só de poesia, mas de tudo quanto cheire a cultura e saber, honra e dignidade, reconhecimento e esperanças, ficou eufórico ao ler na imprensa que o atual Presidente da Câmara Municipal, Vereador António Osvaldo Storel teve a hombridade e felicíssima ideia de levar o Secretário da Cultura do Município, até o cubículo (deveria ser uma sala ampla e arejada) onde Guilherme Vitti, guarda com carinho, registra e passa para o futuro o que de mais importante dispõe um município: o arquivo escrito de sua vida, de suas administrações, e seus feitos, de sua história.
Nota 10, Prefeito, Secretário, Presidente da Câmara, por essa importante e valorizadíssima decisão.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

UM PORTÃO CENTENÁRIO AINDA EM USO

foto:Nikolas Capp
Prof. Guilherme Vitti

O contrato para a construção do portão principal para o cemitério, existente em outros tempos na Praça Tibiriçá, foi assinado em 1862, por Joaquim da Costa, que se comprometera a fazê-lo com grade toda de ferro, dando a obra concluída e assentada no local próprio, com fecho, no prazo de três meses, pelo preço de 370$000, recebendo em meio da obra uma parte caso fosse preciso, e a outra metade na entrega do trabalho, e, para o cumprimento deste contrato, sujeitava sua pessoa e seus bens e, para firmeza de tudo, o mesmo Presidente da Câmara mandou lavrar este termo de contrato, sendo pela mesma Câmara autorizado para o dito firmo Sr. Presidente, de que, para constar lavrei o presente contrato, termo que o mesmo assinou, o contratante, comigo, Francisco Ferraz de Carvalho, Secretário, que o escrevi.
S. R. Correa – Presidente
Joaquim da Costa

Recebeu em 16 de julho de 1862.
Consta, por informações de tradição, que o
portão em referencia é o mesmo que ainda se encontra em funcionamento no Cemitério da Saudade, fronteiriço à Avenida Independência.
Utinam verum sit'

PRÍNCIPE DOS POETAS DE PIRACICABA

CURRICULUM VITAE
( Síntese de Vida)
NOME – Lino Vitti
IDADE – 08/02/1920
ESTADO CIVIL – Casado, em únicas núpcias, há 56 anos, com a Professora Dorayrthes Silber Schmidt Vitti
FILIAÇÃO – José e Angelina Vitti
NATURALIDADE – Piracicaba, Estado de São Paulo –Brasil
Bairro Santana , Distrito de Vila Rezende
VIDA FAMILIAR
Casamento Civil e Religioso em comunhão de bens, Pai de sete filhos: Ângela Antónia, Dorinha Miriam, Rosa Maria, Fabíola , Lina, Rita de Cássia, Eustáquio.
VIDA PROFISSIONAL
Aposentado como Diretor Administrativo da Câmara de Vereadores de Piracicaba, e como Redator do “Jornal de Piracicaba”. Exerceu atividades no comércio, no Magistério, na lavoura até os l3 anos, na municipalidade local, como bibliotecário, lançador de impostos, protocolista, Secretário Municipal.

VIDA CULTURAL
ESCOLA PRIMÁRIA –
Grupo Escolar “Dr. Samuel de Castro Neves”, Santana, seminarista vocacional ao sacerdócio por seis anos, no Colégio Santa Cruz, da cidade de Rio Claro (SP), onde cursou humanidades, línguas, religião, ciências, matemáticas, música.
CURSOS –
Formou-se Técnico em Contabilidade, lecionou latim, francês, datilografia.

VIDA RELIGIOSA
Católico, Apostólico, Romano, fez curso de religião em seminário dos Padres Estigmatinos, foi organista da Catedral e da Igreja de São Benedito, de Piracicaba, e Congregado Mariano.
VIDA LITERÁRIA
Bafejado por ensinamentos de sábios sacerdotes em colégio de formação religiosa, recebeu extraordinário acervo literário que lhe propiciou enveredar pelo caminho da poesia, da crônica, dos contos, do jornalismo, havendo editado de l959 a 200l sete livros de poesias e contos, com edições em milheiros de volumes, os quais estão aí para satisfazer o gosto daqueles que apreciam a arte literária.
São seus livros : “Abre-te, Sésamo”, l959; “Alma Desnuda”, l988; “A Piracicaba, Minha Terra”, l99l; “Sinfonia Poética”, de parceria com o poeta Frei Timóteo de Porangaba; “Plantando Contos, Colhendo Rimas”, l992; “Sonetos Mais Amados”, l996 e “Antes que as Estrelas brilhem”, 200l. O poeta conta ainda com o prazer de haver composto hinos para diversos municípios, bairros rurais, entidades sociais diversas, continuando a colaborar ainda, após os 83 anos em colunas literárias e com artigos de ordem geral em jornais da terra.
Faz parte da Academia Piracicabana de Letras que lhe outorgou o título honorífico de “PRÍNCIPE DOS POETAS DE PIRACICABA’.
Foi-lhe concedida Pelo Município de Piracicaba, através de sua Secretaria da Ação Cultural, a MEDALHA DE MÉRITO CULTURAL, “ Prof. OLÊNIO DE ARRUDA VEIGA’; é detentor do TROFÉU IMPRENSA, concedido pelo Lions Clube de Piracicaba, centro, e da MEDALHA ITALIANA, concedida pelo governo italiano de Benito Mussolini aos alunos de escolas e seminários de origem daquele país que tivessem se destacado em redação de trabalhos literários escritos na língua de Dante.
O Município de Saltinho, para o qual contribuiu com o Hino dessa comunidade municipal , conferiu-lhe o título de “Cidadão Saltinhense”.

DISCURSO

Por ocasião do lançamento do livro de poesias “Antes que as estrelas brilhem “, pelo poeta Lino Vitti foi proferido o seguinte discursos:

Exmo. Sr. Heitor Gauadenci Jr. dd Secretário da Ação Cultural

Exmo. sr. António Osvaldo Storel. dd. Presidente da Câmara de

Vereadores de Piracicaba

Exmo.sr. Moacyr Camponez do Brasil Sobrinho, dd. Presidente do Instituto Histórico e Geográfico

Exmo,. sr. Henrique Cocenza, dd. Presidente da Academia Piracicabana de Letras

Exmo.. Sr. Ésio Pezzato , anfitrião desta solenidade

Senhoras e Senhores

Pela sétima vez (graças a Deus) em minha vida lítero-poética vejo-me guindado a uma tribuna improvisada (o que é bom porque torna o fato mais popular), para proferir um discurso de agradecimento, ao lado da oferta de um novo livro de versos. É teimosia essa de poetas em desovar sua produção para que mais gente participe de suas tiradas, muitas vezes fora de forma e de ambiente, mas que o poeta não vê porque , ao editar um novo livro está cego pela emoção , como se fosse a vez primeira. Está aí o Ésio Pezzato, responsável por mais esta minha invasão no mundo das letras poéticas, para dizer se não é assim. Para dizer se não sofre também dessa doença feliz de editar livros e mais livros a ponto de perder a conta, já que a esta altura ele não sabe se já está no décimo ou décimo primeiro. E ainda continua batendo dedos de métrica, sabemos lá por quantos anos ainda !

Tenho um ex-colega de seminário, prof. Hildebrando André, aposentado como professor universitário e com o qual mantenho longa e pródiga correspondência, que não se cansa de enaltecer a felicidade de Piracicaba contar com tantos poetas e poetisas. Tem razão ele, pois se apenas dois deles já conseguiram editar l8 livros de poesia, imagine-se as centenas que seriam necessárias para dar um pouco de vazão a essa raridade intelectual que toma conta da minha terra!

Este meu livro vem à lume por obra e arte do prefeito José Machado , seu Secretário da Ação Cultural e de seu zeloso servidor Ésio Pezzato que se entusiasmaram diante da recitação de diversos poemas meus por um grupo de jograis, alunos da UNIMEP, e impressionados decidiram patrocinar a publicação deste livro, pois entenderam que Piracicaba poética merecia conhecer em mais profundidade o seu príncipe da poesia. E aí está, lindo e impecável, entregue às mãos do povo de Piracicaba, que indistintamente de cor, estudos, intelectualização , posses financeiras, categoria de trabalho, com religião ou agnóstico, jovem ou adulto, roceiro ou citadino, aí está, para quiçá, momentos de lazer e sonho. Sonho , sim, porque a poesia é terrivelmente sonhativa , vive no mundo da fantasia, alicerça-se nas bases da emoção e brota do âmago mais profundo do poeta, e para que as filhas de Eva não reclamem, da poetisa também.

Alguém me perguntará? Como é ser poeta? Juro, nunca pensei nisso. Acho que ninguém consegue ser poeta. Já é. Nasce feito, como dizem.

não é verdade Maria Cecilia, Ivana Maria, Ésio Pezzato , Prata Gregolim, Marina Rolim, Valter Vitti, Mario Pires, Saconi, e tutti quanti enfeitam com seus lindos versos as páginas do “ Jornal de Piracicaba, ou da “Tribuna Piracicabana , e assim também esse cacho imenso de livros poéticos que quase semanalmente são dados ao conhecimento e sentimento público de nossa terra ? Tornando-se um privilégio de uma cidade, como disse alhures o supra citado meu colega seminarístico Hildebrando André. ?

Não se suponha que para ser poeta é preciso ter nascido em berço de ouro ou em centros intelectuais de enorme repercussão. Nada disso. Tenho um soneto que define bem esse fato. É assim: “Eu não sou o poeta dos salões / de ondeante, basta e negra cabeleira] não me hás de ver nos olhos alusões / de vigílias, de dor e de canseiras. // Não trago o pensamento em convulsões,/ de candentes imagens, a fogueira. / não sou o gênio que talvez supões/ e não levo acadêmica bandeira.// Distribuo os meus versos em moedas/ que pouco a pouco na tua alma hospedas / - raros , como as esmolas de quem passa. / Mas hei de me sentir feliz um dia/ quando vier alguém render-me graça/ por o fazer ricaço de poesia. // “ . Poetas e poetisas saem do nada , devem trazer o selo ou o bilhete de entrada nesse reino encantado desde o útero materno, embora ouse eu afirmar que a vida é também uma grande mestra , as influências da mentalidade circunvizinha,

o próprio meio ambiente, podem , em circunstâncias outras , plasmar um poeta .

Eu fui plasmado , por exemplo, por entre maravilhas campestres. A roça ou o campo são fantásticos criadores de poesia. Ela anda atapetando por todos os cantos a natureza, as gentes, os animais, os atos e fatos. e a cabeça daqueles com quem ela convive. E o poeta, criador por excelência, se abebera de todas as belezas esparsas pelas colinas, serras, vales e descampados , para transformar tudo em versos e rimas, ou em versos simplesmente, onde pululam , como cabritos silvestres, as figuras literárias, os tropos, as sínteses, as comparações, e todos os anseios que lhe vão no imo da alma. Para satisfação própria e para satisfação dos que convivem com o poeta. E´ por isso que se botardes olhos curiosos sobre meus poemas havereis de tropeçar a todo o momento com um motivo roceiro, pois trago uma alma plasmada pelas belezas rurais de Santana, Santa Olímpia , Fazenda Negri, e especialmente por aquela colina encimada ,no cocuruto, pelo prédio do grupo escolar, onde aprendi a ler e escrever e a poetar.

Peço desculpas por haver-me prolongado um pouco nestas elucubrações poéticas, desobedecendo aos conselhos do amigo Ésio que continua exigindo de mim discursos improvisados, o que seria tão para os ouvintes , que ansiosamente aguardam o momento de bater palmas acabando assim com a verborragia oratória.

Não posso entretanto encerrar esta breve alocução sem deixar consignados meus agradecimentos do fundo do coração ao prefeito José Machado ,ao seu Secretário da Ação Cultural Heitor Gaudenci Junior, ao seu sub-secretário poeta Ésio Pezzato, ao prefaciador Moacyr de Oliveira Camponez do Brasil sobrinho, aos queridos opinadores Maria Cecília Bonachella, Maria Ivana França de Negri, exímias poetisas, prof. Elias Salum e a minha filha Universitária Fabíola Vitti Moro, pela maravilhosa capa, Editores e toda equipe de funcionários , à minha esposa pela sugestão transmitida ao prefeito com relação ao advento desta obra, aos digitadores Nair , minha nora e neto Leonardo, e outros que possa ter esquecido, como é fácil em cachola idosa, - meus agradecimentos repito, pela reunião de esforços e trabalho que tornaram possível o advento de mais um livro de minha lavra.

Obrigado “ em geralmente” como dizem nossos cururueiros, aos que ilustraram com sua arte musical esta solenidade e assim também a todos quantos acharam um tempinho para vir prestigiar-me nesta tarefa de cultura e arte. Levem a certeza de que nada mais desejo do que engrandecer com minha poesia a terra que me viu nascer, a terra que me viu crescer, a terra que me proporcionou oportunidade para chegar a um cargo tão nobre quão dignificante de “Príncipe dos Poetas de Piracicaba”

Meu carinhoso obrigado também aos meios de comunicação, de modo especial “Jornal de Piracicaba”, na pessoa de seu Editor Chefe Joacyr Cury , de “A Tribuna Piracicabana”, na de seu diretor Evaldo Vicente, pela divulgação caprichosa deste evento que afinal nada mais é do que mais uma demonstração da exuberância cultural da Noiva da Colina.

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