Lino Vitti - Príncipe dos Poetas Piracicabanos

Lino Vitti - Príncipe dos Poetas Piracicabanos
Lino Vitti- Príncipe dos Poetas Piracicabanos

O Príncipe e sua esposa, professora Dorayrthes S. S. Vitti

Casamento

Casamento

Bodas de Prata

Bodas de Prata

Lino Vitti e seus pais

Lino Vitti e seus pais

Lino Vitti e seus vários livros

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Bisneta Alice

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BISNETA ALICE

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O Príncipe agradece a visita e os comentários

60 anos de Poesia


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Tempos de Escravatura : O Casarão


Lino Vitti

Na longínqua infância conheci os talvez últimos resquícios da escravatura: o último escravo João Baiano e o casarão onde residiram decerto os derradeiros “patrões”de quem meus avós maternos e os seus demais irmãos, vindos do Tirol Austríaco, adquiriram acabando por se transformar, com o caminhar dos tempos, nessa que é a hoje a florescente Santana.
A história completa e detalhada do próspero bairro vem escrita em livro de autoria do latinista, escritor e historiador professor Guilherme Vitti, cuja idade ultrapassa os 95 anos, e que foi Secretário Municipal da Prefeitura Piracicabana, e mestre de latim em vários estabelecimentos de ensino, dedicando-se depois da aposentadoria a assessorar o Poder Legislativo local, estimado por todos os servidores municipais de um e outro poder a que serviu.
Voltando ao casarão dos tempos da escravidão, digo que o conheci, nele nasceu minha mãe e os demais numerosos filhos dos avos maternos Ângelo Vitti e Noêmia Correr, cuja descendência ocupa muitos lares daquele bairro piracicabano, nos tempos de hoje, enriquece com sua cultura, trabalho e religião o país que os recebeu de braços abertos quando vindos cheios de esperança e fé no Brasil, da velha e continuamente guerreira Europa.
O velho casarão resistiu muito tempo, mas a modernização da vida e dos costumes, acabou por colocá-lo abaixo, mas deixando em minha memória a imagem daquele monumento e o que foi nas idades sucessivas do progresso e da história. E sobretudo ficou a poesia que nunca falta nas recordações dos importantes eventos, compondo o soneto abaixo com que encerro este punha de lembranças dos tempos idos e que não retornam jamais;
“VELHO CASARÃO

Casarão – mausoléu glorificado,
A entesourar recordações mediúnicas...
Rotas paredes, testemunhas únicas
Da história milenar de seu passado.

Solitário solar de horror povoado,
De duendes e fantasmas de alvas túnicas
O chão ressuma ainda ondas budúnicas
E há um cavo estalar de ossos no assoalhado.

No silêncio da noite o cassarão
Revive pelos velhos aposentos
Os dramalhões brutais da escravidão.

E quando dentre os desvãos do amplo telhado
Ganem soturnamente os longos ventos
São gemidos de um negro chicoteado...

Infelizmente aquele que era uma relíquia, uma página da história, um pedaço da vida daquele bairro, não resistiu aos impulsos da modernização, pois o velho casarão e todos os seus anexos, como maquinas de beneficiar arroz, cafe, moinho de milho, tulha e depósito de cereais, contra toda a expectativa dos tempos, foi posto abaixo pelas gerações que sucederam os velhos proprietários (os 5 irmãos vindos da Áustria), ficando apenas na lembrança daqueles que tiveram o ensejo de viver na época e ver de verdade, ao vivo, como se diz hoje na tevê, o casarão, moradia dos patrões de escravos.
A mim, poeta, ficou a obrigação cultural de dizer em versos o que foi aquela vivenda, cotada a fazer parte da minha vida, de vez que nela veio à luz do mundo aquela que seria minha querida e saudosa mãe.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

SER MONTANHA


Lino Vitti

Anseio de infinito, oh! cósmica montanha,
que buscas nesse afã silente, e pétreo, e vão?
Queres talvez deter, numa invasão estranha,
esse pálio estelar luzindo em profusão?

Vais abraçar o sol? Que impossível façanha!
Beijar, quem sabe, a lua em toques de emoção ?
E quando o temporal em chuva e vento banha
o mundo, não te faz bater o coração?

Quando vejo surgir no horizonte o teu porte,
qual vontade do pó de se elevar na altura
fugindo desta terra onde comanda a morte,

um profundo desejo a erguer-se me acompanha:
quero ser como tu, fugir desta clausura
e não ser nada mais que uma simples montanha!

sábado, 26 de novembro de 2011

CORPO DE CRISTO



Lino Vitti

Em Latim e como é usado na Igreja Católica, Apostólica, Romana, se diz Corpus Christi. Assim também é mais conhecida a festividade significativa pelos católicos de verdade. Tudo porém é a tradicional e real denominação da Festa ou Data em que é celebrada a instituição da Eucaristia, um dos maiores Sacramentos da Igreja recebido pelos cristãos condignamente no ato religioso mais conhecido como Comunhão.
É dever de todo católico comungar ao menos uma vez por ano, segundo ensinamento aprendido em mandamento da mesma Igreja: “confessar-se e comungar uma vez por ano pela Páscoa da Ressurreição”.
Ensinam ainda os preceitos da Igreja que a Eucaristia é o Sacramento em que Cristo se encontra inteiro, corpo e espírito, tudo para que se cumpra a mesma palavra transmitida por Jesus na última ceia a seus discípulos e, logicamente, a todos os cristãos e sucessores: “Tomai e comei todos Vós, Isto é meu Corpo que será entregue por Vós” e “Fazei isto em memória de mim”. Ora nada mais fácil de compreender que nesse instante Cristo estava instituindo a Eucaristia e dando poderes aos apóstolos e aos seus sucessores – os sacerdotes – que dessem continuidade a essa “ordem” emanada da boca do próprio Cristo nas derradeiras horas de sua vida na Terra.
Assim instituída a Eucaristia, até hoje ela é a mesma do momento de sua instituição, sendo portanto muito justo, muito cristão, muito dos membros e autoridades da Igreja de Cristo, marcar um dia comemorativo do grande Sacramento. Não só para recordar o insigne evento, mas para que os povos do mundo inteiro prestem a mais bela e incondicional homenagem à divina Eucaristia, pública e universalmente, pois é, não só recordar e prestigiar sua instituição, mas demonstrar sua verdadeira crença na palavra evangélica e nas próprias palavras de Cristo em sua passagem por este mundo.
Todos os povos do mundo compreendem o grande Sacramento divino, dignificam e honram a Eucaristia, como há pouco tivemos em Brasília, quando o Brasil promoveu mais um Congresso Eucarístico, importante, feliz e pródiga manifestação de fé, de adoração, de amor a Cristo-Eucaristia. E todos vimos o quanto é reconhecido e adorado o Cristo na Comunhão, não só neste país, mas em todas as nações onde se promove a santa festividade da presença de Cristo nas espécies do Pão e do Vinho sacramentais. Idosos, adultos, jovens, crianças, citadinos e gente do campo, lá estavam honrando, dignificando, adorando a Cristo Hóstia.
É isto o que quer dizer o Corpus Christi: demonstração pública da crença viva em Cristo na Eucaristia. Sejamos então coerentes, crendo, honrando, e adorando Jesus Eucarístico , nesta data santa em que o homem mostra que sabe ser grato Àquele que, antes de ser crucificado por nossa salvação, nos deixou para os séculos sem fim, o seu corpo, sangue e divindade: “Tomai e comei todos Vós...”
E para encerrar, ofereço aos amados leitores um pequeno poema sobre a
EUCARiSTIA
Eucaristia é felicidade
É união de todos os corações.
Mesa sagrada da mocidade,
Remédio e força nas tentações.

Quem na vida carece de auxilio
Vai a Cristo pedir solução.
Essa é fonte de amor para o jovem,
É de todos feliz comunhão.

Quando a dor nos espera e nos vemos
Machucados de pranto e de tédio,
Nesta Mesa acharemos alívio,
Neste pão acharemos remédio.

Alma alegre cantando e rezando
Eucaristicamente reunidos
Eis a vida conosco chegando,
Cristo em nós, corações compungidos.

Jesus Hóstia, Jesus juventude,
Vem a nós eucarístico e eterno.
Abre as portas do Céu a quem ama,
Fecha as portas do lúgubre inferno.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

DEZ ANOS DE AMOR


Lino Vitti

Não são dez anos de amor conjugal, de amor à arte, de amor aos estudos, de amor à profissão, de amor à beleza, de amor à natureza, ou de outros amores comuns e naturais. O amor de que vos quero falar é algo, diria até sobre-humano, pois só pode ter vindo do “amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”, proferido um dia pela voz divina. E de outra feita nos disse: “ama teu próximo como a ti mesmo”.
É deste, vindo dos lábios divinos de Cristo, que desejo falar, ou melhor destacar, nestas insípidas linhas com que costumo preencher esta coluna, generosamente aceita pelo caríssimo diretor Paulo, dono então desta crônica de hoje.
Trabalhei no Jornal de Piracicaba durante 25 anos e sei que não é nada fácil dar a lume um jornal, por mínimo que seja, por mais simples que se queira apresentar. São necessárias toneladas de esforço, de saber, de vontade, de luta, de trabalho enfim, para se colocar em folhas brancas de papel, as milhares e milhares de letrinhas, preenchê-las com material à altura de exigentes leitores, anunciantes e assinantes.
Pois é. E o Paulo Camolesi faz isso, faz um jornal que leva em suas páginas tudo quanto exige um leitor sadio e desejoso de conhecimentos culturais, sociais, religiosos e políticos. Informo porém que o Paulo não faz só isso (!) porque o semanário dele abrange outras mais nobres, altivas e importantes finalidades: é um dos amores de que falei acima. O amor ao próximo esquecido, desfavorecido da sorte, que em vida não encontrou o feliz caminho dos semelhantes e que precisa do amor deles para viver condignamente no mundo social da vida.
Paulo une cultura e caridade na publicação deste querido semanário. Angaria mantimentos, indispensáveis à vida, aos irmãos de caminhada, aos que lutam para fugir da miséria e da fome, no que tem sido feliz, pois tem encontrado a colaboração dos irmãos de fé na vida e no amor ao semelhante. São toneladas e toneladas de alimentos e necessidades humanas que ele consegue angariar(não sei como, lhe pergunto muitas vezes) e levar aos lares menos favorecidos, encontrando sempre a cooperação de quem como ele acalenta o mesmo idealismo nobre de servir ao próximo.
E esse trabalho, abençoado por Deus certamente, já comemora dez anos. Dez anos que serão anotados no livro de São Pedro, em favor daqueles que se sentem felizes em ajudar o próximo necessitado.
Os povos, a vida, o mundo não param. O que era ontem, já não é hoje, o que é hoje já não será amanhã. Por isso há uma necessidade inexorável de se ter olhos de lince para ver os passos que o mundo dá, para ver as mudanças que o mundo sofre, para ver as necessidades que crescem dia a dia, para ver onde estão os pontos a exigirem as atenções humanas como parece são vistos pelos olhos cristãos do diretor deste semanário. E Deus tem compensado o seu trabalho, uma vez que encontra entre os seus conterrâneos o apoio que constrói e dá amplidão ao que se faz de bom e de bem neste avançar do tempo.
E digamos, Paulo: graças a Deus.

terça-feira, 22 de novembro de 2011

DOIS EXTREMOS: A CRUZ E A FORCA

(Foto arquivo Ivana Negri)

Lino Vitti

(Ao Ésio poeta, com admiração, pelo seu belíssimo poema sobre o apóstolo Judas)

A tarde se cobria em trevas e tristeza
envolvendo de dor homens e natureza,
envolvendo de luto a terra criminosa.
Agonizava um Deus numa cruz tenebrosa,
na companhia atroz de dois pobres ladrões.
Era a tarde da Morte e a tarde dos perdões.
“- Perdoa-lhes, Meu Pai, não sabem o que fazem,
seus toscos corações em mil pecados jazem!”
Que grandeza divina, oh! que perdão sublime
que desfecho feliz para o ódio, ou o crime!
Ouvir do alto da Cruz a palavra que salva,
ouvir uma de colina, escalavrada e calva,
essa voz divinal a perdoar os pecados,
dos míseros mortais à dor escravizados.

E enquanto a luz do sol morria no horizonte
morria uma Outra Luz na cimalha de um monte!

Morria? Oh! não! Um Deus não morre nunca,
jamais pode findar um Deus à garra adunca
da Morte! Foi somente um sono passageiro,
da Eternidade foi um segundo altaneiro.

O suplício da Cruz foi um abraço imenso,
desceu do Céu à Terra, um celestial incenso:
o incenso do perdão, santo incenso do Amor,
o Calvário era, então, luzente e almo Tabor.
Para lá se voltava o ansioso olhar do mundo,
nesse extremo momento feroz e iracundo,
em busca da Verdade, e a Paz do coração,
o Gólgata a luzir fulgores de Perdão,
uma Cruz a espargir da Vida o Amor fecundo,
uma Cruz a abraçar a imensidão do mundo!

No outro extremo do Monte Sacrossanto
reinava o desespero – esse tétrico manto –
envolvendo o traidor Apóstolo de Cristo
a quem dera também o signo de benquisto.
Ao invés de uma Cruz, uma Forca terrível,
balouçando ao sabor de uma corda insensível!
O vento a assobiar tragicamente canta
a elegia da corda apertando a garganta
do apóstolo infeliz, tão ingrato e infeliz,
que de Deus o perdão desprezou e não quis.

Uma Forca e uma Cruz, dois símbolos de morte,
ambos a conclamar enigmática sorte.
Patíbulo de Cristo, a Cruz trouxe o perdão,
a Forca traz, porém, dura condenação.

No extremo de uma Cruz sucumbe a Imensidade,
no extremo de uma Forca, acaba a falsidade.
Frente a frente estão dois extremados destinos,
um apenas Amor, outro só desatinos.
Do Calvário, a fulgir, brota a Luz santa e pura,
Da Forca brota o horror em forma de criatura.

No topo, grande Cristo, o instrumento sangrante,
se fez, ao receber-te, um opróbrio triunfante,
enquanto o rude galho onda a corda balança
é o símbolo fatal da vil desesperança.
Extremos que jamais se tocarão, porque
unirem-se Ódio e Amor, na vida não se crê.
A traição e o Perdão repelem-se, são polos
criaturas que jamais terão os mesmos colos,
jamais se encontrarão do mundo no vaivém,
porque a Traição é o Mal, porque o Perdão é o Bem.

“Melhor fora jamais haver você nascido”
disse Cristo ao Traidor, e “embora arrependido,
não poderá aceitar o meu perdão divino.”
Que desdita infernal, que terrível destino!
“Seguidores terá, no entanto nesta terra
homens que trairão, homens que farão guerra.
Florirão as traições e muitos seguidores,
palmilharão a estrada estulta de seus passos.
Muitos adorarão o dinheiro e os favores,
muitos pedras darão em lugar de dar flores,
como você, darão os traiçoeiros abraços.”

domingo, 20 de novembro de 2011

Ser Príncipe ... dos Poetas

Desenho da bisneta Alice

Lino Vitti

São Paulo tem o seu príncipe dos poetas: Guilherme de Almeida. O Brasil tem seu príncipe dos poetas: Olavo Bilac. Piracicaba, (que não aprecia nada em ficar atrás) através de sua Academia de Letras, têm também seu príncipe dos poetas.
E a que vem esse título honroso e cobiçado? Quem faz jus a ser príncipe dessa maravilhosa invenção humano-literária a que chamam, desde os primórdios, desde Davi, passando por Homero, Camões, Bilac.chegando a Francisco Lagreca, Marina Tricânico, Newton de Mello, Elias de Mello Ayres, resvalando pelo grande Gustavo Teixeira, “ a que chamam”, repito, Poesia? Ora, é aquele que vive a poesia, compõe a poesia, divulga a poesia, enriquece a pátria de poesia: simplesmente, o Poeta.
Dizem que o poeta nasce já poeta. Discordo, pois sou poeta e sei que na infância roceira nunca me passou pela cabeça ser o que sou hoje – príncipe dos poetas piracicabanos. Quando muito meus contatos com a poesia era recitar versos nas festas escolares de fim de ano. No seminário em que passei muitos anos estudando e buscando uma vocação, era proibido poetar, Portanto a poesia, em minha vida chegou depois dos l8 ou 20 anos e, graças a Deus perdurou até hoje quando dou os últimos passos para chegar à feliz idade dos 90 anos…
Na vida mora a poesia permanentemente. No ser humano, ela habita a alma, o coração, E quando alma e coração divisam-na em tudo e por tudo, na paisagem, no céu, nas noites estreladas ou de luar, no despontar e no descambar do sol, no afagar das brisas ou no corcovear do tufão, no amor e na justiça, na oração e no afeto, a alma e o coração se entregam ao doce mister de transformar tudo em estrofes, em rimas, em poemas ritmados, em hinos e canções. O poeta vê, gosta, transforma a aridez de uma página de prosa, em candente poema. E nele coloca a beleza dos tropos, o encanto das figuras literárias, muito de sonho e felicidade, empresta de Deus umas pitadas de divindade e aí surge ela, linda, gloriosa, imensa, genial. Surge a poesia.
Muitas vezes já transmiti ao meu reduzido número de leitores, a importante, valiosa e verdadeira opinião de um professor universitário, enaltecendo o apoio dos nossos diários à poesia, reservando-lhe uma página ou meia página, ou um pedaço de página que seja, para divulgá-la e dar oportunidade a que todos (e quantos !!!) os poetas piracicabanos extravasem sua poesia e a comuniquem aos conterrâneos. É verdade porque a imprensa sabe o quanto a poesia é amada, cultivada, produzida, divulgada e com que prazer e feliz curiosidade os leitores a buscam e apreciam. E não muitas as cidades que têm essa ventura literária.
A poesia é o reino da beleza, da arte, do encanto, dos sonhos e do amor. Ser príncipe desse reinado é algo extraordinário que chegou até mim que, cainhamente, o guardo a sete chaves de ouro pois o considero um tesouro ganho graças à minha longa e feliz dedicação à poesia piracicabana. Que não é pouca coisa!

sexta-feira, 18 de novembro de 2011

A PROCISSÃO

Foto Santa Olímpia


 LinoVitti

Hoje é dia de festa na cidade.
Desde cedo há repiques... dlim... dlém... dlom...
E a criançada na sua alacridade
Bate palmas de gozo e ingenuidade:
"Hoje tem procissão... que bom... que bom!"

As esquinas estão "assim" de gente!
Vai passar, à tardinha, a procissão...
Já vai chegando, vagarosamente,
Tranqüilamente, majestosamente,
Com círios a luzir, em profusão.

Que curiosa impressão a dessas velas,
Duas a duas, marchando, devagar;
Lembram duas fileiras paralelas
De postes que acendessem suas tochas amarelas
E saissem, depois, a desfilar!

É noite, agora, noite quase fria.
Por que as estrelas que o infinito encerra
Desceram todas da azulada via
E vieram postar-se em romaria
Numa longa via-látea aqui na terra?

Caíram todas como por encanto
No pavio das velas das velhinhas
Dessas velhinhas boas, de olhar santo,
Que estão sempre a rezar, que rezam tanto,
que estão sempre a dizer Salve-Rainhas?

Vamos lá em cima. Que grandioso, veja!
E' um rio líquido de luz rolando,
Cuja nascente é a porta de uma igreja;
Abraça os quarteirões de espuma luminosa,
silenciosa;
Corre as ruas; de novo se despeja
Pela mesma porta grande e generosa
donde saiu, cantando.

Veja os marianos com sua larga fita,
Os anjinhos, agora, de asas alvas;
As filhas de Maria, na alvura mais bonita,
Vêm mulheres, depois, vestindo chita,
E, enfim, os homens com suas testas calvas.

Dentro da igreja, sim, tudo está lindo!
O vigário saiu todo de novo!
O órgão canta baixinho, diminuindo,
E a Virgem mãe, do altar, está sorrindo,
Enquanto o sacerdote abençoa o seu povo.

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

DIA TRISTE


 Lino Vitti

Temos todos na vida um dia triste,
Um qualquer desses dias que vivemos.
Qual seja a sua razão não o sabemos,
Não sabemos o que é, no que consiste.

É uma tristeza incógnita que temos
Que, ao mesmo tempo, existe e não existe.
Leva-nos, num momento, a seus extremos,
Foge depois, e volta, e em nós persiste.

Não é essa do luto e da desgraça,
Nem a que, nas partidas, nos trespassa,
Nem essa da pobreza e da orfandade .

Imprecisa, profunda, quase doce,
Espezinha-nos a alma qual se fosse
Um espinho profundo de saudade.

domingo, 13 de novembro de 2011

TANQUE DELICIOSO



 LinoVitti

Sob a arcada pacífica da mata
O tanque pensa cousas espelhantes,
Dando, no fundo, às copas que retrata,
A visão de fantasmas vacilantes.

Arcoirisam-se círculos ondeantes
Na polidez da superfície-prata.
Há folhas por minúsculos mercantes,
Liliputianas barcas em passeata.

Há cochichos de flores e de vespas,
De gnomos escondidos nas corolas,
De impossíveis clarins, líricas violas.

E singrando de leve as águas crespas
Surge improvisamente, silencioso,
De patos, bando altivo e majestoso.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

PORTEIRA ANTIGA

(óleo sobre tela de Antonio de Mello)
Lino Vitti

Era ali, na saída do terreiro,
Ignoto Prometeu, preso aos mourões,
Que a porteira abre e fecha o dia inteiro,
Jeremiava crueis lamentações.

Uma tropa, um estranho caminheiro,
O coche, o altivo coche dos patrões.
Um carro gemebundo, um cavaleiro,
Escravos, e, do vento, os safanões.

Ao "nhééé" chorado respondia um "bá"
Num baque dolorido de canseira,
No mourão grosso de jequitibá.

Porém, jamais como ela houve porteira
E, como ela, jamais outra haverá,
Assim bondosa, e franco, e hospitaleira.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

O SITIO ONDE NASCI


Lino Vitti

Nasci num sítio cheio de mangueiras
No pomar.
(Eu não tenho vergonha de o confessar. )
Havia perto a fazenda de Santana
Alastrando casas desperdiçadamente
Nas fraldas da colina bem em frente.
De manhã cedo quando me levantava
E ia à janela,
Em desordem postadas as casas esparsas
Pareciam-se bem com um bando de garças
Que tivesse pousado no meio das copas,
Imóvel,
No dilúvio do banho matinal
E universal
Da luz do sol.

A casa onde eu morava era no cocuruto,
Na nuca alta de outra colina.
A chaminé esguia imitava um charuto
Baforando fumaça lá prá cima.
A casa onde eu morava
Andava ao sol o dia inteiro,
No terreiro,
De braços dados com a escola de papai.
E eu armazenava no meu peito
Um certo orgulho altivo e prazenteiro
Quando alguém me dizia: "ai,
Tudo isso é de seu pai?!".

Os eucaliptos desciam pela encosta
Num atropelo de troncos escamosos,
Sustentando no cimo a copa em flecha
Que deixava escoar, brecha por brecha,
Uma chuva luminosa de raios luminosos.
No estio, havia aqui tantas cigarras
Embalando o meio-dia preguiçoso,
Com suas cantilenas bárbaro-bizzarras,
Que eu supunha que cada tronco esguio
Tivesse uma cigarra em todos os seus nós!
Ou que cada folhinha viridente
Tivesse, internamente,
Aguda voz.

E os laranjais!
E o bananal lá embaixo
Com as folhas em faca contra o céu!
E o cafezal na procissão eterna pelas encostas!
E o paiol velho cuspindo espigas pelas fendas!
E os terreiros que no tempo da colheita,
Quando enxutos,
Secavam camadas grossas de café.
Quando a chuva, porém, os ensopava
O pessoal, depressa, o infileirava
Em montes aguçados como tendas!
E o pasto, as roças. . . e as estradas. . .
E, ao longe, serras, serras azuladas,
Que desejei tantas vezes conhecer.
Azuis, como eram azuis os castelos ideados
Na minha cacholinha infantil
Sedenta de saber.
Serras que limitavam o meu mundo,
Interrogando o horizonte anil:
"Que haveria além, além?. . . "
Anseio profundo...
O sítio onde nasci!

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

SERENATA AMOROSA



Lino Vitti

Tudo dorme nos braços do quietude
Sob o lívido gaze do luar,
Quando ao longe, da noite na amplitude,
Acorda a serenata a soluçar.

Voz dolorida, misteriosa e rude,
De um conjunto de moços a sonhar.
Almas a quem talvez o amor ilude,
E, põem-se, apaixonadas, a cantar.

Acordai, raparigas do povoado,
Abri as janelas que ela passa, agora,
Pranteando, em cada porta, um lindo fado.

Sois causa dessa música que chora,
E só por vós seu coração magoado
Há de cantar até surgir a aurora.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Lâmpada do Sacrário



Lino Vitti

Lâmpada do Sacrário, luminosa
e solitária lágrima de luz
aclarando a capela silenciosa,
olhar profundo e meigo de Jesus.

Lâmpada do Sacrário, confidente
do humilde voluntário da prisão.
Gota de amor tremeluzindo ardente
brotada do Divino Coração .

Pérola incandescente, recolhida
dia e noite, a velar junto do altar.
Estrelinha do Céu, do céu fugida
mais perto de Jesus quis palpitar.

Botão de fogo a debuxar o ambiente
de claridade pálida, lirial.
È ali ao seu lado, de joelhos crente,
é ali que está o eterno manancial.

Felizes crianças de sorriso louro
que buscais lindos sonhos e esperanças,
é ali pertinho da luzinha de ouro
que habita o amigo divinal das crianças.

Homens, mulheres, a quem a tristeza
prende em seus longos e mortais atritos,
erguei o olhar para a velinha acesa
e achareis o consolo dos aflitos.

Velhinhos da cabelos já nevados
que conheceis da vida os desenganos,
vacilantes no andar, já tão cansados,
sob o peso cruel de tantos anos;

quando fizerdes vossa prece à tarde
sustentando nas mãos longo rosário,
achegai-vos da lâmpada que arde
iluminando a porta do Sacrário.

Lâmpada do Sacrário, olhar divino ,
quanta inveja de ti comigo guardo!
Se ao menos fosse meu o teu destino
seria então o ser mais felizardo.

Fagulha inapagável da fogueira
desse amor que palpita sobre o altar,
Ama-O por mim a tua vida inteira,
pois vê como bem pouco O sei amar!

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Confissão católica em baixa?



Lino Vitti


Dentro da doutrina da Igreja Católica figura uma norma que institui o Sacramento da Confissão, isto é, o processo pelo qual quem comete um pecado mortal contra Deus, seus mandamentos e sacramentos ou determinações graves da própria Igreja, pode obter o perdão pelo cometimento através do Sacramento da Confissão oral, isto é a viva voz, feita a um sacerdote, bispo, arcebispo e ao próprio Papa(se for o caso).
Quando criança, a cada vez que um sacerdote ia celebrar missa na igreja dos bairros, éramos convidados a fazer a confissão para poder comungar durante a missa na manhã do dia seguinte, em jejum segundo era determinação religiosa. Todas as igrejas tinham o seu confessionário, uma espécie de cabine de madeira , onde ficava o padre atendendo aos fiéis que, após confissão oral, recebiam o perdão dos pecados, concedido por palavras e rito próprios estabelecidos previamente pela Igreja.
O processo da confissão era imutável e obrigatório para se obter de novo a graça de Deus, após todo e qualquer pecado cometido e conceder o retorno à grei católica ao pecador arrependido (condição inalienável para se obter o perdão).
O tempo é inexorável. Pouco a pouco vai introduzindo as suas alterações em tudo e por tudo, inclusive através do Concilio Segundo, realizado por determinações da própria Igreja, inseriram-se muitas alterações no ritual principalmente dos atos religiosos, inclusive no modo de ser da Confissão e da Missa, como os mais idosos podem notar e testemunhar e hoje parece que não há mais aquelas profundas exigências de antes, o que provocou mudanças e diferenças, nem a todos agradáveis ou por todos aceitas.
O Padre Zezinho(www.catolicanet.com), conhecido sacerdote teólogo, escritor, orador, articulista, expoente da Igreja, em artigo publicado no semanário local Folha Cidade, aborda em profundidade o assunto da confissão e do sumiço dos confessionários, o que não seria nada bom, conveniente e oportuno para a Igreja Católica , Apostólica , Romana.
E o sábio sacerdote assim encerra seu artigo: “Que o padre também ele pecador, revalorize este sacramento (Confissão) O povo certamente voltará. Não foi o povo que foi embora, fomos nós que fechamos os confessionários”.
Este trabalho foi escrito faz algum tempo, aguardando uma oportunidade para ser publicado, pois se trata de matéria importante na vida dos católicos, apostólicos, romanos. A oportunidade surgiu hoje, dia 21 de outubro, quando “A Tribuna de Piracicaba”, em entrevista dada por um sacerdote, trata do caso da Confissão na Igreja Católica. O entrevistado dá a entender que os confessionários já teriam desaparecido ou estão desaparecendo pouco a pouco das igrejas, o que parece uma realidade infeliz.

PRÍNCIPE DOS POETAS DE PIRACICABA

CURRICULUM VITAE
( Síntese de Vida)
NOME – Lino Vitti
IDADE – 08/02/1920
ESTADO CIVIL – Casado, em únicas núpcias, há 56 anos, com a Professora Dorayrthes Silber Schmidt Vitti
FILIAÇÃO – José e Angelina Vitti
NATURALIDADE – Piracicaba, Estado de São Paulo –Brasil
Bairro Santana , Distrito de Vila Rezende
VIDA FAMILIAR
Casamento Civil e Religioso em comunhão de bens, Pai de sete filhos: Ângela Antónia, Dorinha Miriam, Rosa Maria, Fabíola , Lina, Rita de Cássia, Eustáquio.
VIDA PROFISSIONAL
Aposentado como Diretor Administrativo da Câmara de Vereadores de Piracicaba, e como Redator do “Jornal de Piracicaba”. Exerceu atividades no comércio, no Magistério, na lavoura até os l3 anos, na municipalidade local, como bibliotecário, lançador de impostos, protocolista, Secretário Municipal.

VIDA CULTURAL
ESCOLA PRIMÁRIA –
Grupo Escolar “Dr. Samuel de Castro Neves”, Santana, seminarista vocacional ao sacerdócio por seis anos, no Colégio Santa Cruz, da cidade de Rio Claro (SP), onde cursou humanidades, línguas, religião, ciências, matemáticas, música.
CURSOS –
Formou-se Técnico em Contabilidade, lecionou latim, francês, datilografia.

VIDA RELIGIOSA
Católico, Apostólico, Romano, fez curso de religião em seminário dos Padres Estigmatinos, foi organista da Catedral e da Igreja de São Benedito, de Piracicaba, e Congregado Mariano.
VIDA LITERÁRIA
Bafejado por ensinamentos de sábios sacerdotes em colégio de formação religiosa, recebeu extraordinário acervo literário que lhe propiciou enveredar pelo caminho da poesia, da crônica, dos contos, do jornalismo, havendo editado de l959 a 200l sete livros de poesias e contos, com edições em milheiros de volumes, os quais estão aí para satisfazer o gosto daqueles que apreciam a arte literária.
São seus livros : “Abre-te, Sésamo”, l959; “Alma Desnuda”, l988; “A Piracicaba, Minha Terra”, l99l; “Sinfonia Poética”, de parceria com o poeta Frei Timóteo de Porangaba; “Plantando Contos, Colhendo Rimas”, l992; “Sonetos Mais Amados”, l996 e “Antes que as Estrelas brilhem”, 200l. O poeta conta ainda com o prazer de haver composto hinos para diversos municípios, bairros rurais, entidades sociais diversas, continuando a colaborar ainda, após os 83 anos em colunas literárias e com artigos de ordem geral em jornais da terra.
Faz parte da Academia Piracicabana de Letras que lhe outorgou o título honorífico de “PRÍNCIPE DOS POETAS DE PIRACICABA’.
Foi-lhe concedida Pelo Município de Piracicaba, através de sua Secretaria da Ação Cultural, a MEDALHA DE MÉRITO CULTURAL, “ Prof. OLÊNIO DE ARRUDA VEIGA’; é detentor do TROFÉU IMPRENSA, concedido pelo Lions Clube de Piracicaba, centro, e da MEDALHA ITALIANA, concedida pelo governo italiano de Benito Mussolini aos alunos de escolas e seminários de origem daquele país que tivessem se destacado em redação de trabalhos literários escritos na língua de Dante.
O Município de Saltinho, para o qual contribuiu com o Hino dessa comunidade municipal , conferiu-lhe o título de “Cidadão Saltinhense”.

DISCURSO

Por ocasião do lançamento do livro de poesias “Antes que as estrelas brilhem “, pelo poeta Lino Vitti foi proferido o seguinte discursos:

Exmo. Sr. Heitor Gauadenci Jr. dd Secretário da Ação Cultural

Exmo. sr. António Osvaldo Storel. dd. Presidente da Câmara de

Vereadores de Piracicaba

Exmo.sr. Moacyr Camponez do Brasil Sobrinho, dd. Presidente do Instituto Histórico e Geográfico

Exmo,. sr. Henrique Cocenza, dd. Presidente da Academia Piracicabana de Letras

Exmo.. Sr. Ésio Pezzato , anfitrião desta solenidade

Senhoras e Senhores

Pela sétima vez (graças a Deus) em minha vida lítero-poética vejo-me guindado a uma tribuna improvisada (o que é bom porque torna o fato mais popular), para proferir um discurso de agradecimento, ao lado da oferta de um novo livro de versos. É teimosia essa de poetas em desovar sua produção para que mais gente participe de suas tiradas, muitas vezes fora de forma e de ambiente, mas que o poeta não vê porque , ao editar um novo livro está cego pela emoção , como se fosse a vez primeira. Está aí o Ésio Pezzato, responsável por mais esta minha invasão no mundo das letras poéticas, para dizer se não é assim. Para dizer se não sofre também dessa doença feliz de editar livros e mais livros a ponto de perder a conta, já que a esta altura ele não sabe se já está no décimo ou décimo primeiro. E ainda continua batendo dedos de métrica, sabemos lá por quantos anos ainda !

Tenho um ex-colega de seminário, prof. Hildebrando André, aposentado como professor universitário e com o qual mantenho longa e pródiga correspondência, que não se cansa de enaltecer a felicidade de Piracicaba contar com tantos poetas e poetisas. Tem razão ele, pois se apenas dois deles já conseguiram editar l8 livros de poesia, imagine-se as centenas que seriam necessárias para dar um pouco de vazão a essa raridade intelectual que toma conta da minha terra!

Este meu livro vem à lume por obra e arte do prefeito José Machado , seu Secretário da Ação Cultural e de seu zeloso servidor Ésio Pezzato que se entusiasmaram diante da recitação de diversos poemas meus por um grupo de jograis, alunos da UNIMEP, e impressionados decidiram patrocinar a publicação deste livro, pois entenderam que Piracicaba poética merecia conhecer em mais profundidade o seu príncipe da poesia. E aí está, lindo e impecável, entregue às mãos do povo de Piracicaba, que indistintamente de cor, estudos, intelectualização , posses financeiras, categoria de trabalho, com religião ou agnóstico, jovem ou adulto, roceiro ou citadino, aí está, para quiçá, momentos de lazer e sonho. Sonho , sim, porque a poesia é terrivelmente sonhativa , vive no mundo da fantasia, alicerça-se nas bases da emoção e brota do âmago mais profundo do poeta, e para que as filhas de Eva não reclamem, da poetisa também.

Alguém me perguntará? Como é ser poeta? Juro, nunca pensei nisso. Acho que ninguém consegue ser poeta. Já é. Nasce feito, como dizem.

não é verdade Maria Cecilia, Ivana Maria, Ésio Pezzato , Prata Gregolim, Marina Rolim, Valter Vitti, Mario Pires, Saconi, e tutti quanti enfeitam com seus lindos versos as páginas do “ Jornal de Piracicaba, ou da “Tribuna Piracicabana , e assim também esse cacho imenso de livros poéticos que quase semanalmente são dados ao conhecimento e sentimento público de nossa terra ? Tornando-se um privilégio de uma cidade, como disse alhures o supra citado meu colega seminarístico Hildebrando André. ?

Não se suponha que para ser poeta é preciso ter nascido em berço de ouro ou em centros intelectuais de enorme repercussão. Nada disso. Tenho um soneto que define bem esse fato. É assim: “Eu não sou o poeta dos salões / de ondeante, basta e negra cabeleira] não me hás de ver nos olhos alusões / de vigílias, de dor e de canseiras. // Não trago o pensamento em convulsões,/ de candentes imagens, a fogueira. / não sou o gênio que talvez supões/ e não levo acadêmica bandeira.// Distribuo os meus versos em moedas/ que pouco a pouco na tua alma hospedas / - raros , como as esmolas de quem passa. / Mas hei de me sentir feliz um dia/ quando vier alguém render-me graça/ por o fazer ricaço de poesia. // “ . Poetas e poetisas saem do nada , devem trazer o selo ou o bilhete de entrada nesse reino encantado desde o útero materno, embora ouse eu afirmar que a vida é também uma grande mestra , as influências da mentalidade circunvizinha,

o próprio meio ambiente, podem , em circunstâncias outras , plasmar um poeta .

Eu fui plasmado , por exemplo, por entre maravilhas campestres. A roça ou o campo são fantásticos criadores de poesia. Ela anda atapetando por todos os cantos a natureza, as gentes, os animais, os atos e fatos. e a cabeça daqueles com quem ela convive. E o poeta, criador por excelência, se abebera de todas as belezas esparsas pelas colinas, serras, vales e descampados , para transformar tudo em versos e rimas, ou em versos simplesmente, onde pululam , como cabritos silvestres, as figuras literárias, os tropos, as sínteses, as comparações, e todos os anseios que lhe vão no imo da alma. Para satisfação própria e para satisfação dos que convivem com o poeta. E´ por isso que se botardes olhos curiosos sobre meus poemas havereis de tropeçar a todo o momento com um motivo roceiro, pois trago uma alma plasmada pelas belezas rurais de Santana, Santa Olímpia , Fazenda Negri, e especialmente por aquela colina encimada ,no cocuruto, pelo prédio do grupo escolar, onde aprendi a ler e escrever e a poetar.

Peço desculpas por haver-me prolongado um pouco nestas elucubrações poéticas, desobedecendo aos conselhos do amigo Ésio que continua exigindo de mim discursos improvisados, o que seria tão para os ouvintes , que ansiosamente aguardam o momento de bater palmas acabando assim com a verborragia oratória.

Não posso entretanto encerrar esta breve alocução sem deixar consignados meus agradecimentos do fundo do coração ao prefeito José Machado ,ao seu Secretário da Ação Cultural Heitor Gaudenci Junior, ao seu sub-secretário poeta Ésio Pezzato, ao prefaciador Moacyr de Oliveira Camponez do Brasil sobrinho, aos queridos opinadores Maria Cecília Bonachella, Maria Ivana França de Negri, exímias poetisas, prof. Elias Salum e a minha filha Universitária Fabíola Vitti Moro, pela maravilhosa capa, Editores e toda equipe de funcionários , à minha esposa pela sugestão transmitida ao prefeito com relação ao advento desta obra, aos digitadores Nair , minha nora e neto Leonardo, e outros que possa ter esquecido, como é fácil em cachola idosa, - meus agradecimentos repito, pela reunião de esforços e trabalho que tornaram possível o advento de mais um livro de minha lavra.

Obrigado “ em geralmente” como dizem nossos cururueiros, aos que ilustraram com sua arte musical esta solenidade e assim também a todos quantos acharam um tempinho para vir prestigiar-me nesta tarefa de cultura e arte. Levem a certeza de que nada mais desejo do que engrandecer com minha poesia a terra que me viu nascer, a terra que me viu crescer, a terra que me proporcionou oportunidade para chegar a um cargo tão nobre quão dignificante de “Príncipe dos Poetas de Piracicaba”

Meu carinhoso obrigado também aos meios de comunicação, de modo especial “Jornal de Piracicaba”, na pessoa de seu Editor Chefe Joacyr Cury , de “A Tribuna Piracicabana”, na de seu diretor Evaldo Vicente, pela divulgação caprichosa deste evento que afinal nada mais é do que mais uma demonstração da exuberância cultural da Noiva da Colina.

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