Lino Vitti - Príncipe dos Poetas Piracicabanos

Lino Vitti - Príncipe dos Poetas Piracicabanos
Lino Vitti- Príncipe dos Poetas Piracicabanos

O Príncipe e sua esposa, professora Dorayrthes S. S. Vitti

Casamento

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Bodas de Prata

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Lino Vitti e seus pais

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Lino Vitti e seus vários livros

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Bisneta Alice

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BISNETA ALICE

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O Príncipe agradece a visita e os comentários

60 anos de Poesia


terça-feira, 30 de junho de 2015

POR QUE TEMER?



Lino Vitti

Cristo, antes de subir para o Calvário,
Agonizou no horto, em sangue e dores.
Jardim das Oliveiras, santuário,
Grandioso templo para os sofredores!

Getsêmani. . . Que tétrico cenário
Na antevisão de angústias e de horrores!
E a subida, depois, como um rosário
De sofrimentos glorificadores!

Ele era Cristo. E nós, nós também temos
Um Gólgota a escalar. . . Pedras de ponta
Vão juncando o caminho que fazemos.

Pois se Ele teve um horto e tanta afronta,
Por que nosso Getsêmani tememos,
E uma pequena cruz nos amedronta

quarta-feira, 24 de junho de 2015

O JOÃO BAIANO


Lino Vitti

Quando eu era pequeno
Tinha um medo louco do João Baiano.
Aquele negro que andava de alpargatas
E um facão pendendo da cintura.
(Um facão descomunal!)
E nas noites escuras afundado no leito
A minha fantasia de criança
Ideava-o um gigante ressurgido
De enorme compostura
E corpo colossal,
Que tivesse saído dos recônditos da mata.
Mas o João Baiano era bom.
Negro velho dos tempos do Brasil- Colônia,
Do Brasil-Pequeno, do Brasil-Menino,
Tinha, no rosto, a paciência dos escravos;
Na estatura, a rijeza dos robustos;
Nas cicatrizes, as vergastadas da escravatura.
E por tudo o estoicismo no destino
E os estigmas dos bravos.

Depois que eu cresci o João Baiano
Começou a habitar no rancho brasileiro
Da minha alma.
E quando o vi pela última vez, já velhinho
E alquebrado
(tinha mais de cem anos se não me engano)
A sua figura calma
De herói dos cafezais
Ficou gravada em cheio no meu íntimo.
T'ão profundamente
Que o não esqueci jamais.
Nunca mais!
Disseram-me que ainda vive.
Coitado, deve estar tão branquinho!
Também para ser pai deste Brasil-Homem de hoje
Não é brincadeira!
Foi ele, o João Baiano, que deu rijeza
Às carnes brasileiras.
Ele, que lhe injecionou em sangue africano
A seiva musculosa
Que todos os anos faz exibição escandalosa
No festival das flores e dos frutos dos cafezais.
O suor dos cativos africanos
Foi chuva diluviana que empapou,
Por extenso, o território nacional;
Que escorreu de cada monte e todo o vale
E fez brotar, em cada, um cafezal.
E é por isso que ao passar por qualquer
Talhão verde negro de café,
Suponho ainda ver escravizado,
Em filas obedientes enquadrado,
Como tropas infinitas de soldados,
Um africano velho acorrentado,
Solene, eternamente, acocorado,
Martirizado,
Em cada pé.


O João Baiano era bom.
E passou a morar no rancho acaboclado
De minha alma.
Talvez seja ele mesmo que agora salma,
Com aquele seu jeitão de feiticeiro,
Estes versos desconjuntados,
Estas linhas sem a mínima instrução;
Livres como era livre a ideia dele,
Pois que ele tinha o pensamento libertado
Embora o corpo
Estivesse sujeito ao chicote do patrão.

O João Baiano era bom.
Fazia gaiolas e bodoques
Pra criançada da fazenda.
E muitas vezes dizia à mocidade
No barbarismo feliz de sua linguagem,
Semi-selvagem;
"Moços, eu não tenho  a liberdade
Que a nhá Isabelinha concedeu
Aos negros da escravidão,
Porque nesta terrinha brasileira
Eu tenho a minha alma prisioneira
E argamassado meu coração". . .

O João Baiano era bom.

quinta-feira, 18 de junho de 2015

Ilusória Estrada


Lino Vitti 

Desde há muito prossigo caminhando
Por destroços de sonho e de ilusão
Velha estrada batida que, trilhando,
Todos os homens, geralmente, vão.

E se tento fugir de quando em quando
Dessa quase fatídica visão,
Surge o destino, - oráculo nefando
 E, apontando-me à frente brada – “não”.

Seguir adiante sempre, sempre adiante,
Embora a contragosto, andar sem tréguas,
Andar, mesmo com a alma soluçante.

Caminhar, sufocando grandes dores,
Mas parecendo, ao perpassar das léguas,

Que se vai caminhando sob de flores.

quinta-feira, 11 de junho de 2015

SERENATA AMOROSA



Lino Vitti

Tudo dorme nos braços do quietude
Sob o lívido gaze do luar,
Quando ao longe, da noite na amplitude,
Acorda a serenata a soluçar.

Voz dolorida, misteriosa e rude,
De um conjunto de moços a sonhar.
Almas a quem talvez o amor ilude,
E, põem-se, apaixonadas, a cantar.

Acordai, raparigas do povoado,
Abri as janelas que ela passa, agora,
Pranteando, em cada porta, um lindo fado.

Sois causa dessa música que chora,
E só por vós seu coração magoado
Há de cantar até surgir a aurora.

PRÍNCIPE DOS POETAS DE PIRACICABA

CURRICULUM VITAE
( Síntese de Vida)
NOME – Lino Vitti
IDADE – 08/02/1920
ESTADO CIVIL – Casado, em únicas núpcias, há 56 anos, com a Professora Dorayrthes Silber Schmidt Vitti
FILIAÇÃO – José e Angelina Vitti
NATURALIDADE – Piracicaba, Estado de São Paulo –Brasil
Bairro Santana , Distrito de Vila Rezende
VIDA FAMILIAR
Casamento Civil e Religioso em comunhão de bens, Pai de sete filhos: Ângela Antónia, Dorinha Miriam, Rosa Maria, Fabíola , Lina, Rita de Cássia, Eustáquio.
VIDA PROFISSIONAL
Aposentado como Diretor Administrativo da Câmara de Vereadores de Piracicaba, e como Redator do “Jornal de Piracicaba”. Exerceu atividades no comércio, no Magistério, na lavoura até os l3 anos, na municipalidade local, como bibliotecário, lançador de impostos, protocolista, Secretário Municipal.

VIDA CULTURAL
ESCOLA PRIMÁRIA –
Grupo Escolar “Dr. Samuel de Castro Neves”, Santana, seminarista vocacional ao sacerdócio por seis anos, no Colégio Santa Cruz, da cidade de Rio Claro (SP), onde cursou humanidades, línguas, religião, ciências, matemáticas, música.
CURSOS –
Formou-se Técnico em Contabilidade, lecionou latim, francês, datilografia.

VIDA RELIGIOSA
Católico, Apostólico, Romano, fez curso de religião em seminário dos Padres Estigmatinos, foi organista da Catedral e da Igreja de São Benedito, de Piracicaba, e Congregado Mariano.
VIDA LITERÁRIA
Bafejado por ensinamentos de sábios sacerdotes em colégio de formação religiosa, recebeu extraordinário acervo literário que lhe propiciou enveredar pelo caminho da poesia, da crônica, dos contos, do jornalismo, havendo editado de l959 a 200l sete livros de poesias e contos, com edições em milheiros de volumes, os quais estão aí para satisfazer o gosto daqueles que apreciam a arte literária.
São seus livros : “Abre-te, Sésamo”, l959; “Alma Desnuda”, l988; “A Piracicaba, Minha Terra”, l99l; “Sinfonia Poética”, de parceria com o poeta Frei Timóteo de Porangaba; “Plantando Contos, Colhendo Rimas”, l992; “Sonetos Mais Amados”, l996 e “Antes que as Estrelas brilhem”, 200l. O poeta conta ainda com o prazer de haver composto hinos para diversos municípios, bairros rurais, entidades sociais diversas, continuando a colaborar ainda, após os 83 anos em colunas literárias e com artigos de ordem geral em jornais da terra.
Faz parte da Academia Piracicabana de Letras que lhe outorgou o título honorífico de “PRÍNCIPE DOS POETAS DE PIRACICABA’.
Foi-lhe concedida Pelo Município de Piracicaba, através de sua Secretaria da Ação Cultural, a MEDALHA DE MÉRITO CULTURAL, “ Prof. OLÊNIO DE ARRUDA VEIGA’; é detentor do TROFÉU IMPRENSA, concedido pelo Lions Clube de Piracicaba, centro, e da MEDALHA ITALIANA, concedida pelo governo italiano de Benito Mussolini aos alunos de escolas e seminários de origem daquele país que tivessem se destacado em redação de trabalhos literários escritos na língua de Dante.
O Município de Saltinho, para o qual contribuiu com o Hino dessa comunidade municipal , conferiu-lhe o título de “Cidadão Saltinhense”.

DISCURSO

Por ocasião do lançamento do livro de poesias “Antes que as estrelas brilhem “, pelo poeta Lino Vitti foi proferido o seguinte discursos:

Exmo. Sr. Heitor Gauadenci Jr. dd Secretário da Ação Cultural

Exmo. sr. António Osvaldo Storel. dd. Presidente da Câmara de

Vereadores de Piracicaba

Exmo.sr. Moacyr Camponez do Brasil Sobrinho, dd. Presidente do Instituto Histórico e Geográfico

Exmo,. sr. Henrique Cocenza, dd. Presidente da Academia Piracicabana de Letras

Exmo.. Sr. Ésio Pezzato , anfitrião desta solenidade

Senhoras e Senhores

Pela sétima vez (graças a Deus) em minha vida lítero-poética vejo-me guindado a uma tribuna improvisada (o que é bom porque torna o fato mais popular), para proferir um discurso de agradecimento, ao lado da oferta de um novo livro de versos. É teimosia essa de poetas em desovar sua produção para que mais gente participe de suas tiradas, muitas vezes fora de forma e de ambiente, mas que o poeta não vê porque , ao editar um novo livro está cego pela emoção , como se fosse a vez primeira. Está aí o Ésio Pezzato, responsável por mais esta minha invasão no mundo das letras poéticas, para dizer se não é assim. Para dizer se não sofre também dessa doença feliz de editar livros e mais livros a ponto de perder a conta, já que a esta altura ele não sabe se já está no décimo ou décimo primeiro. E ainda continua batendo dedos de métrica, sabemos lá por quantos anos ainda !

Tenho um ex-colega de seminário, prof. Hildebrando André, aposentado como professor universitário e com o qual mantenho longa e pródiga correspondência, que não se cansa de enaltecer a felicidade de Piracicaba contar com tantos poetas e poetisas. Tem razão ele, pois se apenas dois deles já conseguiram editar l8 livros de poesia, imagine-se as centenas que seriam necessárias para dar um pouco de vazão a essa raridade intelectual que toma conta da minha terra!

Este meu livro vem à lume por obra e arte do prefeito José Machado , seu Secretário da Ação Cultural e de seu zeloso servidor Ésio Pezzato que se entusiasmaram diante da recitação de diversos poemas meus por um grupo de jograis, alunos da UNIMEP, e impressionados decidiram patrocinar a publicação deste livro, pois entenderam que Piracicaba poética merecia conhecer em mais profundidade o seu príncipe da poesia. E aí está, lindo e impecável, entregue às mãos do povo de Piracicaba, que indistintamente de cor, estudos, intelectualização , posses financeiras, categoria de trabalho, com religião ou agnóstico, jovem ou adulto, roceiro ou citadino, aí está, para quiçá, momentos de lazer e sonho. Sonho , sim, porque a poesia é terrivelmente sonhativa , vive no mundo da fantasia, alicerça-se nas bases da emoção e brota do âmago mais profundo do poeta, e para que as filhas de Eva não reclamem, da poetisa também.

Alguém me perguntará? Como é ser poeta? Juro, nunca pensei nisso. Acho que ninguém consegue ser poeta. Já é. Nasce feito, como dizem.

não é verdade Maria Cecilia, Ivana Maria, Ésio Pezzato , Prata Gregolim, Marina Rolim, Valter Vitti, Mario Pires, Saconi, e tutti quanti enfeitam com seus lindos versos as páginas do “ Jornal de Piracicaba, ou da “Tribuna Piracicabana , e assim também esse cacho imenso de livros poéticos que quase semanalmente são dados ao conhecimento e sentimento público de nossa terra ? Tornando-se um privilégio de uma cidade, como disse alhures o supra citado meu colega seminarístico Hildebrando André. ?

Não se suponha que para ser poeta é preciso ter nascido em berço de ouro ou em centros intelectuais de enorme repercussão. Nada disso. Tenho um soneto que define bem esse fato. É assim: “Eu não sou o poeta dos salões / de ondeante, basta e negra cabeleira] não me hás de ver nos olhos alusões / de vigílias, de dor e de canseiras. // Não trago o pensamento em convulsões,/ de candentes imagens, a fogueira. / não sou o gênio que talvez supões/ e não levo acadêmica bandeira.// Distribuo os meus versos em moedas/ que pouco a pouco na tua alma hospedas / - raros , como as esmolas de quem passa. / Mas hei de me sentir feliz um dia/ quando vier alguém render-me graça/ por o fazer ricaço de poesia. // “ . Poetas e poetisas saem do nada , devem trazer o selo ou o bilhete de entrada nesse reino encantado desde o útero materno, embora ouse eu afirmar que a vida é também uma grande mestra , as influências da mentalidade circunvizinha,

o próprio meio ambiente, podem , em circunstâncias outras , plasmar um poeta .

Eu fui plasmado , por exemplo, por entre maravilhas campestres. A roça ou o campo são fantásticos criadores de poesia. Ela anda atapetando por todos os cantos a natureza, as gentes, os animais, os atos e fatos. e a cabeça daqueles com quem ela convive. E o poeta, criador por excelência, se abebera de todas as belezas esparsas pelas colinas, serras, vales e descampados , para transformar tudo em versos e rimas, ou em versos simplesmente, onde pululam , como cabritos silvestres, as figuras literárias, os tropos, as sínteses, as comparações, e todos os anseios que lhe vão no imo da alma. Para satisfação própria e para satisfação dos que convivem com o poeta. E´ por isso que se botardes olhos curiosos sobre meus poemas havereis de tropeçar a todo o momento com um motivo roceiro, pois trago uma alma plasmada pelas belezas rurais de Santana, Santa Olímpia , Fazenda Negri, e especialmente por aquela colina encimada ,no cocuruto, pelo prédio do grupo escolar, onde aprendi a ler e escrever e a poetar.

Peço desculpas por haver-me prolongado um pouco nestas elucubrações poéticas, desobedecendo aos conselhos do amigo Ésio que continua exigindo de mim discursos improvisados, o que seria tão para os ouvintes , que ansiosamente aguardam o momento de bater palmas acabando assim com a verborragia oratória.

Não posso entretanto encerrar esta breve alocução sem deixar consignados meus agradecimentos do fundo do coração ao prefeito José Machado ,ao seu Secretário da Ação Cultural Heitor Gaudenci Junior, ao seu sub-secretário poeta Ésio Pezzato, ao prefaciador Moacyr de Oliveira Camponez do Brasil sobrinho, aos queridos opinadores Maria Cecília Bonachella, Maria Ivana França de Negri, exímias poetisas, prof. Elias Salum e a minha filha Universitária Fabíola Vitti Moro, pela maravilhosa capa, Editores e toda equipe de funcionários , à minha esposa pela sugestão transmitida ao prefeito com relação ao advento desta obra, aos digitadores Nair , minha nora e neto Leonardo, e outros que possa ter esquecido, como é fácil em cachola idosa, - meus agradecimentos repito, pela reunião de esforços e trabalho que tornaram possível o advento de mais um livro de minha lavra.

Obrigado “ em geralmente” como dizem nossos cururueiros, aos que ilustraram com sua arte musical esta solenidade e assim também a todos quantos acharam um tempinho para vir prestigiar-me nesta tarefa de cultura e arte. Levem a certeza de que nada mais desejo do que engrandecer com minha poesia a terra que me viu nascer, a terra que me viu crescer, a terra que me proporcionou oportunidade para chegar a um cargo tão nobre quão dignificante de “Príncipe dos Poetas de Piracicaba”

Meu carinhoso obrigado também aos meios de comunicação, de modo especial “Jornal de Piracicaba”, na pessoa de seu Editor Chefe Joacyr Cury , de “A Tribuna Piracicabana”, na de seu diretor Evaldo Vicente, pela divulgação caprichosa deste evento que afinal nada mais é do que mais uma demonstração da exuberância cultural da Noiva da Colina.

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