Lino Vitti - Príncipe dos Poetas Piracicabanos

Lino Vitti - Príncipe dos Poetas Piracicabanos
Lino Vitti- Príncipe dos Poetas Piracicabanos

O Príncipe e sua esposa, professora Dorayrthes S. S. Vitti

Casamento

Casamento

Bodas de Prata

Bodas de Prata

Lino Vitti e seus pais

Lino Vitti e seus pais

Lino Vitti e seus vários livros

Lino Vitti e seus vários livros
Lino Vitti e seus vários livros

Bisneta Alice

Bisneta Alice
BISNETA ALICE

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O Príncipe agradece a visita e os comentários

60 anos de Poesia


sexta-feira, 30 de março de 2012

OS TURMEIROS E SEU TRABALHO


LinoVitti
(Ao vir da safra canavieira, em diversos pontos do
território municipal, turmas imensas de trabalhadores nas
lavouras de cana, dirigem-se aos pontos de tarefa diária,
sobraçando podões e marmitas)

Apenas a manhã desfralda a luz da aurora
e o cósmico romper do dia se alcandora
com o sol a sorrir por sobre os canaviais,
eis turmeiros em bando a partir para o corte
tentando em dura liça harmonizar a sorte,
tentando minorar agruras ancestrais.

São dezenas, centenas – hordas belas –
enfrentando as soalheiras e as procelas,
às vezes vendavais ou o frio hibernal.
Deixando antemanhã: as mães, pequenos filhos;
os jovens, velhos pais... lá vão seguindo os trilhos
que os levam a alcançar o velho canavial.

Vão felizes? Talvez! Atroz esse destino
que conduz a mulher, o homem forte, o menino
em busca de um dorido e triste ganha-pão!
Não importa porém, ao vir da bruta safra
mais felizes quiçá que os míseros de Biafra
se lhes abra uma luz em meio a escuridão.

O pobre instrumental dessa tremenda luta,
nesse ofegar de sol a sol, alma impoluta
é o valente podão a balouçar no cós.
E mais pobre é o comer; magra e fria marmita
para matar da fome, enorme e atra desdita
que vegasta o turmeiro igual leão feroz.

Podão, santo instrumento! Atávico instrumento
em porfia sem fim contra o adarve incruento
sem descanso a fulgir sob os raios do sol.
Seguindo passo a passo a queimada bravia,
os talhões conquistando em nobre teimosia
e a deixar para trás da palhaça o lençol.

Como exército avança a vaga dos turmeiros,
são soldados, são mais, são valentes guerreiros
em marcha ingente contra o rude canavial.
Faces que de manhã eram alvas e belas
são, ao entardecer, todas negras donzelas
de fumo e de carvão estranho festival.

As bagas de suor escorrem pelo rosto
de sob o chapeirão em viés e decomposto,
figura fantasmal de riqueza e valor.
O valor dessa gente é imenso e inarredável
seu trabalho um tesouro enorme e inatacável
e a roça é um altar onde se reza o amor.

Em meio à fumarada o incêndio chora e lavra,
mal se côa uma voz, mal se ouve uma palavra,
faiscam os podões da fogueira ao fragor.
Sobe e desce; outra vez sobe e desce o instrumento,
O eito tombando vai, em fogo e sofrimento,
sob o facão cortante ao último estertor.

Montões, montões, montões de caninhas tostadas
vão cobrindo o lençol das cínicas queimadas,
roncando os caminhões ciclópicos, a urrar.
Tão alto as cargas vão, tão volumosas são
que se tem a engraçada e tétrica ilusão
que as colinas da terra estão a transportar.

Formigam de cá e lá em meio dos destroços
fantasmas colossais como pisando em ossos
do adusto canavial que o incêndio ao chão deitou.
É um cemitério negro, um campo de batalha,
que a cinza recobriu sob fatal mortalha
gulosamente após por onde ele passou.

E dentro da fornalha as máquinas possantes
assumem o papel de míticos gigantes
em seus braços a erguer toneladas do chão.
E diante desse quadro o homem se apequena,
Nada mais que pigmeu que, pobre, contracena
contra a força brutal dessa competição.

E essa parafernália em que o turmeiro luta,
essa imensa e feral e crítica disputa,
entre a terra e o podão, entre o fumo e o suor,
lá se vai transportada, como se nada fosse,
para virar garapa, açúcar, mel e doce,
combustível talvez, talvez coisa melhor.

Fauce descomunal a usina aguarda além
todo aquele alimento amarrado que vem
das distâncias sem fim do imenso canavial.
E mastiga, mastiga a bocarra gulosa,
dia e noite mastiga em refeição monstruosa,
gastronômico pão de estranho festival.

Esguicha em gorgolões dulcífera a garapa
que aos grandes borbotões em subsequente etapa
os tachos a ferver atopetando vai.
Fuma a usina a chiar por todos os recantos,
o espetáculo é belo e as chaminés em prantos
parecem balouçar na altura cai-não-cai.

E num jorro infernal o açúcar reborbulha
e em toneladas vai locupletando a tulha
onde dorme o branco ouro em berço singular.
Depois segue feliz correndo o mundo inteiro
levando no seu bojo o labor do turmeiro,
sua luta, seu sonho, a saudade dum lar.

Suor, lágrimas, sangue atrás foram ficando
para em seguida se irem transformando
nessa brancura alvar que em açúcar se fez.
E a vida do turmeiro a mim mais se parece
como um rosário triste em solitária prece,
como uma longa história a dizer era-uma-vez.

quarta-feira, 28 de março de 2012

HÁ MAIS DE 70 ANOS



Lino Vitti


Não sou de guardar o que tenho escrito em jornais, revistas, folhetos ou coisas que tais. Às vezes, porém, ou por acaso ou por descuido, no fundo de uma gaveta, mexida extemporaneamente, surge um papel já amarelecido e nele um escrito que pode ser um artigo, uma crônica, um soneto, um poema. E a curiosidade que é invencível em todo o ser humano, lá vai fuçar e o poeta encontra sempre um soneto que relê e até acha que não é de sua autoria. E nesta minha última aventura arquivológica, não mais na gaveta tradicional, mas no bojo deste saco de antiguidades eletrônicas, o senhor computador, esbarrei com este saudoso poema, escrito em 1926, quando voluntariamente aprisionado em seminário religioso, onde, por cúmulo, era proibido poetar. Vejam os leitores a curiosidade e deduzam se já Lino Vitti se fazia ou não digno a ser candidato ao principado dos poetas piracicabanos.

A CRUZ
Lino Vitti
(Seminarista -1936 –l6 anos de idade)
Bendita cruz, sagrado lenho,
Onde expirara o Salvador,
A ti agora em mente tenho
Pois tu és santo, és todo amor.

Desejo amar-te e a ti venho
Com humildes preces ao Senhor,
Porque O ostentas em teu lenho,
Porque Ele amou, por nós, a dor.

Tu és, ó Cruz, sinal de vida,
A nós dás força em toda lida,
Firma do Céu, da Salvação.

Do Santo Deus és o estandarte
Por isso mais eu quero amar-te,
Até ao Céu – na eterna mansão.

O tempo, inexorável, passa. As crianças ficam jovens, os jovens amadurecem, os homens maduros ficam velhos, e os velhos, que passarem da velhice, ficam macróbios. “C`est la vie” dizem os parisienses. Grande coisa digo eu, pois só pode ser a vida essa fugacidade que relam
peja apenas na volada dos tempos, rumo da eternidade.
Fui menino-caipira da roça, fui candidato ao sacerdócio, fui servidor municipal, fui redator do Jornal de PIRACICABA, escrevo para a imprensa de quando em quando, colaboro semanalmente no jornal sócio-cristão Folha Cidade, e graças a Deus, aos 91 anos e pico, ainda amolo os leitores com minhas tiradas articulísticas e fico a relembrar o que já se foi há mais de 70 anos .
A inexorabilidade é prõpria do passar do tempo . Não há força, não há artifício, não há possibilidade nenhuma de se detê-lo. È uma prisão que caminha e nos leva dentro de suas grades, até que Deus decida, em sua infinita sabedoria e justiça, abrir as portas para a eternidade. Muitos sabem aproveitar bem o tempo e com isso faturam juros para a vida eterna; há outros que ignoram o tempo e quando o procuram ele já se foi, já está perdido e irrecuperável.
“Naquele tempo”é uma expressão usada no inicio dos Evangelhos cristãos, para definir uma data incógnita, mas uma realidade acontecida e que o tempo leva pelos séculos afora, porque os séculos são o tempo que caminha inexoravelmente.

segunda-feira, 26 de março de 2012

A BUSCA



Lino Vitti

Vestido de luar qual louco seresteiro,
dentro da noite hostil de estrelas formigante,
fui, tolo, procurar qual faz o mundo inteiro
essa estulta, e fatal, e estrambótica amante.

Essa que ando a buscar , intento derradeiro,
passo a passo a chorar, em pranto delirante,
felicidade a chamo, e, para a ver me esgueiro
por meandros e mainéis, atrás da sombra errante.

Dizem os que passar me vêem: “ pobre poeta,
tresloucado viajor sem rumo e sem destino,
cuja sombra o luar feio no chão projeta.

Buscar felicidade?! É o sumo desatino!...
Verdade, amigos meus, mas para ser completa
além de humano ser, preciso ser divino!

sábado, 24 de março de 2012

Viver...Sonhar...


Lino Vitti

Viver é belo enquanto apenas sonho,
é belo o sonho enquanto sonho apenas.
Vai a vida a voar como as falenas,
queima-se tonta num fulgor tristonho.

A sonhar meu viver inteiro ponho,
a catar sonhos ergo mil antenas.
Perco-me a ouvir estranhas cantilenas
no meio deste báratro medonho.

Vivo, mas vivo o quê, à vida indago?
E mergulho profundo nesse lago
de fantasia inútil de sonhar.

Viver, sonhar, são ambos traidores,
semeiam pranto, amadurecem dores,
não me ensinaram nunca o verbo amar.

sexta-feira, 23 de março de 2012

SER PRÍNCIPE... DOS POETAS

"O bisavô e eu" (desenho da bisneta Alice)

Lino Vitti

São Paulo tem o seu príncipe dos poetas: Guilherme de Almeida. O Brasil tem seu príncipe dos poetas: Olavo Bilac. Piracicaba, (que não aprecia nada em ficar atrás) através de sua Academia de Letras, têm também seu príncipe dos poetas.
E a que vem esse título honroso e cobiçado? Quem faz jus a ser príncipe dessa maravilhosa invenção humano-literária a que chamam, desde os primórdios, desde Davi, passando por Homero, Camões, Bilac.chegando a Francisco Lagreca, Marina Tricânico, Newton de Mello, Elias de Mello Ayres, resvalando pelo grande Gustavo Teixeira, “ a que chamam”, repito, Poesia? Ora, é aquele que vive a poesia, compõe a poesia, divulga a poesia, enriquece a pátria de poesia: simplesmente, o Poeta.
Dizem que o poeta nasce já poeta. Discordo, pois sou poeta e sei que na infância roceira nunca me passou pela cabeça ser o que sou hoje – príncipe dos poetas piracicabanos. Quando muito meus contatos com a poesia era recitar versos nas festas escolares de fim de ano. No seminário em que passei muitos anos estudando e buscando uma vocação, era proibido poetar, Portanto a poesia, em minha vida chegou depois dos l8 ou 20 anos e, graças a Deus perdurou até hoje quando dou os últimos passos para chegar à feliz idade dos 90 anos…
Na vida mora a poesia permanentemente. No ser humano, ela habita a alma, o coração, E quando alma e coração divisam-na em tudo e por tudo, na paisagem, no céu, nas noites estreladas ou de luar, no despontar e no descambar do sol, no afagar das brisas ou no corcovear do tufão, no amor e na justiça, na oração e no afeto, a alma e o coração se entregam ao doce mister de transformar tudo em estrofes, em rimas, em poemas ritmados, em hinos e canções. O poeta vê, gosta, transforma a aridez de uma página de prosa, em candente poema. E nele coloca a beleza dos tropos, o encanto das figuras literárias, muito de sonho e felicidade, empresta de Deus umas pitadas de divindade e aí surge ela, linda, gloriosa, imensa, genial. Surge a poesia.
Muitas vezes já transmiti ao meu, diria, reduzido número de leitores, a importante, valiosa e verdadeira opinião de um professor universitário, enaltecendo o apoio dos nossos diários à poesia, reservando-lhe uma página ou meia página, ou um pedaço de página que seja, para divulgá-la e dar oportunidade a que todos (e quantos !!!) os poetas piracicabanos extravasem sua poesia e a comuniquem aos conterrâneos. É verdade porque a imprensa sabe o quanto a poesia é amada, cultivada, produzida, divulgada e com que prazer e feliz curiosidade os leitores a buscam e apreciam. E não muitas as cidades que têm essa ventura literária.
A poesia é o reino da beleza, da arte, do encanto, dos sonhos e do amor. Ser príncipe desse reinado é algo extraordinário que chegou até mim que, cainhamente, o guardo a sete chaves de ouro pois o considero um tesouro ganho graças à minha longa e feliz dedicação à poesia piracicabana. Que não é pouca coisa!

quarta-feira, 21 de março de 2012

A GRANDE MENTIRA



Lino Vitti

Não é mais o viver que seguir por atalho
desafiando a dor, em dores se estorcendo,
muitas vezes ao lado humanas feras vendo,
outras muitas, do amor, famélico espantalho.

Vai conosco um fantasma, esquálido e tremendo,
castigo do pecado – o peso do trabalho.
O homem labuta em vão, demais pesa-lhe o malho,
de mentira em mentira a gente vai morrendo.

Estúpida ilusão, nela se engolfa o homem,
fatídica e falaz foge a felicidade
enquanto a humanidade engrandece o abdomem.

Queimam-se sonhos mil ao longo do caminho,
vai-se a vida em fumaça e no altar da vaidade
a humanidade reza e endeusa o que é mesquinho.

terça-feira, 20 de março de 2012

IMORTALIZANDO OS ANIMAIS*

*texto publicado originalmente no Jornal de Piracicaba por ocasião do lançamento do livro "Izabella, uma gata que pensa que é gente"
Ivana e Izabella


               Pena que se chegue ao ocaso da vida! Em geral a criatura humana atinge idade avançada, feliz por haver conhecido um mundo maravilhoso e convivido com pessoas não menos maravilhosas, entretanto um tanto triste por não ter a possibilidade de se eternizar, embora o  que para muitos não seria conveniente nem suportável. Bem que se gostaria de dispensar o rito final da vida segundo o qual vai-se a um passeio eterno sem retorno, enquanto cá na terra voltará ao pó, de que é feito o homem.
            O introdutório é um tanto melancólico, eu reconheço, mas o objetivo desta leve crônica é discorrer aqui sobre um acontecimento novo dos tempos modernos. Li-o numa das páginas de “O Estado”, edição de 24, véspera de Natal. Infere-se da notícia o amor que se dedica humanamente a animais, especialmente domésticos, como vem pregando continuadamente a nossa poetisa e feliz articulista Ivana Maria França de Negri, diretora,  por todos os méritos,  da Associação Protetora dos Animais, cuja brilhante capacidade de escritora se compraz em escrever e divulgar tudo quanto diga respeito à dedicação humana, ao carinho e ao amor aos nossos irmãos (São Francisco assim o dizia) animais.
            O acontecimento, quer você saber? É aquele em que uma senhora, - Julie, doTexas -  possuía um gatinho estimadíssimo e que a morte um dia lhe roubou. Inconformada porém pela perda da sua preciosidade felina, tentou reviver, pela clonagem, o seu querido animal. E deu certo. Conseguiu a ciência restabelecer, ipsis corporibus, o amado gatinho. E jura e comprova por sinais, gestos, e manifestações que ao modelo anterior pertenciam,  tratar-se do mesmo bichinho com que convivera muitos e muitos anos. É uma ressurreição! Um milagre da ciência!
            Aliás ao mencionar o espantoso feito da ciência, aproveito a oportunidade para manifestar-me aqui, sobre o “milagre” de que nos dá conta  Ivana M. F. de Negri, relatado  nas páginas lindas de seu livreto “IZABELLA” – uma gata que pensa que é gente”, há pouco distribuído para o círculo de amigos, amigas, e cultores da vida animal, como só ela sabe cultivar e defender.
            E ao ler a história da “IZABELLA” é possível e mais fácil compreender a alegria e insistência daquela senhora que procurou “reaver” o seu gatinho desaparecido, através dos avanços da ciência. É sem dúvida o grande sentimento que se chama amor.

domingo, 18 de março de 2012

PERDULÁRIO



Lino Vitti

Gastei meus dias a buscar no sonho
a razão de viver , inutilmente.
O resultado foi: sofrer medonho,
desilusão atroz e persistente.

Foi esse: de falar continuamente
da tristeza nos versos que componho..
Foi esse : de possuir alma que sente
toda a ausência daquilo que é risonho.

Mas não importa. Se você for moço
e sentir dentro em si, mesmo em esboço,
os afagos de um sonho belo e doce,

vá, malbarate os dias na quimera
como se fosse sempre primavera,
como se a vida um longo sonho fosse.

quarta-feira, 14 de março de 2012

DIA DA POESIA

POESIA
Lino Vitti
(Príncipe dos Poetas Piracicabanos)


De onde vens, Poesia, e para onde tu vais?
Que caminhos de luz são esses em que trilhas?
Acaso és dona tu de tantas maravilhas,
Acaso amas, também, os míseros mortais?

As virtudes do amor são todas tuas filhas?
Sois todos filhos dela oh! vós que tanto amais?
Onde moras , Poesia, em que céus abissais?
Por que és tão bela assim e por que tanto brilhas?

O mundo te pertence, a vida é tua amiga,
O poeta te encontra, o poeta te adora,
Falas linguagem nova e linguagem antiga.

Muita gente contigo, em sonhos, canta e chora...
Muitos chamam-te Amor...Que o mundo te bendiga,
Neste dia feliz,em que te comemora.

segunda-feira, 12 de março de 2012

BENDITA ENTRE TODAS ...*



Lino Vitti

“Benedicta tu in mulieribus, et benedictus fructus ventris tui…”,são palavras evangélicas,brotadas da boca de um anjo, ao saudar a Virgem Maria, no momento da anunciação da vinda de Cristo ao mundo”...Bendita és tu entre todas as mulheres, e bendito o menino do teu ventre...
Maria, virgem antes, durante e depois do parto, é a mulher por excelência, pois foi em seu seio que se abrigou o Menino Deus para vir do Céu e permanecer 33 anos na Terra, com a sublime missão de salvar a humanidade da condenação eterna do pecado de nossos Pais Adão e Eva. É a mulher divina e humana, mãe de Deus, e consagrada pela devoção popular e religiosa, mãe dos homens. O que é muito bom pois temos uma mãe no Céu que com certeza olhará e protegerá seus filhos que caminham pelas estradas pedregosas da vida, lhes apontará a direção de uma feliz eternidade em companhia da Trindade Divina e de todas aquelas almas que viveram por merecer a felicidade celestial eterna.
É a mulher do Céu, espelho para aquelas suas companheiras da Terra, uma luz a iluminar as mães terrenas, a apontar o caminho do amor e da fé, àquelas que aceitam, amam e desejam ser também mães neste mundo, criado para ser do Homem e da Mulher, como senda da felicidade de conquistar o descanso eterno, ao final de todo o trabalho que cada mãe, sem dúvida, deve cumprir para a sua missão de companheira da Mãe Celestial.
Mulher é colaboradora de Deus na criação e povoação da humanidade, pois de Deus ganhou o dom de dar vida a novos seres humanos, amá-los, ensiná-los, encaminhá-los, conhecerem a Fé em a Deus e seguirem o caminha certo da salvação eterna.
A mulher, quer mãe ou não, deve ser amada, deve ser considerada colaboradora de Deus, dona da vida de seus filhos (as) ou imitadora da virgindade de Maria, segundo cumprir o destino divino a ela conferido e dela abençoado pela própria Mãe de Cristo-Deus, descido na noite de Natal para salvar a humanidade.
Rezemos: “Ave Maria, cheia de graça, o Senhor é convosco, bendita sois Vós entre as mulheres e Benedito é o fruto do Teu ventre, Jesus. – Santa Maria Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém”.

*Texto originalmente publicado do semanário piracicabano "FOLHA CIDADE"

quarta-feira, 7 de março de 2012

POLENTA COM LEITE


Lino Vitti

Quem diria que aos quase 92 anos de minha cara existência - cara, feliz, longa e amadíssima – iria encontrar um livro ( ou melhor alguém escreveria) um livro sobre o que foi a razão de meu viver: POLENTA COM LEITE?
É, está aí para quem quiser ler, originário da inteligência rara de Maria Helena Coelho Lastória, que colocou em letra de forma aquilo com que minha saudosa e pródiga mãe Angelina, cuidou dos seus 12 filhos (as), prodigalizando-lhes como primeira e substancial refeição do dia, exatamente nada mais, nada menos, do que “A polenta com leite”.
Gente da roça (este foi meu berço muito amado e hoje saudoso) madruga, pois os animais caseiros, vacas, burros, bezerros, e as aves criadas – galinhas, vacas, cabras, pintainhos, frangos, patos e às vezes perus – exigiam e exigem milho,quirera, capim, logo ao espontar do sol, por isso o tradicional costume de a gente da roça levantar muito cedo, mesmo que o frio, como o deste inverno, judie do corpo e aborreça a alma.
O primeiro trabalho de minha prezadíssima mãe era mungir as vacas para o leite e polenta da filharada que aguardava, esquentando os pés, sentada próxima ao fogão de lenha a crepitar sob a chapa de ferro tradicional, cujo calor era aproveitado para “brustolar” (assar) a polenta cortada em fatias e distribuída igualmente a cada um para evitar naturais contendas entre irmãos (ãs).
A primeira refeição era deliciosa, pois a fome passeava intensamente pelos estômagos infantis, satisfeita a qual, cada um partia para seus “afazeres”; lição da escola, preparativos para a aula no grupo escolar próximo ou, para algum malandrinho - fujão escolar - ir ao mato armar arapucas ou estilingar os coitados dos passarinhos cantores.
A polenta com leite, minha cara autora , é realmente (era mesmo), um alimento que propicia sustento infalível e com ele as crianças da roça cresciam fortes e coradas .
O seu livro deve fazer um feliz sucesso pois são inúmeros aqueles que, na infância longínqua, tiveram a felicidade de ter, como primeira refeição matinal o famoso “Polenta com Leite!.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Manhã Piracicabana

(foto Ivana Negri)




 Lino Vitti

Quando o dia desperta nestas bandas
um dilúvio de luz do céu desaba.
E tufos de neblina – velas pandas –
velejam , manso, no Piracicaba.
O bom dia do sol é generoso,
sorridente e repleto de beleza.
Grande e sincero como de um esposo
que esposo é o sol da noiva natureza.
E há casamento. A “Noiva da Colina”
vai ao salto buscar o branco véu.
Por altar – o cenário; música – em surdina.
Dizem o sim... e o sol entre a neblina
arcoiriza a aliança enviada lá do céu.
Os pássaros flauteiam, festejando,
aqui, ali, por bosques e pomares,
numa delícia matinal e incauta.
Não sei, talvez esteja eu delirando,
mas parece-me ouvir subindo aos ares
o Erotides de Campos em sua flauta.
É a impressão caprichosa que provocam
estas manhãs da minha terra artista
que é quando a natureza e o azul se tocam
num grande e delicioso amplexo egoísta.
Os canaviais farfalham “piano”, “ piano”
com milhões de violinos quando a brisa
levemente a fugir roça e desliza
por sobre o louro oceano.
Depois vem o tumulto das calçadas
com as suas pupilas indiscretas,
surpreender o festim do amanhecer
e espantar as visões mal debuxadas
da fantasia vidente dos poetas
que se ergueram do leito bem de madrugada
só para ver.
E a cidade se anima, e, desperta a cidade,
o comércio se agita, sol em profusão.
Às vezes, um avião demanda a imensidade.
E eu coloco a minha alma a bordo desse avião
para que vá, num surto de ansiedade,
beber toda a poesia da amplidão..

PRÍNCIPE DOS POETAS DE PIRACICABA

CURRICULUM VITAE
( Síntese de Vida)
NOME – Lino Vitti
IDADE – 08/02/1920
ESTADO CIVIL – Casado, em únicas núpcias, há 56 anos, com a Professora Dorayrthes Silber Schmidt Vitti
FILIAÇÃO – José e Angelina Vitti
NATURALIDADE – Piracicaba, Estado de São Paulo –Brasil
Bairro Santana , Distrito de Vila Rezende
VIDA FAMILIAR
Casamento Civil e Religioso em comunhão de bens, Pai de sete filhos: Ângela Antónia, Dorinha Miriam, Rosa Maria, Fabíola , Lina, Rita de Cássia, Eustáquio.
VIDA PROFISSIONAL
Aposentado como Diretor Administrativo da Câmara de Vereadores de Piracicaba, e como Redator do “Jornal de Piracicaba”. Exerceu atividades no comércio, no Magistério, na lavoura até os l3 anos, na municipalidade local, como bibliotecário, lançador de impostos, protocolista, Secretário Municipal.

VIDA CULTURAL
ESCOLA PRIMÁRIA –
Grupo Escolar “Dr. Samuel de Castro Neves”, Santana, seminarista vocacional ao sacerdócio por seis anos, no Colégio Santa Cruz, da cidade de Rio Claro (SP), onde cursou humanidades, línguas, religião, ciências, matemáticas, música.
CURSOS –
Formou-se Técnico em Contabilidade, lecionou latim, francês, datilografia.

VIDA RELIGIOSA
Católico, Apostólico, Romano, fez curso de religião em seminário dos Padres Estigmatinos, foi organista da Catedral e da Igreja de São Benedito, de Piracicaba, e Congregado Mariano.
VIDA LITERÁRIA
Bafejado por ensinamentos de sábios sacerdotes em colégio de formação religiosa, recebeu extraordinário acervo literário que lhe propiciou enveredar pelo caminho da poesia, da crônica, dos contos, do jornalismo, havendo editado de l959 a 200l sete livros de poesias e contos, com edições em milheiros de volumes, os quais estão aí para satisfazer o gosto daqueles que apreciam a arte literária.
São seus livros : “Abre-te, Sésamo”, l959; “Alma Desnuda”, l988; “A Piracicaba, Minha Terra”, l99l; “Sinfonia Poética”, de parceria com o poeta Frei Timóteo de Porangaba; “Plantando Contos, Colhendo Rimas”, l992; “Sonetos Mais Amados”, l996 e “Antes que as Estrelas brilhem”, 200l. O poeta conta ainda com o prazer de haver composto hinos para diversos municípios, bairros rurais, entidades sociais diversas, continuando a colaborar ainda, após os 83 anos em colunas literárias e com artigos de ordem geral em jornais da terra.
Faz parte da Academia Piracicabana de Letras que lhe outorgou o título honorífico de “PRÍNCIPE DOS POETAS DE PIRACICABA’.
Foi-lhe concedida Pelo Município de Piracicaba, através de sua Secretaria da Ação Cultural, a MEDALHA DE MÉRITO CULTURAL, “ Prof. OLÊNIO DE ARRUDA VEIGA’; é detentor do TROFÉU IMPRENSA, concedido pelo Lions Clube de Piracicaba, centro, e da MEDALHA ITALIANA, concedida pelo governo italiano de Benito Mussolini aos alunos de escolas e seminários de origem daquele país que tivessem se destacado em redação de trabalhos literários escritos na língua de Dante.
O Município de Saltinho, para o qual contribuiu com o Hino dessa comunidade municipal , conferiu-lhe o título de “Cidadão Saltinhense”.

DISCURSO

Por ocasião do lançamento do livro de poesias “Antes que as estrelas brilhem “, pelo poeta Lino Vitti foi proferido o seguinte discursos:

Exmo. Sr. Heitor Gauadenci Jr. dd Secretário da Ação Cultural

Exmo. sr. António Osvaldo Storel. dd. Presidente da Câmara de

Vereadores de Piracicaba

Exmo.sr. Moacyr Camponez do Brasil Sobrinho, dd. Presidente do Instituto Histórico e Geográfico

Exmo,. sr. Henrique Cocenza, dd. Presidente da Academia Piracicabana de Letras

Exmo.. Sr. Ésio Pezzato , anfitrião desta solenidade

Senhoras e Senhores

Pela sétima vez (graças a Deus) em minha vida lítero-poética vejo-me guindado a uma tribuna improvisada (o que é bom porque torna o fato mais popular), para proferir um discurso de agradecimento, ao lado da oferta de um novo livro de versos. É teimosia essa de poetas em desovar sua produção para que mais gente participe de suas tiradas, muitas vezes fora de forma e de ambiente, mas que o poeta não vê porque , ao editar um novo livro está cego pela emoção , como se fosse a vez primeira. Está aí o Ésio Pezzato, responsável por mais esta minha invasão no mundo das letras poéticas, para dizer se não é assim. Para dizer se não sofre também dessa doença feliz de editar livros e mais livros a ponto de perder a conta, já que a esta altura ele não sabe se já está no décimo ou décimo primeiro. E ainda continua batendo dedos de métrica, sabemos lá por quantos anos ainda !

Tenho um ex-colega de seminário, prof. Hildebrando André, aposentado como professor universitário e com o qual mantenho longa e pródiga correspondência, que não se cansa de enaltecer a felicidade de Piracicaba contar com tantos poetas e poetisas. Tem razão ele, pois se apenas dois deles já conseguiram editar l8 livros de poesia, imagine-se as centenas que seriam necessárias para dar um pouco de vazão a essa raridade intelectual que toma conta da minha terra!

Este meu livro vem à lume por obra e arte do prefeito José Machado , seu Secretário da Ação Cultural e de seu zeloso servidor Ésio Pezzato que se entusiasmaram diante da recitação de diversos poemas meus por um grupo de jograis, alunos da UNIMEP, e impressionados decidiram patrocinar a publicação deste livro, pois entenderam que Piracicaba poética merecia conhecer em mais profundidade o seu príncipe da poesia. E aí está, lindo e impecável, entregue às mãos do povo de Piracicaba, que indistintamente de cor, estudos, intelectualização , posses financeiras, categoria de trabalho, com religião ou agnóstico, jovem ou adulto, roceiro ou citadino, aí está, para quiçá, momentos de lazer e sonho. Sonho , sim, porque a poesia é terrivelmente sonhativa , vive no mundo da fantasia, alicerça-se nas bases da emoção e brota do âmago mais profundo do poeta, e para que as filhas de Eva não reclamem, da poetisa também.

Alguém me perguntará? Como é ser poeta? Juro, nunca pensei nisso. Acho que ninguém consegue ser poeta. Já é. Nasce feito, como dizem.

não é verdade Maria Cecilia, Ivana Maria, Ésio Pezzato , Prata Gregolim, Marina Rolim, Valter Vitti, Mario Pires, Saconi, e tutti quanti enfeitam com seus lindos versos as páginas do “ Jornal de Piracicaba, ou da “Tribuna Piracicabana , e assim também esse cacho imenso de livros poéticos que quase semanalmente são dados ao conhecimento e sentimento público de nossa terra ? Tornando-se um privilégio de uma cidade, como disse alhures o supra citado meu colega seminarístico Hildebrando André. ?

Não se suponha que para ser poeta é preciso ter nascido em berço de ouro ou em centros intelectuais de enorme repercussão. Nada disso. Tenho um soneto que define bem esse fato. É assim: “Eu não sou o poeta dos salões / de ondeante, basta e negra cabeleira] não me hás de ver nos olhos alusões / de vigílias, de dor e de canseiras. // Não trago o pensamento em convulsões,/ de candentes imagens, a fogueira. / não sou o gênio que talvez supões/ e não levo acadêmica bandeira.// Distribuo os meus versos em moedas/ que pouco a pouco na tua alma hospedas / - raros , como as esmolas de quem passa. / Mas hei de me sentir feliz um dia/ quando vier alguém render-me graça/ por o fazer ricaço de poesia. // “ . Poetas e poetisas saem do nada , devem trazer o selo ou o bilhete de entrada nesse reino encantado desde o útero materno, embora ouse eu afirmar que a vida é também uma grande mestra , as influências da mentalidade circunvizinha,

o próprio meio ambiente, podem , em circunstâncias outras , plasmar um poeta .

Eu fui plasmado , por exemplo, por entre maravilhas campestres. A roça ou o campo são fantásticos criadores de poesia. Ela anda atapetando por todos os cantos a natureza, as gentes, os animais, os atos e fatos. e a cabeça daqueles com quem ela convive. E o poeta, criador por excelência, se abebera de todas as belezas esparsas pelas colinas, serras, vales e descampados , para transformar tudo em versos e rimas, ou em versos simplesmente, onde pululam , como cabritos silvestres, as figuras literárias, os tropos, as sínteses, as comparações, e todos os anseios que lhe vão no imo da alma. Para satisfação própria e para satisfação dos que convivem com o poeta. E´ por isso que se botardes olhos curiosos sobre meus poemas havereis de tropeçar a todo o momento com um motivo roceiro, pois trago uma alma plasmada pelas belezas rurais de Santana, Santa Olímpia , Fazenda Negri, e especialmente por aquela colina encimada ,no cocuruto, pelo prédio do grupo escolar, onde aprendi a ler e escrever e a poetar.

Peço desculpas por haver-me prolongado um pouco nestas elucubrações poéticas, desobedecendo aos conselhos do amigo Ésio que continua exigindo de mim discursos improvisados, o que seria tão para os ouvintes , que ansiosamente aguardam o momento de bater palmas acabando assim com a verborragia oratória.

Não posso entretanto encerrar esta breve alocução sem deixar consignados meus agradecimentos do fundo do coração ao prefeito José Machado ,ao seu Secretário da Ação Cultural Heitor Gaudenci Junior, ao seu sub-secretário poeta Ésio Pezzato, ao prefaciador Moacyr de Oliveira Camponez do Brasil sobrinho, aos queridos opinadores Maria Cecília Bonachella, Maria Ivana França de Negri, exímias poetisas, prof. Elias Salum e a minha filha Universitária Fabíola Vitti Moro, pela maravilhosa capa, Editores e toda equipe de funcionários , à minha esposa pela sugestão transmitida ao prefeito com relação ao advento desta obra, aos digitadores Nair , minha nora e neto Leonardo, e outros que possa ter esquecido, como é fácil em cachola idosa, - meus agradecimentos repito, pela reunião de esforços e trabalho que tornaram possível o advento de mais um livro de minha lavra.

Obrigado “ em geralmente” como dizem nossos cururueiros, aos que ilustraram com sua arte musical esta solenidade e assim também a todos quantos acharam um tempinho para vir prestigiar-me nesta tarefa de cultura e arte. Levem a certeza de que nada mais desejo do que engrandecer com minha poesia a terra que me viu nascer, a terra que me viu crescer, a terra que me proporcionou oportunidade para chegar a um cargo tão nobre quão dignificante de “Príncipe dos Poetas de Piracicaba”

Meu carinhoso obrigado também aos meios de comunicação, de modo especial “Jornal de Piracicaba”, na pessoa de seu Editor Chefe Joacyr Cury , de “A Tribuna Piracicabana”, na de seu diretor Evaldo Vicente, pela divulgação caprichosa deste evento que afinal nada mais é do que mais uma demonstração da exuberância cultural da Noiva da Colina.

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