Lino Vitti - Príncipe dos Poetas Piracicabanos

Lino Vitti - Príncipe dos Poetas Piracicabanos
Lino Vitti- Príncipe dos Poetas Piracicabanos

O Príncipe e sua esposa, professora Dorayrthes S. S. Vitti

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Lino Vitti e seus pais

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60 anos de Poesia


sexta-feira, 29 de junho de 2012

HONRANDO AS PERSONALIDADES



ALGUMA CRÔNICA (XXV)

                                                                 Lino Vitti

      Ao longo dos parágrafos desta Crônica, cujos algarismos romanos me dizem ser XXV, sob o mesmo título, mas que ultrapassa a centenas se formos contabilizar os anos que contribuo com ela para a lutadora “Tribuna”, vocês acabarão me xingando de contraditório, ou melhor, de não dizer coisa com coisa. É verdade e têm, os que, porventura me acompanharam nesta caminhada sem fim de inventar fantasias, analisar fatos e coisas, distribuir talvez alguma poesia em prosa e verso, o direito de reclamar coerência, coerência.
E por que todo esse lero-lero introdutório? Para encher espaço? Para amolar funcionário e diretores do jornal? Para justificar o quê?
Ao redigir meus trabalhos jornalísticos, sejam em forma de crônica, em forma de artigo, em forma de poesia, sou atacado sempre pelo diabinho do escrúpulo, inventador dessa coisinha amolante que é a tal coerência. Assim sou obrigado a dar marcha-a-ré no forde da invenção intelectual para ver se lá atrás não ficou alguma escrivinhação que venha a chocar-se ideológica e logicamente com aquilo que estou metendo em letra datilográfica sobre a lauda, paciente e camarada.
No caso presente, ao falar em homenagem, lembro que não faz muito tempo, elaborei aqui umas tantas linhas desconexas para condenar as homenagens que se costumam prestar a personalidades mortas, fatos longínquos, datas quilometricamente no fundo dos tempos passados. Entendia, e talvez entenda eu ainda, que homenagear extintos e o consumado, honrá-los quando já não mais podem ver, discursar, agradecer, não tinha muita lógica por tratar-se mesmo de homenagem sem presença, sem palavra, sem ver.
É então que entra o contraditório deste incurável datilógrafo, cujos músculos, cuja “LER” (Lesão por Esforços Repetitivos, o novo fator médico que justifica o cansaço muscular, a reação neurológica do corpo que caminha para a velhice), estão a magoar-lhe os braços, as mãos e os dedos, com umas dores dispersas, impalpáveis, misteriosas.
E o contraditório entra porque, decorrido tão pouco tempo da minha investida contra as homenagens ao pretérito, ponho-me hoje a defender um projeto que me abespinhou a cachola quando ainda servidor dos Vereadores, ou melhor, dos legisladores piracicbanos. Esse projeto cultural, que acabou perdido em alguma gaveta legislativa (felizmente resevei-me uma cópia para o que desse e viesse, propõe a homenagem pública, através de todos os tempos, às personalidades sepultadas nos Cemitérios piracicabanos, mediante a colocação às portas do campo santo, em placa plenamente visível, ampla, legível, dos seus nomes, o motivo de sua projeção social, cultural, política, religiosa.
Seria certamente resgatar a memória daqueles que, de uma forma ou de outra, de uma origem ou de outra, de uma classe social ou de outra, contribuíram em sua vida pela passagem nesta terra, com o seu quinhão de engrandecimento político, médico, social, esportivo, cultural, religioso, executivo e legislativo, ou outras formas julgadas importantes e merecedores de figurar naquele imenso mostrador de personalidades falecidas.
Nos cemitérios locais, todos sabem, há grandiosidades humanas sepultadas, entretanto, as gerações que se sucedem não tem como conhecer quem é quem a repousar na paz dos campos santos. Seria sem dúvida a maneira mais racional de se homenagear e perpetuar a memória daqueles que se destacaram no saber, no realizar, no dirigir, no cultuar a arte,  a ciência, a política, a fé, o trabalho, tudo quanto merece respeito, a admiração, a imitação, a gratidão.
Como a cidade, graças ao exercício da democracia eleitoral, guindou à vereança novas mentalidades e novas culturas humanas, seria interessante que alguma cabeça legislativa tentasse levar a termo o que este pobre cronista lhe traz ao conhecimento, como sugestão e como trabalho para os anos de exercício legislativo. 

quinta-feira, 28 de junho de 2012

POESIA FLORESTAL



ALGUMA CRÔNICA (XXII)

                                                          Lino Vitti (poeta e cronista)

             Tenho certeza de que mais de 95% das pessoas ignoram a felicidade incomum de haver ingressado pelas abóbodas ramosas ou pelas colunatas tronqueiras de uma floresta, não digo virgem, como eu tive a possibilidade de ver, mas floresta mesmo de segunda classe, isto é, aquela que perdeu suas gloriosas árvores de lei, pela ganância do machado,  (não o prefeito, quero que entendam), mas daquele instrumento guilhotinesco que derrubou ao solo os robustos espécimes florestais.
Se digo haver eu adentrado o ordenado caos da mata virgem, é pura verdade. Não muito distante do sítio onde nasci e vivi a infância e a adolescência, conheci a imponência vegetal da mata virgem  dos fazendeiros irmãos Negri, ali pertinho da Santa Olímpia e ao alcance de cem ou duzentos metros daquela fazenda.
Usei aí acima o termo “imponência” para qualificar a floresta virgem que me embebedou de admiração, mas poderia usar vocábulo mais grave, mais significativo, mas real: aquilo era majestático, faustoso, um tufão de troncos e copas em busca do azul do céu, subindo cosmicamente do solo para o infinito.
A floresta virgem dos Negri, da qual ainda sobrou uma nesga lá pelas proximidades da localidade conhecida como Glória, onde residiram os Zotelli, valia a pena ser visitada, para e por qualquer motivo: como simples passeio ecológico, por interesse botânico ou científico, como local onde vicejaram imensas e produtivas jaboticabeiras ou para simples divertimento – hoje constitucionalmente proibido – da caça.
Era preciso coragem para entrar e conhecer aquela mataria gloriosa, pois trechos havia tão compactos que exigiam lampião (!) para iluminar as picadas, mesmo em pleno dia, e para poder ver as feras (onças, tamanduás, jaguatiricas, cobras venenosas) acoitadas na penumbra trevosa, muitas vezes percebidos apenas pelo brilho fusilante do olhar do cachorro ou gato-do-mato. Caçadores de pássaros (hoje condenados à inatividade pela força da Lei) tinham  o que escolher: jaós, guaçus, pombas, juritis, jacus, chororós ( e não Xororó, com X, como escrevem os moços da dupla caipira Chitaõzinho e Xororó, exatamente o contrário deve ser Xitanzinho e Chororó), onças, tatus de todo tipo, tamanduás, pacas, capivaras, cotias, e uma infinidade de bichos hoje desaparecidos.
Não é fácil, mas é grandioso,  você adentrar, mesmo por uma dezenas de metros aquela misteriosa reunião de troncos, espinharais, arbustos, árvores seculares entestando a fronde imensa com as nuvens que trafegam pelo azul. Há sempre um galho verde , uma espátula espinhosa, uma flor de orquídea, um pedaço de pau podre, um enxu de vespas, um ninho barulhento de pipilos, um vôo inesperado de jacu ou nambu, um trinar, um trissar, um dobrar de cantos de pássaros imensurável, um assobiar sem fim, uma carreira bulhenta de bichos selvagens que fogem, estalidos e guinchos macacais, e sonorizando todo esse rumor da vida, um vento musical que balança, sacode, faz chiar as ramadas do alto.
O olhar, o ouvir, o tocar, o pisar, o perceber daquele que visita a floresta virgem devem estar atentos e preparados porque é enfrentar o mistério, o desconhecido, o surpreendente; é entrar  em contato com um mundo bem diverso daquele que se deixou atrás, além das fronteiras da mataria. De repente, a maravilha de uma gigantesca jaboticabeira negra de frutas, tronco e galhos, desde o chão, às grimpas do espécime. Ou o rosário pendente dos maracujás maduros, cheirosos, doces, gostosos. Ou a explosão dos limoeiros silvestres maduros e atraentes, surgindo como uma chama no meio do verdor dos arbustos. Ou a doçura das amoras das taiuveiras atraindo multidões de passarinhos, abelhas, besouros, borboletas. Uma festa, no recesso encantado da floresta!
O que escrevi aí atrás não passa de um rascunho do que na realidade é a surpresa de uma floresta-virgem, que em dia, lá longe, nos anos de infância pude conhecer a poucos passos da minha vida roceira.
Ficou apenas comigo a inconformidade com a destruição feita em nome do progresso muito duvidoso ou de um enriquecimento que nunca chegou à mão de ninguém.
   

quarta-feira, 27 de junho de 2012

O CLARINETISTA REYNALDO VENDEMIATTI



ALGUMA CRÔNICA (XVII)

                                                                          Lino Vitti

Clarinetista! Meu Deus, que coisa é a vida! Ontem, crianças cabeça fresca, sem preocupações, horas e horas de diversão, de encantamento, de sonhos fagueiros, de aproveitar sempre o momento que passa, parolando sem parar, cantando às vezes, batendo-boca outras tantas, estudando (a escola de infância não se esquece mais), correndo de um lado para outro, enfrentando febres e doenças irradias, obedecendo e desobedecendo às ordens maternas ou paternas, perseguindo passarinhos, borboletas, besouros coloridos, fisgando lambaris ou bagres... É a infância e a adolescência roceira!
Minha prima Guiomar, nascida e criada no mesmo ninho rural em que nasci poeta irremediável, foi responsável num dos últimos domingos de que o poeta se aproveita para gastar algumas horas da velhice por aqueles pagos de infância, por um novo acontecimento que trouxe à baila uma tremenda hora de saudade, misturada com alegria, e, por que não, oferecendo-me precioso assunto para estas intermináveis crônicas.
Em lugar de destaque, na mesma estante onde fica o telefone, instrumento que coloca qualquer um em comunicação com o mundo, mostrou-me uma foto de um saudoso amigo – o Reynaldo Vendemiatti – tocando a sua querida e maravilhosa Clarineta. Músico inimitável, pessoa dotada das mais raras virtudes de amizade, de respeito, de humildade, Reynaldo passou pela vida fazendo o bem e sobretudo tocando, tocando, magistralmente, o seu adorado instrumento, um gênio incomum desse mundo fantástico da Música.
Fazia parte da Banda de Santana, dirigiu-a como maestro, esmerou-se em outros instrumentos de sopro. A sua arte musical, a clarineta em suas mãos, a sua inspiração artística, quando executada da maneira divinal como executava Reynaldo, envolvia os que o ouviam num misticismo religioso, sentimental, sublime, capaz de levar os espíritos para uma região extra-terrena, como se aquela música brotada de seu instrumento e do seu dedilhar artístico, tivesse o condão de transportar as pessoas para fora das misérias do mundo e das preocupações humanas. Reynaldo sabia transmitir a elas, com seu instrumento, a alma musical da terra e do céu!
No verso da foto que Guiomar me emprestou (jamais ma doaria, tanta a estima que lhe tem e a saudade que nela se contém!) pude ler, entre impressionado e gostosamente saudoso, estes valiosíssimos  pensamentos:
“Reynaldo, você partiu... mas deixou gravado em nossa memória o som alegre de sua clarineta.
Deixou gravado também em nossos corações o exemplo vivo de todas as virtudes de um grande homem.
Seguiremos sempre seus passos em nossa caminhada, pois andar como você andou, fazer o que você fez, viver na Fé, como você viveu, será a certeza de nunca errarmos o caminho e um dia nos encontrarmos em sua moradia eterna.
 Lembraremos em nossas orações de sua alma bondosa que em forma de saudade estará sempre em nossos corações.”
“Nascimento: 14/1/1915 – Falecimento: 29/6/2000.”
E depois do que aí está escrito, vou ter coragem de dizer alguma coisa?
Uma coisa porém preciso dizer. As melodias saídas de sua musical clarineta não morreram. Elas continuam viajando pelo mundo na maravilha do espaço, para que, ouvidas sejam por aqueles que amam a música como você que amou sua clarineta!



terça-feira, 26 de junho de 2012

PARTIDAS ILUSÓRIAS


Um lenço que agitamos na partida
É um  trapo de saudade, e não um lenço.
Branco pedaço de alma comovida
Acenando um adeus amargo, imenso.

As palavras que então sussura a boca
Sintetizam-se apenas num soluço. . .
Partir paro uma viagem triste, louca,
Morrer, talvez, sozinhos, num debruço.

Levar numa aquarela da memória
Nossa estância natal com sua história
No romance dos dias infantis!. . .

Partir, sem nem saber pr'a que lugares,
P'ra que terras distantes, p'ra que mares,
Na esperança de ser, talvez, feliz

sábado, 23 de junho de 2012

AGRURAS ELEITORAIS



algumA crônica (XV)
                                                             

            Lino Vitti

Estamos em pleno pipocar dos tempos eleitorais municipais, propícios a se observar a ingente labuta dos candidatos à cargos executivo e  legislativo no derramar por todos os cantos e recantos da cidade e da zona rura1o seu nome, oferecido com todas as esperanças e convicções possíveis àqueles que tenham em mãos o passaporte para as urnas, ou seja, o título de votante.
É de admirar-se a vontade, a coragem, os quiçá mesmo propósitos de interesse coletivo democrático, desses concidadãos que almejam, decerto com sinceridade e civismo, conquistar um lugar ao sol da política, uns pela primeira vez, outros já calejados de tantas tentativas, seguidas de fracasso.
As vias públicas, os postes da rede elétrica, da telefonia, da TV a cabo, os muros, os frontespícios de muitos residências, as paginas dos jornais, o festivo voejar dos volantes empurrados pelo vento em todas, as direções, as telinhas da televisão, os diais do rádio, é imensa a floresta de meios de comunicação de que se aproveitam os aspirantes ao “sacrifício” de servir o município e batalhar em favor da população, para fazer chegar seu nome e seu programa de serviço público ao seio das famílias e ao convencimento dos concidadãos. Isso é bom, é sinal de que vivemos numa democracia (apesar de alguns pruridos ditatoriais que regem o pessoal lá de cima). Isso é bom porque o processo eleitoral, até que se invente outro, é o melhor processo ainda para o exercício da liberdade, para o debate dos problemas, para a necessária humildade de quem quer que seja de suplicar ao grande povo um votinho pelo amor de Deus.
Em nenhuma outra situação da vida essas pessoas - os candidatos – cultivam tantas esperanças e decepções. Esperanças que se avolumam até o dia da grande jogada eleitoral. Decepções, depois que as urnas decretarem o veredito final. As esperanças são 335, as decepções 314. A vitória, no caso dos Vereadores, serão apenas 21. Certeza, nenhuma. É essa diversidade de situações que gera a alegria, o trabalho, os debates, as brigas desse imenso jogo-de-bicho a que podem ser comparadas as eleições.
Mesmo assim, este “príncipe da poesia piracicabana”, acha que eleição é um belo e longo poema. Nelas há tanta poesia quanto num amanhecer, num entardecer, numa noite negra ou enluarada.
Certa feita, quando tentei também ingressar nessa batalha incruenta, em que se entrechocam idéias e se esgrimam capacidades pessoais, fui levado a poetar, a meter um soneto em homenagem a esses heróis da democracia, como penso devem ser julgados todos quantos se oferecem ao sacrifício de uma campanha eleitoral, a esse concurso sem cursos e sem programas, visando (dizem) sempre o bem-estar da população e a serviço da vida do próximo.
Leiam o que a minha veia poética produziu na oportunidade:

CANDIDATOS 

Sobraçando “santinhos”, a horas mortas

lá vai o esperançoso candidato,

a suplicar um voto em todas as portas

na fiusa de escapar do anonimato.


Promete endireitar as coisas tortas,

de quitutes encher do pobre o prato...

No céu abre o luar suas comportas,

no teto mia importuno gato.

 

E se não fora o sonho da vitória

a animar esses loucos peregrinos

peregrinos audazes da política,

 

não veríamos, certo, essa mixórdia

de espíritos, de gente, de destinos,

trás dessa maratona apocalítica.


(Extraído do livro “Sinfonia Poética”, pag. 139)

sexta-feira, 22 de junho de 2012

CATADORES DE PAPELÃO



ALGUMA CRÔNICA (XLVII)
     
Lino Vitti (Poeta madrugador)

      O velho e já quase esquecido Bilac – destino aliás a que devem chegar todos os poetas e fabricantes de sonhos – resolveu às tantas desovar um soneto (para os que não sabem, soneto é uma composição poética de 4 estrofes – duas de 4 versos e duas de 3, chamados quartetos e tercetos, coisa de antiquário sem dúvida, um soneto, repito, a que batizou de OUVIR ESTRELAS. É o destino, também, dos insones poetas, entre os quais me coloco; virar o focinho para o céu, à noite, porque não têm sono, e conversar com aquelas fulgurações astrais que respondem através de um pisca-pisca infindável, concordando decerto com a conversa tola dos Bilacs do Passado, do Presente, e do Futuro, se houver, é claro, algum bilaquista que usa computador.
Escrevi tudo isso aí, só para justificar o condenável costume que se impõe aos octogenários de acordar lá pelas três ou quatro horas de “la matina” e ficar zanzando pela casa, esperar o jornaleiro entre as grades da garagem, e daí, desse posto da fazer horas, verificar que há mais gente, mais insones, mais “poetas” que vagam pela rua, a troco de não sei o quê. De não “sei”, não. sei o que esse “fantasma” perambulante madrugador anda fazendo lá fora, bilaqueando talvez com as estrelas. Sei, porque vejo. E se vejo, é porque é real, é uma realidade solitária da vida citadina. Aquele homem, cujo rosto não decifro, não me dando condições para saber se é idoso, jovem, ou de meia-idade, Quiçá um adolescente, está ganhando a vida, o difícil sustento nestes tempos terríveis de Plano Real, gerador de uma destruição de empregos, de economias, de tranqüilidades familiares, de possibilidades vivenciais.
A sombra madrugadora, como madrugador sou eu por efeito das muitas primaveras vistas vida afora, pouco amigo das necessárias oito horas de fechar os olhos e entrar no “preâmbulo da morte”, como classificou o sono um outro poeta, aquela sombra, volto a escrever, conduz um estranho carrinho, um enorme caixão de duas rodas e um varal, onde os dois braços laboriosos daquele homem, vão depositando papelão, papelão e mais papelão, catado nesses depósitos individuais do lixo que os melhores aquinhoados pela vida, jogam fora, depois que serviram para embrulhar quiçá aparelhos domésticos preciosos, computadores, garrafas de uísque, frutas caríssimas, presentes diversos e valiosos, e uma infinidade de riquezas que se vão de um lugar a outro empacotados em poderosas caixas de papelão.
E me parece que o homem, vítima infalível de um desemprego, tem, teve e terá sorte, porque o seu “caminhão” movido a muque muscular está estufado de material, em breve transformado em níqueis importantes porque sustento de pessoas e lares.
E ao invés de espiar as estrelas, como fazia o meu colega Bilac (Olavo Bilac, para os escolares que nem sempre aprendem o verdadeiro nome dos poetas e escritores), espio o céu da rua, para contemplar aquele “astro” humano a cavar a vida, a cavar dinheiro, a cavar esperanças e talvez a cavar o com que alimentar esposa e filhos numerosos deixados a dormir um sono povoado de expectativas.
Sei que esse quadro do cidadão a catar papéis e papelões, deitados à rua por quem melhor vive e tem sorte não madrasta como a dele, se apresenta em grande número de ruas e bairros da cidade, um espetáculo criado evidentemente pelos tempos modernos da economia mundial e nacional. Não quero pensar que o faça à luz do sol, mas na penumbra do dealbar do dia, por sentir-se envergonhado! Não. é um labor igual aos muitos da humanidade. É o mesmo labor de quem está bem de emprego, de um funcionário público, de um bancário, de um comerciante, de um industrial, de um banqueiro. É uma forma de responder às dificuldades e premências da vida, à maneira desumana com que muitos governantes criam para que remediados desçam a condições terríveis, e para que pobres, afundem mais ainda na sua pobreza, no atoleiro das dificuldades de trabalho e de vivência.
Não posso afirmar se aquele fantasma madrugador ergue os olhos para as estrelas bilaqueanas, para saber ao menos que no alto estão tesouros brilhantes do universo. Para ter o consolo de entender a chave do soneto: “capaz de ouvir e de entender estrelas”, capaz de ouvir e de entender o mundo, concluo eu.
Meu Deus, cadê as estrelas? Foram-se. O dragão Sol as meteu todas no papo imenso de suas luminosidades – borrachas ciclópicas que apagam e engolem a noite e as suas estrelas.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

ESQUINA FATAL



ALGUMA CRÔNICA (XLV)
 Lino Vitti – Aposentado da Câmara
de Vereadores

       A esquina (junção de ruas)  de que vos quero falar (escrever) hoje, é formada pelo encontro geométrico das ruas São João e Voluntários de Piracicaba. É um ponto do trânsito perigoso, traiçoeiro, fatal, palco de violentos beijos de latarias, muitas vezes também de beijos trágicos da morte. Já vi gente morrer no local, gente de pernas quebradas, gente botando sangue por todos os lados, gente chorando, gritando, gente apavorada (vítimas e curiosos). Vi postes de energia derribados, postinhos de publicidade de esquina levados de roldão, prédios amassados por choques terríveis e inesperados, vi ambulâncias comparecer ao local à cata de vítimas gemebundas, vi até um pneu gigantesco de um não menos gigantesco caminhão de carga desprender-se, com a violência do choque, do imenso veículo e correr loucamente para o portão da minha residência e adentrar escadas acima rumo não sei de onde. Vi carros, motos, ônibus, de pernas pra riba, atestando inexoravelmente a periculosidade do local, e a imprudência dos motoristas que descem pela rua São João, Agronomia-Centro, ou sobem pela Voluntários, Centro-Bairro.
Vi também pessoal da Prefeitura tentando sinalizar, da melhor maneira possível uma e outra via pública. Inutilmente, precisa dizer-se. Inutilmente, por que? É simples. O problema das tragédias de trânsito na esquina, que deve ser campeã de acidentes, deve-se, segundo a minha estulta tecnologia a um fato geológico. O centro da esquina, sob o aspecto da formação térrea é um ponto culminante do encontro de dois casos topográficos. Quem vem, subindo, pela Voluntários de Piracicaba, conduzindo um veículo, pisa no acelerador porque é o terreno em aclive. Quem desce pela São João, encontra nesse mesmo ponto de junção das ruas o início de um declive, convite sem dúvida a que se acelere para alcançar, inclusive a possibilidade do verde do semáforo da próxima esquina. E como se considera a rua São João (erradamente!) preferencial (não deve existir preferencial em vias públicas urbanas), lá vão os motoristas desavisados e abusadores acalcando o acelerador, ajudados pela serena declividade a partir da esquina, como disse, ponto exato de junção de dois tipos de terreno: subida suave na Voluntários, descida suave na São João. Somem-se a esses fatores: um pouco de imprudência dos condutores de veículos, um pouco de imprudência da topografia terrena, ou melhor aos acidentes numerosos que tornam o local o São Caetano do trânsito.
O último acontecimento fatídico ocorreu ontem à noite, ou melhor, de madrugada. (Escrevo esta crônica (!) no dia 16/1. (Epa! Faço anos hoje, segundo o calendário materno! Não seja curioso em saber quantos. Depois dos oitenta, não se conta mais!) de manhã, saio para apanhar jornais. A esquina, a famosa campeã de acidentes de trânsito, toda enfeitada pela cacaria de vidros, peças de carro, postinhos mais uma vez deitados no chão. (O saudoso João Chiarini que morava na casa da esquina, mandou colocar uma pedras enormes ao longo das guias para conter um pouco a fúria dos choques motorizados. O proprietário posterior, ordenou o plantio de uma fileira de postinhos reforçados de ferro, cimentados no chão. Em vão. A fúria acabou derribando-os na horizontal. Dias atrás uma empresa botou um poste de propaganda no local. Não durou uma semana. No último acidente, a peça foi levada, totalmente retorcida pela “fúria” que mora nessa esquina, indo parar a cinqüenta metros além, certamente pelos 150 quilômetros do Fórmula Um que o apanhou no fatal cruzamento.)
Se alguém, se alguma autoridade ou responsável pelo trânsito, aliás ótimas autoridades, botar olhos sobre este escrito, vai providenciar. O que não adiantará nada. Aqui só túnel ou viaduto. Ou uma lombada do tamanho de uma montanha, uma em cada linha do quadrilátero que forma o encontro das ruas. De outro jeito não adianta nada.
Em tempo: Estava digitado este trabalho quando às seis da tarde de 4ª feira, 21/2, bumba. A esquina foi torpedeada de novo pela tragédia. Nada menos do que 6 veículos devastados. E o pior o culpado – disseram – fugiu.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

O QUE É O I. H. G. P.



ALGUMA CRÔNICA (XLIV)


Lino Vitti ( do IHG )

            Há 15 anos atrás, eis como eu via o Instituto Histórico e Geográfico, segundo artigo publicado no “Jornal de Piracicaba” de 28/01/1986, transcrito por seu Presidente Elias Salum, em seu livro: “20 anos de IHGP”.
“Quem tivesse comparecido à reunião e posse do Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba - IHGP -, seria presenteado com a satisfação cultural de ver reunida, na humilde sala onde funciona a instituição, a  mais expressiva nata da intelectualidade piracicabana.
Nunca em toda nossa vida de servidor público e jornalista, de pessoa dada às letras e à poética, pude observar tanta cultura pessoal reunida num mesmo instante, não sabemos se fruto da atuação inegável do  Presidente do IHG, não sabemos se pela falta de que se ressente Piracicaba de ter um local adequado,  próprio e disponível onde reunir os homens cultos de nossa terra em tertúlias literárias, científicas, jornalísticas e até, pasmem, políticas, embora saibamos muito bem que nas hostes da instituição não se admite tal tipo de intromissão. O que não se condena, nem se louva, pois defendemos tese de que os intelectuais, mais que outros, têm o dever de ser políticos, como admitimos também a possibilidade de  existirem políticos intelectuais, porque talvez assim as coisas andassem melhor, política e  administrativamente, neste país.
Voltando, porém, ao caso da sessão magna de eleição da nova diretoria do Instituto Histórico e Geográfico, posso afirmar, sem rebuços, que foi um ato da mais alta expressão que poderia realizar a  entidade, sendo certo que aquele composto de homens repletos de estudos saberia eleger quem tem  demonstrado incontestável capacidade de direção e projeção, como efetivamente ocorreu na pessoa do  Prof. Elias Salum, presidente a cujos ombros foi colocada a responsabilidade de bisar, naturalmente, o  mesmo trabalho planejado e executado em sua gestão anterior.
A atração de tão elevado número de intelectuais para as fileiras do IHG, nos está a demonstrar realmente  a sede de atividades culturais que atinge muitos piracicabanos, órfãos que estamos de um local propício a  esse tipo de manifestação humana, local para onde se deveriam voltar as atenções dos poderes públicos da  cidade, mesmo lhes incumbindo legalmente o dever de desenvolver e projetar a cultura por todas as suas  formas. Notamos que os catedráticos da ESALQ, que os médicos, que os esportistas, que os folcloristas,  que os mestres, que as poetisas e os poetas, que os funcionários públicos, que todas as categorias de  pessoas lidas presentes àquela reunião, como que sentiam algo espiritualizado a pairar nos ares, algo que  deveria materializar-se em ação, dentro de um ambiente propício e adequado a agasalhar idéias,  conceitos, projetos, arte, literatura, expansão de todas as modalidades culturais de que lhes andam cheias  a alma e a inteligência.
O ambiente era humilde, as cadeiras não davam para todos, a mesa mal se equilibrava sobre os pés  titubeantes, mas que grandeza de corações, que peregrinas capacidades, que geração de nobreza intelectual se casavam, naquele momento! Enlaçava-se a pobreza material do sodalício, com a riqueza exponencial das inteligências. Não se pejavam Salvador Piza, Camponez do Brasil, Inglês de Souza,  Cocenza, Cambiaghi, de estarem ali ao lado deste pobre articulista, e até de um humilde servidor aposentado de bondes, que foi presentear o Instituto com a sua gloriosa farda de motorneiro, uma peça  sem dúvida que conta um grande número de anos da história de Piracicaba, que representa gerações e gerações de estudantes da Agronomia, que tinham no bonde o meio de condução possível às suas sempre  desminligüidas bolsas, como soem ser as de todos os estudantes, neste país.
Já pensamos ser chegado o tempo de as nossas administrações públicas, através de seus órgãos de cultura  social, cogitarem da construção de um prédio para abrigar tantas instituições de arte e saber que estão dispersas por aí, como o IHG, a Biblioteca Pública, os esparramados departamentos educacionais da  própria prefeitura, e até, vejam que maravilha, a Escola de Belas Artes (sobre ela voltaremos a falar), em  cogitações na cachola de muitos artistas piracicabanos e a mesma Academia Piracicabana de Letras.
Como atrás ficou dito, percebemos naquele encontro de intelectuais que Piracicaba está sentindo falta de  uma fonte onde se dessedentarem. Quantas capacidades não se perdem pela cidade afora pela falta de um local adequado de reuniões, onde extravasar os conhecimentos, dialogar com outros do mesmo grau  cultural, redigir quiçá trabalhos de fôlego para livros e jornais.
Com a palavra as inteligentes autoridades administrativas de Piracicaba.”


segunda-feira, 18 de junho de 2012

SONETO – SÍNTESE!




ALGUMA CRÔNICA (XLII)

 Lino Vitti – Sonetista

            As coisas acontecem. Acontecem e ninguém pode impedir, ninguém pode ver, ninguém pode fazer nada, quando acontecem, já aconteceram, passando assim para  acontecido. Às vezes, são acontecimentos  importantes, necessários, imprevisíveis, influenciáveis para a vida e para as pessoas. Outras, entretanto, são acontecimentos  tolos, desprezíveis, que nada valem. 
O Soneto - poesia - é pois um acontecimento. E' manifestação artística sintética, isto é, reduzida ao máximo. E' um monumento, contendo em sua síntese, um grande feito, uma história completa, um poema imenso, um fato grandioso, um momento e uma eternidade.
A quem burilou o primeiro soneto, não sei quem seja, apesar de lidar  durante 60.ou mais anos com essa arte engaiolada em 14 versos, ou 14 linhas, deveria a humanidade erguer um monumento para parabenizá-lo através de todos os tempos e eternizá-lo no universo. Certamente é um  gênio, uma tremenda inteligência, para inventar a possibilidade de se conter  um fato artístico em apenas 14 linhas, silabadas até 12 silabas, rimadas, divididas em duas estrofes de quatro versos (linhas) e duas estrofes de três versos (linhas), uma jóia literária, uma imensidade sintetizada.
Por que estou eu a divagar tropos e verbos em cima dessa coisinha poética, tão divulgada, tão usada, tão apreciada, tão endeusada, qual seja o SONETO? Dessa composição escrita, onde poetas e poetizas de todo o mundo debruçam a sua capacidade criadora para retratar um momento de  poesia ou aprisionar uma epopéia em apenas 14 versos? Ser-me-ia possível, numa singela crônica, aprisionada, também, como o próprio homenageado de hoje - o Soneto -, pelas grades do espaço jornalístico, desvendar todas as nuances literárias, todas as belezas contidas, toda a arte empregada, toda a criatividade aplicada, nessa invenção sublimada que gerou, através da história da literatura universal, tantos poetas - tantos grandes poetas, digo , passando de geração em geração, apenas num retratinho de 14 linhas, a enormidade de uma enciclopédia, a imensidade de uma literatura, a grandeza contida nos dez Cantos de  um “Os Lusiades”, de um, “O paraíso Perdido”, de um “Jerusalém Libertada”, de  um “Inferno, Purgatório, Paraíso”?
Assusta-vos a menção dessas obras imortais que cantaram as glórias belezas, os feitos, as vitórias e as derrotas, de povos, nações, inscritos na História, para colocá-las ao lado dessa porqueirinha maravilhosa do soneto? Creio que não!
Assustado ficou este cronista tirolês ao ser perguntado certa feita, de  sopetão, pelo primo Ângelo, apelido Mantcha (espiga em dialeto) : você sabe o que e um soneto? Sabe o que são quartetos, tercetos, rimas e métricas?
Devo ter empalidecido, eu que sou de tez coradíssima e com algumas sardas trazidas da infância. Imaginem só, uma pergunta dessas feita por um homem da roça a um “Príncipe da Poesia”! Imaginem só, uma indagação dessas a quem vem burilando sonetos há mais de 60 anos! Imaginem só, um roceiro flechar o poeta de seis livros: “você sabe o que é um soneto? ”
Nem sei o que mexeu lá dentro da minha cabeça naquele momento. Vontade de xingar, orgulho, convicção, vergonha!!!  Tudo isso para arrancar do meu íntimo ferido pelo inusitado do coisa, apenas uma resposta tímida:
- E' claro, companheiro! Sei o que é soneto...
E pus-me a desfiar diante do primo perguntador que o soneto era isso, isso mais isso, como se eu fosse o mestre mais sabido do mundo. E o moço sorria, ria, dava gargalhadas, diante da minha estupefação.
- Afinal, perguntei, a que vem essa armadilha cultural?
- Por nada, ilustre poeta. E' que um programa de tevê (se não me engano do Sílvio Santos) formulou essa pergunta aos assistentes e como sei que você é do ramo, tive a tentação de envolvê-lo no assunto e quiçá embaraçá-lo na resposta. Agora vejo que você sabe mesmo. Não precisa ficar “brabo”.
Viram só no que deu a crônica do “Soneto”?

domingo, 17 de junho de 2012

OVOS: OURO DUPLICADO



ALGUMA CRÔNICA (XLI)
  

Lino Vitti (Originário da grei de Santana)


Todo mundo conhece ou ouviu falar da fantástica fábula da Galinha dos ovos de ouro, cujo dono era um gigante metido a viver em palácio deslumbrante num reino acima das nuvens. Digo isto porque assisti (e por inúmeras vezes) a essa história em desenho animado, caso em que o mastodôntico gigante, dono da galinha botadora de preciosidades ovais, aparece refestelado diante da maravilha alada a esperar a desova dourada, num imenso castelo nos páramos nubilosos.
Por aí se vê o tamanho da fantasia da inteligência que engendrou o mito da cobiçada galinha, uma pobretona moradora de quintais muito terrenos levada a servir um senhor gigante dono de um palácio celestial! Mas história é história, é incentivo para as mentalidades infantis (e não raro também de mentalidades maduras ou idosas como a minha), levando-as a navegarem o delicioso reino dos sonhos e da quimera.
O tempo, entretanto, que carrega tudo para a frente, é autor de ovas e importantes criações míticas, valendo-se principalmente dos avanços da ciência, do progresso da tecnologia, do advento de muitas cabeças criadoras de verdades e absurdos científicos, caminhando tudo em direção ao infinito aonde tenta o homem chegar, mais longe da Terra, mais perto de Deus.
E nesse pesquisar sem termo em que se envolve a capacidade humana, resolveram certos bandeirantes da ciência cavocar o singelo ovo da galinha à cata de alguma coisa mais do que o singelo ouro da mísera (ou não?!) galinha de antanho. Quiseram adentrar, não a fantasia de seus colegas fabricantes de mitos, e fábulas, de histórias fabulosas, mas uma realidade científica que viesse ajudar a humanidade em sua luta incessante, importante e necessária, contra o mal, contra a doença, contra a desgraça, inconcebível mas patente, dessa tragédia infernal do câncer.
E descobriram, no singelo ovo da comadre alada dos quintais e galinheiros, dos terreiros da roça e dos monstruosos e cada vez mais numerosos criadouros galináceos, que a personagem da milenar história dos ovos de ouro, tem mais a oferecer à humanidade. Que a sua caixinha redonda a guardar tão bem e hermeticamente fechadas, gema e clara, é um repositório não só do fugidio ouro do gigante feliz da vida pelo prêmio único do mundo que um fabulista lhe deu, mas de um elemento importantíssimo e de possibilidades comprovadas, no combate a esse polvo gigantesco que destrói, em pouco tempo e numa voracidade e ferocidade universais, belas, soberbas, jovens ou adultas, vidas humanas.
É, meus poucos mas bons leitores, a ciência médica não se conforma em suportar por mais tempo essa inominável ação cancerígena que envolve a humanidade, daí o partir para o interior tão bem trancado de um ovo de galinha, para tirar, com a verruma de seu saber científico, alguma droga santa que a ajude a debelar o monstro devorador de carnes, saúde e pessoas humanas.
É um início ainda. Mas é promissor pois a seara ovípara existente no mundo é imensa e existem milhões e milhões de galinhas-do-ovo-de-ouro, não o ouro tão badalado e até hoje cobiçado pela riqueza e pobreza do mundo, mas outro ouro, muito mais útil e mais cobiçado por aqueles que tentam escorraçar o teimoso câncer e por aqueles que sentem no corpo e na alma as cutiladas infernais da terrível doença!
E que as valorosíssimas aves, companheiras irretorquíveis da humanidade, fiquem de atalaia sem esmorecer nunca no seu trabalho de colocar no mundo quando mais ovos. Ovos, ovos, ovos!!! A ciência vos quer, vos procura. No seio dessa figura, onde até agora só víamos clara e gema, há algo mais, há um remédio-esperança para aqueles que gemem claramente sob a escravidão do terrível inimigo da felicidade humana.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

SOBRE SAPOS



ALGUMA CRÔNICA (XLIII)

Lino Vitti – Decano colaborador da
                                imprensa

       Ninguém melhor do que um cara nascido na roça para escrever sobre essa figura esquisita que é um sapo. Esquisita, feia, assustadora figura, moradora de brejos, lagoas, tanques e poças d’água em grande número existentes no meio rural. Lagoas, tanques poças d’água formadas por ribeiros humildes do campo, servem, além do meio ambiente, de moradia de sapos, rãs, pererecas, e bichos dessa espécie, de criadouros de peixes silvestres, como bagres, lambaris, traíras, enguias, e outras belezas aquáticas. Figura também presente é a libélula. Sílfide dos lagos campestres é a libélula, ou, como a chamávamos na roça tirolesa, “cava occhi”, cuja tradução quer dizer “arranca olhos”. Não vou  pesquisar os motivos que levaram meus antepassados humanos a chamar desse jeito a leve e irisada libélula! Pode ser que o estranho inseto, de corpo esguio de bailarina e asas de cores cambiantes, tenha um dia provocado ou praticado essa barbaridade de arrancar olhos de alguém, para levar para todo o sempre o repulsivo apelido. De qualquer forma, é sempre lindo, poético, e misterioso verem-se as libélulas a adejar, silentes e airosas, por sobre a superfície de lagos, lagoas, tanques e que tais, lembrando esgalga patinadora a dar caprichosas voltas sobre um tablado de gelo.
- Epa, epa, epa, vai advertir-me o provável leitor! Você, seu cronista das arábias, não  havia prometido escrever sobre sapos e quejandos? Como é que perdeu o rumo e se enviesa a falar de “cava occhi” e patinadoras?
- Verdade, meu caríssimo e decerto único acompanhante destas tiradas cronísticas, mas volto à vaca frita, ou melhor, ao sapo horroroso.
Esses caras saltadores, quando a lagoa começa a música vesperal ou pós-chuva, roncam como cuícas desesperadas, se untanhas; as pererecas e rãs, os sapos de menor porte esgoelam-se em tonalidades diversas, puxando para as notas mais agudas, enquanto o sapo untanha – o barítono ou o baixo do brejo – parece um rabecão, ou um bumbo, compassado e grave, marcando o tempo musical daquela orquestra feita de fusas e semifusas. Aliás, a conceituação popular já tem expressões perfeitas para denominar essa ordenada desafinação de batráquios musicalizando a lagoa : “vai, não vai, vai, não vai” ou “foi, não foi, foi, não foi”. “Hum, hum, hum”, é a resposta do untanha acoitado em difícil esconderijo do pântano.
E assim a sinfonia lacustre toca horas seguidas, noite a dentro, noite a fora, num “zmorzando” até o alvorecer. Depois, a vastidão líquida silencia. E quem passa por ela nas horas calmosas e quentes do dia, nunca suporá que debaixo daquele espelho aquoso ou nas margens herbáceas que o emolduram está escondida uma verdadeira orquestra de sons oblongos, guaiados, de “foi, não foi”, de “vai, não vai”.
O suave poeta Cassiano Ricardo tem sobre o assunto dos sapos e pererecas músicos dos lagos e pantanais, um belo e inimitável poema. Também eu, cutucado pela sinfonia sapal dos brejais da roça, tentei compor um soneto onomatopaico. Para os pouco afeitos ao significado do vocábulo aí colocado, explico que se trata de uma composição literária (poesia ou prosa) em que o autor procura usar palavras – verbos, adjetivos, substantivos – que imitem os sons da coisa, pessoa, ente retratado na escrita. Leiam o pobre soneto, a seguir transcrito, tirado de uma página de “O MARIANO”, semanário católico de meus tempos de congregação de Fita Azul – janeiro de 1952 – chegado a minhas mãos graças à gentileza do saudoso artista plástico Edson Rontani: “A Lagoa dos Sapos/ - //O ouro da luz, no azul do céu, transborda/ Golfões sangüíneos do horizonte escapos./ E das sombras da várzea e voz acorda/ Polífona, metálica, dos sapos./ - //Uns sons oblongos de redondos papos,/ Guaiados bambos de distesa corda./ Pancadas surdas como um dar sopapos,/ Num bumbo fundo, de selvagem horda./ - //Gaiatos gritos e ancestrais glús-glús,/ Fanhoso côro, estúpido e arabesco,/ Musicando o estertor final da luz./ - //E, a enxamear pequeninos holofotes,/ A lagoa é um salão carnavalesco/ Retumbando batuques e fox-trotes./ 

quarta-feira, 13 de junho de 2012

CACAREJOS



ALGUMA CRÔNICA (XL)
  Lino Vitti

       Já não se ouvem cacarejos como antigamente. Nem pios, gorjeios, cocoricós, essa música sinfonizada esdruxulamente pela orquestra campestre dos bons tempos em que, feliz da vida e esquecido de preocupações e responsabilidades, desfrutava eu de uma infância maravilhosa “à sombra das bananeiras, debaixo dos laranjais”, como fui ensinado mais tarde pelo lírico Casimiro de Abreu, patativa brasileira que cantou em todas as suas nuances os dias da meninice. E como pude comprovar depois, quando os anos vão se acumulando, a verdade iniludível cantada pelo mesmo melindroso vate o seu poema “Oh! que saudade que tenho”, “Da aurora da minha vida!”.
Foi pois “na aurora da minha vida” que pude ouvir os melhores e mais alvoroçados cacarejos da galinhada, livre e brincalhona, barulhenta e botadeira que a saudosa mãe criava na democrática área adjacente à casa de moradia. Eram galinhas matronas, jovens frangas, frangos, galos imponentes, pintainhos pipilantes a reclamar sem fim de algo para comer, passeando às portas da cozinha para fisgar alguns restos de comida, ou do paiol de onde, vez que outra, surgiam mãos infantis debulhando espigas saborosas de milho cateto. Era de ver a correria, as bicadas mútuas, o cacarejar e o avançar da galinhada, extremamente apreciadora daquele rápido e inesperado banquete de grãos que a inocente criançada, num divertimento ímpar, às gargalhadas, atirava para o meio da multidão alada, esfomeada e birrenta.
Escritores de todo o mundo, jornalistas do universo escrevinhador, historiadores do tempo e da vida, radialistas, televisionistas, poetas e pintores, artistas e atores, se acaso botardes olhos críticos ou especuladores sobres estas macarrônicas linhas de um “super desconhecido príncipe dos versos e da saudade”, não vos assusteis. As tiradas acima, meu caro Cecílio Elias, nada são, nada modificarão o mundo, nem chegam aos pés de suas crônicas que correm universo e adentram espíritos! E você, doce Elias Salum, que não se cansa de ler, ler, tudo quanto em prosa e verso desovo pelos jornais da terra, saiba que seu companheiro de jornada, ao relembrar um simples e ignorado terreiro de galinhas, pintainhos, frangos e galos, chocas e frangotes, é louco, louco varrido, ao querer botar em linhas de um jornal do século XXI, aquilo que a penumbra da vida, a chegada do ocaso da existência, já enterrou no antanho, seja, um cacarejar campestre de galinhas e galos cooperados no velhos galinheiro da minha infância.
Que hei eu de fazer, se ao deitar dedos artrósicos em cima das teclas-martelinho de minha escrevedora sem nome, a cabeça gira para trás, para ir buscar nos longes da existência aquilo que nem todos sabem, aquilo de que nem todos ouviram falar ou escrever: o cacarejo.
Meu único leitor Elias, sabe você definir o cacarejo? Não? eu também não sei. Como, entretanto, alguém existe melhor do que nós, um Aurélio dicionarista por exemplo, corro até ele para ensinar a você e a mim (ao Cecílio não precisa porque ele já é um dicionário ambulante e já tem computador, portanto, homem do progresso), ensinar a você e a mim, repito, o que o tal substantivo quadrissílabo, masculino, singular, queira dizer. CACAREJO: Ato de cacarejar. Canto da galinha, depois de pôr o ovo. Garrulice.
Gostei mais do “garrulice”. Lembra criançada, lembra alegria. Canto da galinha! Veja só: canto. Que belo! A galinha canta ao produzir. Por que os homens não são todos assim: cantar, cantar, cacarejar, para produzir, para trabalhar, para ser algo na vida? Para estudar, para discursar, para governar, para amar, para morrer?! Como seria bom se a humanidade inteira cacarejasse, ou melhor, cantasse ao final de seu trabalho, de sua produção!
Uma coisa, entretanto, não posso deixar de dizer a vocês: Elias, Cecílio, Jair, Evaldo, Joacyr, etc, etc. Quando na longínqua meninice, nas horas mais quentes do dia, sob a glória de um sol rústico, as galinhas cacarejavam, vinha um doce torpor de roça mexer comigo, cochilando à sombra de alguma frondosa mangueira. Eram a suavidade da luz solar e o afago das brisas campesinas que me visitavam e me envolviam no encanto do sono. E de um sonho: de que um dia viria a botar em crônica, para os amigos, o cacarejar galináceo que embalava musicalmente o meio-dia da minha estância natal.

terça-feira, 12 de junho de 2012

SEM AMOR. . .



Lino Vitti

A vida sem amor não é mais que um deserto
Onde brada o "simum" da amargura e do tédio.
Onde não há o sorrir de um céu azul aberto,
Onde não há da chuva o bálsamo, o remédio.

A vida sem amor é jardim ressequido
De onde desertou a beleza das cores,
Pois os beijos, o riso, o carinho incontido,
São da vida, a meu ver, as olorosas flores.

A vida sem amor é entardecer sem canto
De pássaros, em coro, a saudar o poente.
E' o surgir da manhã sem o doce acalanto ;
Das vozes do universo em orquestra fremente.

Onde não mora o amor, não podem ter guarida
Os grandes ideais que a alma humana acalenta,
Pois quem ama de fato, em si tem outra vida,
A de outro coração que a anima e a aviventa.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

VERDURAS E VERDUREIRO



ALGUMA CRÔNICA (XLIX)

      Lino Vitti

Em chegando a entrada das 70 ou 80 primaveras, recomenda a medicina geriátrica aos por ela alcançados, meter em sua alimentação muitas verduras e frutas, porque, aconselham, contêm muitas vitaminas e sais minerais, elementos preciosíssimos para quem quer durar um pouco mais nessa rota da vida, de duração e destino sempre incógnitos, embora de certeza absoluta de que um dia findará. E para sempre.
Verduras e frutas não faltam no mercado no mundo. É mercadoria em que se tropeça. Basta querer e comprar, mormente nesta época – dizem – de vacas gordas criadas pelo “milagroso” Plano Real, milagre que pode ser resumido no seguinte: tudo está baratíssimo. Embora todos não tenham emprego com que ganhar dinheiro, com que comprar as coisas baratíssimas que andam dando sopa por aí.
Uma ou duas vezes por semana (eu tive de ver meus proventos divididos espetacularmente e reduzidos fragorosamente pelo Plano e ainda sobrar alguma quirera) vou ao centro de vendas de frutas e verduras, aqui pertinho de casa (esquina da Regente e Santa Cruz) e abasteço com as quireras dos proventos a minha mesa com frutas, verduras e legumes que é um gosto. O posto vendedor é um espetáculo de mercadorias vataminizadas e salificadas, tem de tudo, uma inundação diária de coisas boas, saudáveis, gostosas, e, sobretudo, graças ao FHC – o Rei do Plano Real – baratíssimas! Quando vou lá, sou tratado e atendido como a um príncipe (príncipe sou, mas apenas do mundo fantástico da Poesia!). em cada sacola, toneladas de vitaminas, e sais, e remédios naturais para todas as doenças da velhice e da mocidade também que, hoje, essas danadas não escolhem. Remédios bem mais em conta que os das farmácias, diariamente subindo, subindo de preços, a ponto de obrigar muitos a desistirem da receita médica. Mas os genéricos, perguntará alguém? Muito bons, mais baratos que os não genéricos, porém de duvidosos efeitos.
Chega de digressão. Fale, ou melhor, escreva o cronista agora sobre frutas e verduras dos idos tempos em que a infância me surpreendia a ver e entender as hortas e pomares de então.
Como vão bem eles naquele meio rústico e descontraído, onde cada família caprichava para que daqueles 50m2 de chão, resguardando os saudáveis produtos hortícolas de animais e aves domésticos ou silvestres, ou aqueles 100m2 de pomar, mostrando-se aos seus olhos e ao seu apetite, tudo quanto de bom e bonito sabe criar o homem do campo, ou sabia criar, para seu pasto e lazer.
Presentemente, nos meus pagos de infância, raros são os pomares e as hortas. Responsável pela voracidade alimentar daquelas comunidades é o Tirso Stênico de Santa Olímpia que, através de sua Kombi vai de casa em casa, duas ou mais vezes por semana, para levar às mesas tirolesas as delícias hortifruti-granjeiras.
O veículo é um supermercado em miniatura, carregando de tudo de cá para lá, em constante batepapo, quanto a preços e qualidade, com as donas-de-casa, de caderneta em punhos para marcar os fiados numerosos, uma parafernália de produtos, sempre saudáveis e atraentes, substitutos muito bons, e que nada ficam a dever àqueles que os ancestrais dos bairros conseguiam, com trabalho e sacrifício, produzir em suas hortas elementares e individuais.
Eu me alegro sobremaneira quando, espairecendo a passeio terapêutico pelas terras de infância, encontro o Tirso Stênico às voltas com as comadres tirolesas (entre as famílias há sempre um afilhado ou afilhada de batismo, de crisma ou de casamento daí o vocábulo familiar), oferecendo-lhes e  convencendo-as da excelência de seus produtos e da facilidade com que lhos leva até o lar.
E eu me alegro, porque vejo aquela Kombi, lotada, leva alegria, felicidade e saúde para muita gente.

sábado, 9 de junho de 2012

“O Poeta e o Camponês”



ALGUMA CRÔNICA (XLVI)

                                                                       Lino Vitti – camponês e poeta

Franz Von Suppé, músico austríaco, gênio no traquejo dos 7 símbolos dos sons – dó, ré, mi, fá, só, lá, si – autor de imortais peças sinfônicas e polifônicas, cérebro privilegiado da criatividade melódica e acordeônica, legou-nos, entre outras generosidades musicais, esse monumento de sonoridades felizes e inimitáveis, chamado de “O Poeta e o Camponês”.
O título da preciosidade clássica diz tudo, abrindo um imenso leque de fantasia artística musical para aqueles que, sequiosos dessas belezas do século passado, quiserem buscar o que de melhor reservam para seus fãs, as óperas dos pináculos da musica que nos precederam, num tempo não muito distante.
E graças ao presente de um CD de autores clássicos, obra e arte dos filhos pela passagem dos meus oitenta desfolhamentos calendários, pude ouvir (e quase ver, tão grandes são as impressões)  a abertura da sublime ópera do Suppé – “O Poeta e o Camponês”.
Foi uma hora de velhice sumamente aproveitada, em especial por ser este andarilho da literatura, como os personagens da ópera, também metido a poeta e de origens camponesas. Foi uma hora em que, por estranho fenômeno de levitação mental, viajei pelo encantado país da musica, agarrado, como um náufrago, num país de sonhos, àquele suceder oceânico de vozes instrumentais, um floresta de sonoridades onde as figuras do poeta e do camponês pareciam estar presentes, vivos, num diálogo melodioso entre o poeta, que é o camponês da fantasia, e o aldeão, que é o poeta do campo. Um e outro, são a mesma coisa. Semeiam, plantam, ajardinam, colhem, ora as flores, ora os frutos. Quereis flores mais lindas que essa cascata de notas com que o músico compõe sua lavoura de melodias? Quereis frutos mais doces do que esses que o campônio produz e oferece para o paladar do mundo?
A simbiose – poeta/camponês – imaginada pela imensa criatividade do músico Suppé (suponho tenha sido ele realmente um camponês e um poeta) vem decalcada em notas de ouro ao longo de toda a sua ópera. E aqueles ouvidos que se deixarem embebedar pela festa de sonoridades, vão perceber essa união feliz, entre o cascatear dos acordes, das melodias, dos cantos e contracantos, dos pontos e contrapontos, das sonâncias e dissonâncias, como se estivessem a assistir uma conversa gostosa, amiga, poética e sonora, entre o poeta que canta o mundo, e o camponês que constrói o mundo e, ambos, à poesia.
Deixando galopar a fantasia, à sucessão das sinfonias, percebia-me a ouvir, como em meio a uma floresta iluminada, cantos de pássaros, sussurros de ribeiros, rumores de cascata, trissados de ninhos, guaiados de ventos, trovejar de nimbos, tamborilar de chuvas, guinchos de animais selvagens, urros de feras, balidos de ovelhas e zurros de asnos. Quando não, através daquela parafernália de instrumentos parecia-me ouvir um coral de vozes humanas, uma singela e graciosa melodia campestre, o pranto de uma criança, o gemido de um ancião.
Outras vezes, enquanto a orquestra se envolve numa batalha mirífica de sons, ou se deita, com carícias de onda na praia, os afagos de brisa pelas frondes, entardeceres e amanheceres supunha-me transformado em camponês, a ouvir, agora, numa glorificação de mínimas, seminimas, fusas e semifusas, o poema do universo, as rimas, a Odisséia musical dos tempos, o “Inferno”, “Paraíso” e “Purgatório” de Dante, transfeitos naquela profusão de violinos, violas, oboés, bombos, baterias, trompas e trompetes, pianos, pistões, tímbalos, clarinetas, rabecas e rabecões, todos, numa tempestade rumurosa de sonoridades para compor o poema campestre do aldeão, nesse instante elevado à glória de poeta.
Poderá alguém achar absurdo tudo quanto a minha veia cronística deixou escapar para o papel, deste para a memória  eletrônica e desta para a impressão jornalística, sobre um momento, ignorado por quase todos, em que vivi sob o embalo da obra suprema “O Poeta e o Camponês”, legada pelo imortal e já longínquo belgo-austríaco Franz Von Suppé, cujos acordes contam e cantam a vida do poeta do campo e do camponês da poesia. Quiçá poucos apenas tenham a felicidade de ser camponês e poeta, ao mesmo tempo, como me julgo, e assim ter a felicidade de apalpar no poema musical clássico, a grandeza toda que nele colocou aquele que deve ter sido poeta e camponês, à sombra da música. Com todos esses imensos requisitos só poderia compôr o que compôs e imortalizar a poesia e a vida do campo; o Poeta e o Camponês!

sexta-feira, 8 de junho de 2012

O Poeta Ésio


(foto arquivos Ivana)

ALGUMA CRÔNICA (XIV)

Lino Vitti – ( o sonetista veterano)


Mais uma vez – a oitava ou nona loucura! O Ésio Pezzato (com 2 zz) premiou a cultura poética piracicabana com um livro de poesias.
-         Bella roba, dirão muitos!
-         Grande, dirão outros!
-              Magnífico, digo eu, caminheiro dessa estrada eterna que leva muitas cabeças a peregrinar por ela, às vezes, vida inteira, para chegar ao encantado reino onde mora essa respeitável coisa estranha e nem sempre bem compreendida chamada Poesia. ( Com P maiúsculo porque ela merece, especialmente quando saída da cachola formigante de enormidades poéticas como a do meu ex. imenso aluno Ésio Pezzato).
Sabem como o moço (os poetas não envelhecem, e se envelhecem é porque não são poetas) batizou a sua última aventura poética? Se não sabem, dou-lhes eu o nome: PORTAL DOS SONHOS. Leram só! PORTAL! Quer dizer entrada ampla, livre, de acesso permitido a quem quer que seja. É aumentativo de porta, um portão, que ele – o Ésio – nos escancara.
Venha, pessoal! Venham, poetas e poetisas! Entrem com toda a liberdade e alegria. Cá dentro do “Portal dos Sonhos”  eu tenho poesia prá todo o mundo. Os pais tragam os filhos, os namorados tragam as namoradas, os netos tragam os avôs, os irmãos tragam as irmãs e vice-versa, os amigos tragam os seus amigos e amigas, os poetas tragam outros poetas e poetisas, os tristes tragam os melancólicos, os alegres tragam os chorões, os pobres tragam outros pobres, os ricos tragam os ricos, os avarentos os outros avaros. Venham todos para o país dos sonhos, através do Portal. Garanto que ninguém se arrependerá e ninguém voltará de mãos vazias. Uma rima, uma estrofe, um soneto, uma balada, um poema, garanto repito,  receberão como lembrança dessa sua participação na “Romaria”, feita às “Luzes da Aurora” pelo “Semeador” da poesia, através do “Portal dos Sonhos”. (N.B. Os títulos entre aspas são outros livros de poesia do Ésio e que por felicidade consegui encaixar no fraseado desta  leve e sincera crônica sobre esse que deveria ser, não o “príncipe”, mas o “Rei” da poesia piracicabana). Fecho o parêntesis para não ampliar o que muitos devem estar pensando: esse cara não diz coisa com coisa.
Não retiro porém uma vírgula do que foi dito e acrescento que o Ésio não é apenas o poeta piracicabano vicejando à sombra da Cultura que José Machado implantou sob o arvoredo do engenho Central. Ele é tão grande, tão enorme em sua fantástica poesia, que seria humilhante engaiolar a sua imensidade ali na cadeia dos velhos barracões que ressumam fastígio de antanho. O batuta do nosso compacto e luminoso exército de poetas ficaria bem adentrando o “Portal” de Paris, via Torre Eiffel.
Esquece, meu prezado colega, o que escrevi acima. Vamos voltar um pouco no “Maverich” da saudade, para aquelas inesquecíveis noites de redação do “Jornal de Piracicaba” quando, você engatinhando, loucos por uns passos adiante, com medo de não estar cumprindo nossas obrigações de revisar, ficávamos a matutar sonetos, a sonhar com “portais” que nos introduzissem pela “Crônica Social” ao conhecimento dos leitores do “Jornal”, das famílias, dos literatos, de todo o mundo piracicabano?
Você acertou: “Portal dos Sonhos”!
Não há outra melhor definição para a poesia do que essa pérola que você nos está legando, está legando a Piracicaba, e ao Brasil das letras, ao Brasil da poesia  verdadeira, compreensível, imorredoura.
“Portal” é o princípio. É por ele que se entra. É por ele que se poderá chegar ao país feérico do “sonho”, pois sonho é esta vida terrena total. A vida, aliás, é o imenso sonho. Nascer poeta, como você e eu, é penetrar o portal da vida-sonho.
E que fazemos todos nós senão romper os portais da vida para viver, sonhar?

quinta-feira, 7 de junho de 2012

POESIA SEM VEZ. POR QUÊ?




ALGUMA CRÔNICA (XLVIII)

                Lino Vitti – Decano da Poesia Piracicabana

     Nem todos entendem e compreendem a Poesia. Dificil se torna alcançar esses dois importantes objetivos da linguagem poética – entendimento e compreensão – porque ela não é ao estilo de discursos, de romance, de ensaio, de biografia. A Poesia é imponderável. Cada cultor dela a formula a seu jeito, dando-lhe um caráter de ineditismo intelectual, pintando-a com o pincel estilístico de sua originalidade, como o fizeram e fazem ainda os pintores de tela. Aliás cada tela, cada quadro, cada apresentação é um poema, rimando cores, versejando nuances.
Pode-se ser poeta sem nunca haver metido em papel um verso que seja. O ser humano que se compraz em contemplar um entardecer, um amanhecer, um céu azulado, o trafegar de uma nuvem pelos páramos celestiais, o sorriso inocente e divinal de uma criança, a queixa de um pobre e deserdado da sorte, a reclamação de um inconformado com a vida, o bisbilhar misterioso de um regato, o pio angustioso de uma juriti solitária, o oculto trilar de um sabiá laranjeira, o ofegante escalar de uma montanha presa ao solo, quando seu ímpeto é galgar o infinito, o choro sentido de uma criança ofendida pelos marmanjos, o queixume profundo de mãe desobedecida, as lágrimas de uma jovem desamada, o silêncio de um claustro ou o ladainhar de um templo iluminado, o rugir dos ventos e das tempestades, das borrascas e dos vagalhões, .... Chega. Basta resumir e dizer que tudo o que vive, canta, ora, grita, se move, repousa, avança, recua, tudo o que faltou dizer nas linhas acima é poesia e o homem ou a mulher que souberem ver e compreender as belezas que as coisas e entes guardam consigo, eu digo que são poetas. Poetas, se homem – masculino. Poetisa, se mulher – feminino.
Poesia, pois, é algo depositado na alma, na compreensão, no gosto de cada um. Muitos conseguem transformar esses sentimentos guardados em seu âmago espiritual, usando linguagem escrita ou falada, pois entendem a poesia como dom universal de Deus para o Homem. E então surgem os poemas, os sonetos, os hinos, as epopéias. São grandezas humanas incomensuráveis e escondê-las ao prazer dos demais seres inteligentes que povoam a Terra, será uma traição à cultura, ao Belo, à doçura do conviver universal.
Vejo, porém, com toda a tristeza me vestindo a alma, que a Poesia está longe de ser espalhada como o olor de um incenso perfumoso por todos os recantos terráqueos. Há lacunas imensas que a tolhem e não a deixam abrir as asas angélicas, para que ela vôe, vôe,– águia encantada e feliz – por todos os recantos do universo.
Não faz muitos dias, por exemplo, editou-se nesta Atenas de Cultura um belo livro, um repositório da História, das Personalidades, do Saber, da Fé, da Participação de Piracicaba no universo da vida industrial, comercial, cultural, religiosa, histórica, através de todos os tempos. Observamos com tristeza infinita que dele se exclui a Poesia, que estaria representada por um trabalho da minha lavra, rememorando, embora em síntese incompleta, o advento da poesia piracicabana, os seus mais ilustres antepassados, os poetas e poetisas do Presente. Era uma tentativa de começar a escrever a história da nossa poesia, aliás cheia de fabulosos poetas, como Lagreca, Newton de Mello, Mello Ayres, Marina Tricânico, e outros que me fogem à escanecida memória, mesmo porque este espaço não comporta maiores divagações a respeito.
A Poesia, pois ficou sem vez. Jornais importantes com raras exceções, Revistas famosas, Televisões e quejandos comunicativos, pouco ou nada falam de Poesia. Aliás, não faz muito, assinei mais uma revista cultural, Rider Digest. E em suas brilhantes páginas nem sinal de Poesia. Vou me comunicar com seus diretores para ver se despertam para esse mundo encantado. Quem sabe está faltando um tiro de partida?
Longe, muito longe de mim, entretanto, dizer que Piracicaba cultural metida nas belas e completas edições de seus jornais diários, esteja se esquecendo da Poesia. Os circulantes “Jornal de Piracicaba”, “Tribuna de Piracicaba”, “Seminário de Vila Rezende” e outros, são pródigos em generosidade poética, abrindo páginas semanais inteiras à desova lírica de seus poetas e poetisas, o que certamente se constituí num oásis no deserto nacional desse tipo de manifestação literária.
Se falha houve, é uma dolorosa exceção. 

PRÍNCIPE DOS POETAS DE PIRACICABA

CURRICULUM VITAE
( Síntese de Vida)
NOME – Lino Vitti
IDADE – 08/02/1920
ESTADO CIVIL – Casado, em únicas núpcias, há 56 anos, com a Professora Dorayrthes Silber Schmidt Vitti
FILIAÇÃO – José e Angelina Vitti
NATURALIDADE – Piracicaba, Estado de São Paulo –Brasil
Bairro Santana , Distrito de Vila Rezende
VIDA FAMILIAR
Casamento Civil e Religioso em comunhão de bens, Pai de sete filhos: Ângela Antónia, Dorinha Miriam, Rosa Maria, Fabíola , Lina, Rita de Cássia, Eustáquio.
VIDA PROFISSIONAL
Aposentado como Diretor Administrativo da Câmara de Vereadores de Piracicaba, e como Redator do “Jornal de Piracicaba”. Exerceu atividades no comércio, no Magistério, na lavoura até os l3 anos, na municipalidade local, como bibliotecário, lançador de impostos, protocolista, Secretário Municipal.

VIDA CULTURAL
ESCOLA PRIMÁRIA –
Grupo Escolar “Dr. Samuel de Castro Neves”, Santana, seminarista vocacional ao sacerdócio por seis anos, no Colégio Santa Cruz, da cidade de Rio Claro (SP), onde cursou humanidades, línguas, religião, ciências, matemáticas, música.
CURSOS –
Formou-se Técnico em Contabilidade, lecionou latim, francês, datilografia.

VIDA RELIGIOSA
Católico, Apostólico, Romano, fez curso de religião em seminário dos Padres Estigmatinos, foi organista da Catedral e da Igreja de São Benedito, de Piracicaba, e Congregado Mariano.
VIDA LITERÁRIA
Bafejado por ensinamentos de sábios sacerdotes em colégio de formação religiosa, recebeu extraordinário acervo literário que lhe propiciou enveredar pelo caminho da poesia, da crônica, dos contos, do jornalismo, havendo editado de l959 a 200l sete livros de poesias e contos, com edições em milheiros de volumes, os quais estão aí para satisfazer o gosto daqueles que apreciam a arte literária.
São seus livros : “Abre-te, Sésamo”, l959; “Alma Desnuda”, l988; “A Piracicaba, Minha Terra”, l99l; “Sinfonia Poética”, de parceria com o poeta Frei Timóteo de Porangaba; “Plantando Contos, Colhendo Rimas”, l992; “Sonetos Mais Amados”, l996 e “Antes que as Estrelas brilhem”, 200l. O poeta conta ainda com o prazer de haver composto hinos para diversos municípios, bairros rurais, entidades sociais diversas, continuando a colaborar ainda, após os 83 anos em colunas literárias e com artigos de ordem geral em jornais da terra.
Faz parte da Academia Piracicabana de Letras que lhe outorgou o título honorífico de “PRÍNCIPE DOS POETAS DE PIRACICABA’.
Foi-lhe concedida Pelo Município de Piracicaba, através de sua Secretaria da Ação Cultural, a MEDALHA DE MÉRITO CULTURAL, “ Prof. OLÊNIO DE ARRUDA VEIGA’; é detentor do TROFÉU IMPRENSA, concedido pelo Lions Clube de Piracicaba, centro, e da MEDALHA ITALIANA, concedida pelo governo italiano de Benito Mussolini aos alunos de escolas e seminários de origem daquele país que tivessem se destacado em redação de trabalhos literários escritos na língua de Dante.
O Município de Saltinho, para o qual contribuiu com o Hino dessa comunidade municipal , conferiu-lhe o título de “Cidadão Saltinhense”.

DISCURSO

Por ocasião do lançamento do livro de poesias “Antes que as estrelas brilhem “, pelo poeta Lino Vitti foi proferido o seguinte discursos:

Exmo. Sr. Heitor Gauadenci Jr. dd Secretário da Ação Cultural

Exmo. sr. António Osvaldo Storel. dd. Presidente da Câmara de

Vereadores de Piracicaba

Exmo.sr. Moacyr Camponez do Brasil Sobrinho, dd. Presidente do Instituto Histórico e Geográfico

Exmo,. sr. Henrique Cocenza, dd. Presidente da Academia Piracicabana de Letras

Exmo.. Sr. Ésio Pezzato , anfitrião desta solenidade

Senhoras e Senhores

Pela sétima vez (graças a Deus) em minha vida lítero-poética vejo-me guindado a uma tribuna improvisada (o que é bom porque torna o fato mais popular), para proferir um discurso de agradecimento, ao lado da oferta de um novo livro de versos. É teimosia essa de poetas em desovar sua produção para que mais gente participe de suas tiradas, muitas vezes fora de forma e de ambiente, mas que o poeta não vê porque , ao editar um novo livro está cego pela emoção , como se fosse a vez primeira. Está aí o Ésio Pezzato, responsável por mais esta minha invasão no mundo das letras poéticas, para dizer se não é assim. Para dizer se não sofre também dessa doença feliz de editar livros e mais livros a ponto de perder a conta, já que a esta altura ele não sabe se já está no décimo ou décimo primeiro. E ainda continua batendo dedos de métrica, sabemos lá por quantos anos ainda !

Tenho um ex-colega de seminário, prof. Hildebrando André, aposentado como professor universitário e com o qual mantenho longa e pródiga correspondência, que não se cansa de enaltecer a felicidade de Piracicaba contar com tantos poetas e poetisas. Tem razão ele, pois se apenas dois deles já conseguiram editar l8 livros de poesia, imagine-se as centenas que seriam necessárias para dar um pouco de vazão a essa raridade intelectual que toma conta da minha terra!

Este meu livro vem à lume por obra e arte do prefeito José Machado , seu Secretário da Ação Cultural e de seu zeloso servidor Ésio Pezzato que se entusiasmaram diante da recitação de diversos poemas meus por um grupo de jograis, alunos da UNIMEP, e impressionados decidiram patrocinar a publicação deste livro, pois entenderam que Piracicaba poética merecia conhecer em mais profundidade o seu príncipe da poesia. E aí está, lindo e impecável, entregue às mãos do povo de Piracicaba, que indistintamente de cor, estudos, intelectualização , posses financeiras, categoria de trabalho, com religião ou agnóstico, jovem ou adulto, roceiro ou citadino, aí está, para quiçá, momentos de lazer e sonho. Sonho , sim, porque a poesia é terrivelmente sonhativa , vive no mundo da fantasia, alicerça-se nas bases da emoção e brota do âmago mais profundo do poeta, e para que as filhas de Eva não reclamem, da poetisa também.

Alguém me perguntará? Como é ser poeta? Juro, nunca pensei nisso. Acho que ninguém consegue ser poeta. Já é. Nasce feito, como dizem.

não é verdade Maria Cecilia, Ivana Maria, Ésio Pezzato , Prata Gregolim, Marina Rolim, Valter Vitti, Mario Pires, Saconi, e tutti quanti enfeitam com seus lindos versos as páginas do “ Jornal de Piracicaba, ou da “Tribuna Piracicabana , e assim também esse cacho imenso de livros poéticos que quase semanalmente são dados ao conhecimento e sentimento público de nossa terra ? Tornando-se um privilégio de uma cidade, como disse alhures o supra citado meu colega seminarístico Hildebrando André. ?

Não se suponha que para ser poeta é preciso ter nascido em berço de ouro ou em centros intelectuais de enorme repercussão. Nada disso. Tenho um soneto que define bem esse fato. É assim: “Eu não sou o poeta dos salões / de ondeante, basta e negra cabeleira] não me hás de ver nos olhos alusões / de vigílias, de dor e de canseiras. // Não trago o pensamento em convulsões,/ de candentes imagens, a fogueira. / não sou o gênio que talvez supões/ e não levo acadêmica bandeira.// Distribuo os meus versos em moedas/ que pouco a pouco na tua alma hospedas / - raros , como as esmolas de quem passa. / Mas hei de me sentir feliz um dia/ quando vier alguém render-me graça/ por o fazer ricaço de poesia. // “ . Poetas e poetisas saem do nada , devem trazer o selo ou o bilhete de entrada nesse reino encantado desde o útero materno, embora ouse eu afirmar que a vida é também uma grande mestra , as influências da mentalidade circunvizinha,

o próprio meio ambiente, podem , em circunstâncias outras , plasmar um poeta .

Eu fui plasmado , por exemplo, por entre maravilhas campestres. A roça ou o campo são fantásticos criadores de poesia. Ela anda atapetando por todos os cantos a natureza, as gentes, os animais, os atos e fatos. e a cabeça daqueles com quem ela convive. E o poeta, criador por excelência, se abebera de todas as belezas esparsas pelas colinas, serras, vales e descampados , para transformar tudo em versos e rimas, ou em versos simplesmente, onde pululam , como cabritos silvestres, as figuras literárias, os tropos, as sínteses, as comparações, e todos os anseios que lhe vão no imo da alma. Para satisfação própria e para satisfação dos que convivem com o poeta. E´ por isso que se botardes olhos curiosos sobre meus poemas havereis de tropeçar a todo o momento com um motivo roceiro, pois trago uma alma plasmada pelas belezas rurais de Santana, Santa Olímpia , Fazenda Negri, e especialmente por aquela colina encimada ,no cocuruto, pelo prédio do grupo escolar, onde aprendi a ler e escrever e a poetar.

Peço desculpas por haver-me prolongado um pouco nestas elucubrações poéticas, desobedecendo aos conselhos do amigo Ésio que continua exigindo de mim discursos improvisados, o que seria tão para os ouvintes , que ansiosamente aguardam o momento de bater palmas acabando assim com a verborragia oratória.

Não posso entretanto encerrar esta breve alocução sem deixar consignados meus agradecimentos do fundo do coração ao prefeito José Machado ,ao seu Secretário da Ação Cultural Heitor Gaudenci Junior, ao seu sub-secretário poeta Ésio Pezzato, ao prefaciador Moacyr de Oliveira Camponez do Brasil sobrinho, aos queridos opinadores Maria Cecília Bonachella, Maria Ivana França de Negri, exímias poetisas, prof. Elias Salum e a minha filha Universitária Fabíola Vitti Moro, pela maravilhosa capa, Editores e toda equipe de funcionários , à minha esposa pela sugestão transmitida ao prefeito com relação ao advento desta obra, aos digitadores Nair , minha nora e neto Leonardo, e outros que possa ter esquecido, como é fácil em cachola idosa, - meus agradecimentos repito, pela reunião de esforços e trabalho que tornaram possível o advento de mais um livro de minha lavra.

Obrigado “ em geralmente” como dizem nossos cururueiros, aos que ilustraram com sua arte musical esta solenidade e assim também a todos quantos acharam um tempinho para vir prestigiar-me nesta tarefa de cultura e arte. Levem a certeza de que nada mais desejo do que engrandecer com minha poesia a terra que me viu nascer, a terra que me viu crescer, a terra que me proporcionou oportunidade para chegar a um cargo tão nobre quão dignificante de “Príncipe dos Poetas de Piracicaba”

Meu carinhoso obrigado também aos meios de comunicação, de modo especial “Jornal de Piracicaba”, na pessoa de seu Editor Chefe Joacyr Cury , de “A Tribuna Piracicabana”, na de seu diretor Evaldo Vicente, pela divulgação caprichosa deste evento que afinal nada mais é do que mais uma demonstração da exuberância cultural da Noiva da Colina.

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