Lino Vitti - Príncipe dos Poetas Piracicabanos

Lino Vitti - Príncipe dos Poetas Piracicabanos
Lino Vitti- Príncipe dos Poetas Piracicabanos

O Príncipe e sua esposa, professora Dorayrthes S. S. Vitti

Casamento

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Bodas de Prata

Bodas de Prata

Lino Vitti e seus pais

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Lino Vitti e seus vários livros

Lino Vitti e seus vários livros
Lino Vitti e seus vários livros

Bisneta Alice

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BISNETA ALICE

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O Príncipe agradece a visita e os comentários

60 anos de Poesia


domingo, 30 de setembro de 2012

Hoje não tem poesia




                                                            Ivanete Degasperi
De tão triste o meu dia,
flor do campo não se abriu.
Sem teus olhos, meu amor,
não colhi nenhuma flor,
inspiração me fugiu.

Tão sem enredo a minha história,
algo doce na memória
eu procurei.
Lembranças pedem pra chamar
quem eu não vi passar
e nem mais encontrarei.

Hoje não tem  poesia,
anoiteceu o meu dia
e não te vi voltar.
E se não houver poesia
sei que minha fantasia
com o tempo vai rasgar!

sábado, 29 de setembro de 2012

GENTE PARA TUDO



                                                    Jair Vitti

Podemos notar são sempre as mesmas pessoas que frequentam os ambientes,
seja para ir à igreja, assistir futebol ou frequentar clubes.
         Existem as pessoas forrozeiras, outras esportistas, outras que gostam de
pescaria, praianos, jogadores de baralho, caçadores (mesmo a caça sendo
proibida), gente que vive dentro de uma oficina fazendo horas extras,
frequentadores de bares, pessoas que não saem de casa e sabem tudo o que se
passa no mundo.
Cada um defendendo seu lado, até para ir ao médico existem as pessoas
certas, estão sempre no pronto socorro por qualquer coisa insignificante e
muitas vezes tomando o lugar de pessoas que realmente precisam ser
atendidas.
Outras gostam de ir visitar doentes, velórios, mas não passa daquilo,
parece que o mundo foi feito desta maneira e o engraçado é que pode fazer
sol ou chuva os frequentadores dessas coisas todas estão presentes da mesma
forma.
Você já imaginou assistir a uma partida de futebol embaixo de chuva ou com
aquele sol ardente? É preciso ter dom. Certa ocasião tive a oportunidade de
assistir a partida São Paulo X Palmeiras no Estádio do Pacaembu, o calor
devia estar em torno de quarenta graus, no término do jogo faltou pouco para
ir para o hospital de tão mal que me senti. Deus do céu, não sei como os
torcedores aquentam e se sentem bem em tal ambiente!
Pescar à noite também é outra dose, pernilongos, cobras e outros perigos que
o rio nos oculta.
Os boêmios então parecem corujas, viajam a noite toda, aqui acolá
enfrentando os perigos das estradas enquanto outras pessoas às sete horas da
noite estão dormindo. É muita diferença!
Acreditem se quiser, há pessoas que gostam de ficar doentes e se sentem
bem quando o médico diz que é doença grave. Outras pessoas ficam felizes de
estar com o armário cheio de remédio de todos os tipos, outras já
acostumadas a tomar remédios vão à farmácia por conta própria e se auto
medicam.
Por incrível que pareça, algumas pessoas quando o médico faz a receita ainda
perguntam : -Doutor posso tomar outros remédios além desses?
Sem exagero, conheci uma pessoa que tomava seis comprimidos de Melhoral por dia e quando recebia visitas, além de oferecer o cafezinho oferecia também
um Melhoral.
Resumindo, existem pessoas pra tudo. 

GENTE BOA DE SANTANA



MÁRIO VITTI

                                                    Lino Vitti

Dentre as pessoas que merecem ser lembradas nestas cronicazinhas figura sem dúvida o meu tio Mário Vitti, filho de Jorge e Rosa Cristofoletti, cuja moradia ficava nas proximidades do Grupo Escolar, hoje Escola Estadual com ensino primário e secundário. Ele era meu tio em virtude de ser irmão de meu pai, aliás de numerosa irmandade mista, figurando meu progenitor como o mais velho e o tio Mário como o caçula.
Fomos, a bem dizer, colegas de infância, participando da mesma escola e dos mesmos divertimentos infantis, às vezes também de tarefas roceiras, das mesmas pescarias e caçadas.
Era muito dedicado na lavoura enquanto nela trabalhou, pois depois de certo tempo optou pelo serviço público como servente-contínuo de escola do Estado de São Paulo, inicialmente no próprio grupo escolar do bairro, depois em estabelecimento da cidade onde veio a se aposentar.
O forte do meu tio Mário era a religião, herdada especialmente de sua mãe, minha vovó Rosa. Foi Congregado Mariano fervoroso e ativo, sendo praticamente responsável pela introdução dessa entidade católica no bairro de Santana. Com que amor e orgulho ostentava a sua Fita Azul, símbolo do marianismo, com que fervor participava das rezas, vias-sacras, retiros, missas e comunhões, e não tenho dúvidas em proclamar alto e bom som que ele era um congregado modelo, exemplar, a ser imitado em sua fé, em seu cristianismo por todos quantos o cercavam. Indicado para presidente da Congregação Mariana soube conduzí-la com carinho e capacidade modelares, crescendo muito em fé e em religião a instituição, graças ao seu trabalho, ao seu exemplo, aos ensinamentos que sempre soube transmitir aos demais membros de diretoria e congregação.
Mesmo mudando-se para a cidade, tio Mário não esqueceu a religião, participando de atos e atividades da Igreja com aquele mesmo ardor de sempre, constituindo família numerosa sob as bênçãos do Senhor a que sempre serviu.
Tio Mário deve ser considerado uma pessoa especial dos bairros Santana e Santa Olímpia, cristão e católico convicto, exemplo do probidade e virtude, honrado pai de família e um cidadão de primeira linha.
Rendamos-lhe pois nossa sincera homenagem.

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Oficina de Origami na Biblioteca Municipal

 Richard Anthony Kennedy e Dorinha Vitti
Biblioteca Municipal
 Texto e fotos: Clara Grizotto

CEDHU promove oficina de Origami na Biblioteca Municipal
Os inscritos aprenderão a fazer modelos de rostos e máscaras
Nos dias 20 e 27 de setembro e 4 de outubro (quinta-feira), acontecerá na Biblioteca Publica Municipal “Ricardo Ferraz de Arruda Pinto” a Oficina de Rostos e Caricaturas em Origami, orientada pelos artista Dorinha Vitti e Richard Anthony Kennedy. A oficina é uma realização do CEDHU (Centro Nacional de Documentação, Pesquisa e Divulgação do Humor Gráfico de Piracicaba) e faz parte da grade do 39º Salão Internacional de Humor de Piracicaba.
Na oficina serão apresentados tipos simples de faces e máscaras, como de homens, mulheres, índios, animais e monstrinhos, além de modelos como bocas que abrem e fecham para se relacionar ao riso. Dependendo da idade dos participantes e da evolução nos trabalhos poderá  haver origamis mais complexos.  Não é necessário levar material, pois esse será fornecido pelo CEDHU. 
As oficinas terão início às 14h30 e término às 17h00 e as vagas são limitadas. Para se inscrever é necessário ligar na Biblioteca Municipal, pelo telefone 3433-3674 e 3434-9032.
 Texto e fotos: Clara Grizotto

Datas: 20 e 27/setembro e 04/outubro – quinta-feira
Horário: 14h30
Local: Biblioteca Pública Municipal “Ricardo Ferraz de Arruda Pinto”
Endereço: Rua Saldanha Marinho, 333, Centro
Gratuito

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

A CARIDADE


Jair Vitti

             A palavra caridade na prática, quer dizer dar um pouco de si aos outros e não a sobra, como costumamos fazer e, além do mais não deve ser cobrada. Seria dividir o sofrimento com os nossos irmãos necessitados e até mesmo, em alguns casos, inclui-se a situação financeira.
            É certo que hoje em dia existem muitos malandros por aí, disfarçando-se de doente e deficiente mas dá para perceber quando alguém está precisando de ajuda. Na verdade, são inúmeras as pessoas que pedem esmolas se for ajudar todo mundo até aquele que pode dar vai ter que pedir esmolas. Desde então não é preciso ajudar com grande quantia, basta a última moeda. Se todos nós fizéssemos a nossa pequena parte, sem lastimar, seria bem melhor do que humilhar as vítimas esmolantes ou no caso de não querer ajudar pelo menos dar uma palavra de apoio ou de consolo!
            Às vezes o dinheiro não é tão necessário como um bom diálogo. Uma palavra de conforto é capaz de mudar o rumo das pessoas, principalmente daquelas que estão em desespero.
Será que nós seríamos capazes de dividir alguma coisa com alguém que precisa?
Certa feita conta São Martinho caminhando por uma estrada com seu cavalo viu o demônio sentado numa pedra; estava tremendo de frio.
São Martinho, bem agasalhado, vestia um capote. Acaridou-se, apeou do cavalo, puxou a espada e dividiu o capote pela metade e cobriu o demônio.
Por aí podemos tirar uma conclusão: a caridade praticada com um gesto de amor e carinho até para o demônio é válida.
Por isso quando ajudamos alguém, não vamos querer distinguir quem é e quem for; não saiba a mão esquerda o que faz a direita, é válida a intenção.
O Papa João Paulo Segundo, num trecho de um livro que narra sua vida, quando adulto trabalhava numa pedreira e eis que numa manhã friorenta viu um homem sem agasalho tremendo de frio. João Paulo praticou o mesmo gesto que São Martinho, tirou seu agasalho e vestiu o pobre homem.
Quando alguém pede esmola ou precisa de ajuda seria bom refletir; se fôssemos nós no lugar dessas pessoas? Já se imaginou quantas vezes são humilhados no dia a dia? Estamos tão acomodados e nem passa pela nossa cabeça de parar e pensar sobre o assunto.
Podemos dar graças a Deus de poder ajudar os outros.
É melhor poder ajudar do que pedir.
           

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

ESCREVER LIVRO



                                                           Lino Vitti

            Você, amigo, que vive tentado pelas letrinhas tipográficas e pelas ideias escrevinhantes,  ansioso por ver seu nome na capa dessa coisa chamada livro, já foi vencido pelo diabinho intelectual para fazê-lo, já dispõe de material suficiente,  dinheiro “ ad hoc”( suficiente idem), revisão importante, número da edição e (amigos compradores) ou apenas estás envolvido num sonho que sai caro e nem sempre ou quase nunca, consegue tantos leitores quantos milheiros  pretende  imprimir?
            Garanto que não. E o pior (talvez não) é que o autor dessa tentadora iniciativa cultural em geral o faz  só pensando  na maravilha de um livro idealizado e editado e escrito pelo seu sonho, pela sua ilusão, pela tentação de ver na capa aquele seu nome assumir a grande responsabilidade de aparecer nalguma estante, nas livrarias, nas bibliotecas e ler nos jornais a mais bela notícia de sua vida: título, finalidade, assunto, esperança, fé e outras importantes virtudes do mundo da arte escrita.    
            Escrever um livro, vê-lo lindamente trazer impresso  em seu misterioso bojo aquelas idéias que há muito tempo viveram colubrejando   em seu íntimo  criador, eis uma das mais generosas aspirações humanas a que uma vítima do livro pode ter, e vê-la realizada, posso afirmar por experiência própria,   será o supremo presente da vida, uma realização da personalidade do autor, o final feliz de um sonho feito realidade, a concretização, em páginas, da mais feliz  das aspirações, de uma inteligência que busca nada mais, nada menos, do que transmitir-se e numa estranha simbiose unir intimidades artísticas, numa só pessoa, numa só alma, num só saber. Quem corajosamente escreve um livro é um herói, não da guerra ou da bravura de um gesto salvador, mas da profundeza da sua generosidade intelectual, e sentir-se-á soberanamente feliz  se alguém, numa hora qualquer, se aproximar dele e lhe disser: muito bom, obrigado.
            Confesso que fui vítima dessa conspiração intelectual. Desde os tempos seminarísticos vi-me envolvido por essa aspiração generosa da vida  na busca de colocar em letra de forma aquelas criatividades de uma fantasia sôfrega pelas belas ou rebuscadas frases da poesia e da prosa, tendo como resultado a edição de sete livros de poesia e contos, espalhados pela e para a colheita piracicabana a que desejei entregar um pouco da minha alma, caipira é verdade, mas urbanizada pelos caminhos que a cada um de nós esperam, feitos de  personalidade e intimidade, de anseios  e sonhos bons, onde deixei nadando em poemas e escritos, a alma escondida atrás de rimas e  frases criações literárias, forma essa que serve para perpetuar-se um tanto da pessoa que somos e ficará na memória dos pósteros e da vida.
            A oferta de um livro à sociedade, em geral é feita em reunião de amigos, admiradores, desejosos uns e outros de conhecer a capacidade criadora do autor e encontrar as ricas belezas que moram no seu intelecto(dele) e são eternizadas nas páginas, antes em branco, agora estigmatizadas com as maravilhosas letrinhas da imprensa. É um sonho altamente realizável  e motivo de felicidade intelectual e o cúmulo de tudo é ver o autor aquela síntese maravilhosa de sua arte e cultura perpetuada num livro e que pode ser apreciada pelo mundo das cabeças pensantes e recheadas de amor e mensagens do belo, do culto, do feliz, do sonhado.
            E aos que me lêem ou leram e conheceram algo de meu ser cultural, agradeço e lhes digo de coração: Deus lhes pague. E pague não  só a mim, mas a todos aqueles que imbuídos da mesma fé cultural confiam aos irmãos de arte escrita e transmissão de idéias e belezas literárias, os seus generosos trabalhos, resultado de seu amor à difusão dos mesmos entre comparsas de idealismo e os estimados leitores.

sábado, 22 de setembro de 2012

A CURRUIRA




                                 Jair Vitti

Um pequeno pássaro, se alimenta de insetos, vive entre as moitas, montes de lenha e ranchos. Constrói seus ninhos em buracos de árvores, mourões, paredes, canos, canudos de bambu. Geralmente o ninho que este pássaro constrói é de crina de animais e pena de aves; saltitante, sempre em movimento, não pára um instante sequer, desaparece facilmente entre os arbustos e tapumes.
Entre todas as curruíras que eu conheço esta foi mais longe ou digamos, é modernizada. Fiquei surpreso quando meu sobrinho Jonas mostrou-me o ninho de curruíra num buraco de tijolo-bloco em uma das paredes da sua fábrica de artefatos de cimento e quartarolo.
Para montar as vigas de cimento, postes e vasos é usado arame recosido e os pedaços da sobra são jogados ao chão; esta curruíra de que falamos trasnportou pedacinho por pedacinho desse arame e construiu seu ninho e o mais surpreendente é que bem na parte da entrada do pequeno buraco colocou umas forquilhas em V para espetar os predadores que se aproximassem.
Pela minha curiosidade também fui espetado em um dos dedos por querer observar. É a primeira vez que um pequeno pássaro constrói seu ninho de ferro, pode ser a atualidade do modernismo ou a falta da matéria prima e isto gera dificuldades até para os pássaros.
Nos dias de hoje, para construir seus ninhos eles têm que se adaptar a tudo e mudar o modo de alimentação, pássaros que se alimentavam de sementes atualmente pela escassês do produto se obrigam a alimentar-se de frutas ou, vice-versa, de outras espécies.
Não demora muito que os pássaros, com o progresso desenfreado, vão usar argamassa e cimento para construir, principalmente o João de Barro e o sabiá que estão acostumados a usar argila na construção. Se a moda pega, com este ritmo do progresso, os pássaros, aos poucos não ficar mais inteligentes forçosamente pela situação e o chupim, que representa os ursupadores, vai ter de mudar seu modo de vida, também tem de construir seu ninho e se virar porque o tico-tico vai descobrir que não é obrigado a sustentar outros pássaros a não ser seus filhotes, gerados por ele mesmo. A partir de então, vai acabar a vagabundice é o que deveria acontecer neste terceiro milênio; a humanidade também precisa tomar uma atitude de transformação para acabar com essa história de corrupção.       

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

PRIMÓRDIOS POÉTICOS



DEPOIS DA INFÂNCIA (XV)


                                                              Lino Vitti

Dizem por aí que a velhice é um retorno à infância. Cem por cento exato, ao menos quanto a este encanecido cronista que outra coisa não tem feito nestes últimos anos do que voltar e reviver, ao menos em escrivinhações, àquele tempo que – devo afinal convencer-me – não retornará jamais.
Inconformado contudo com essa absurda exigência da vida que é deixá-la infalivelmente, levo o teimoso espírito, na forma de saudade incontida, a divagar até as distâncias infantis ou, ultimamente, adolescentes, para desfrutar (se é que se pode desfrutar daquilo que entristece e consola ao mesmo tempo) da fantasia do passado, onde deixei, inclusive, os prenúncios do que seria hoje: um mero e mal conhecido poeta, aprisionado entre os limites pétreos de  uma cidade, de um bairro, de alguns colegas com quem mantenho ligações literárias além da fronteiras e que ainda sabem existir em Piracicaba um estapafúrdio “príncipe dos poetas”!
Volto, pois, mais uma vez – se alguém me acompanha nestas linhas recordativas – àquela “aurora da poesia”– como escrevi em elucubrações cronísticas anteriores, para ressuscitar aqui, depois de m sono gaveteiro de mais e 60 anos, os lampejos da minha primeira poesia, escritos a medo e num momento de temor regimental (no seminário não se permitia perder tempo com poetas e poesia!). e depois de muita procura em meio à bagunça das gavetas de que, creio, todos os poetas, jornalistas, cronistas e escritores do mundo, devem ser exemplos indefectíveis, reavivei dois trabalhos dos idos de 1935 (!). 2000 menos 1935, temos a bagatela matemática de 65 anos! Beirava o “príncipe de hoje”, octogenário, 15 primaveris anos de existência! Chorar,  não adianta, e vamos pois “às obras primas”.
Chamava-se, quiçá o meu primeiro soneto, de “A CRUZ”:
“Benedita cruz, sagrado lenho/onde expirara o Salvador/a ti, agora em mente eu tenho/pois tu és santo, és todo amor./– Desejo amar-te e a ti venho/ Co’humildes preces ao Senhor/de vez que ostentas em teu lenho/porque ele amou, por nós, a Dor!/– Tu és, ó Cruz, sinal da vida,/a nós dás força em toda a lida,/firma do céu, da salvação./– Do Santo Deus és o estandarte/por isso mais eu quero amar-te,/até o céu na eterna mansão./”
Outro poema, indicador de minha caminhada rumo a esse reino, do qual, depois de um rosário de anos, viria a ser um “príncipe” e não o “rei”, vai em seguida, tirado de um original manuscrito pelo saudoso pe. Jacó Stênico, querido vigário de Santa Olímpia e meu companheiro da escola e de seminário.
“AO ANOITECER” – “Esbraseia o poente/tomba o sol em agonia/e ao longe repicam sinos/cantando a Ave-Maria!/ (Hoje, nem mais os sinos repicam, nem sequer lembram dessa hora divinal de Nossa Senhora!) – “As aves em bando fogem/à procura de seu lar/. E na espessa mata se ouve/ do regato o murmurar./– A boiada volta em fila/depois de longo trabalho/e o carro geme pesado/da floresta pelo atalho./– Tristonho o sabiá canta/no seio do laranjal.../Não, nunca mais haverá/cantor triste assim igual!/– Estende-se o negro véu,/os seres desaparecem/mas eis que os astros da noite/logo no céu resplandecem./– No céu bordado de estrelas/tremula, serena, a lua/, como em oceano infinito,/deserta, vaga a falua./(esta figura literária mereceu louvores do prof. de português, o que deve ter animado o nascente poeta a continuar nessa empreitada que já dura 65 anos!). “As crianças no terreiro/ Saudam o astro da noite/enquanto geme a floresta/das auras ao brando açoite./Sepulcral silêncio enfim/faz-se ouvir por toda a terra./Mas uiva somente a onça/no esconderijo da serra./– As horas passam depressa/Correm e sempre e correr/passam em céleres vôos.../E desponta o amanhecer.”
Ah! Esses cronistas! Esses poetas!   

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

A CANETA E A ENXADA


                                                   

  Jair Vitti

Embora seja uma canção gravada pela dupla Tonico e Tinoco e outras duplas, se refere ao homem culto e ao caipira, isto é ao lavrador.

O lavrador, na verdade, é aquele que sustenta a humanidade, ou melhor, aquele que dá de comer a todo mundo e é o menos lembrado, que menos tem valor sobre a terra. Basta compararmos o seu salário. Não se sabe porque o lavrador é desprezado, chamado de caipira, jacu e de muitos outros nomes desagradáveis à sua pessoa.

Muitos deles se envergonham ao assinar seu nome ou qualquer documento e tê-lo na carteira como lavrador. Como homem humilde que é, pelo menos outrora quando ia à cidade ao seus afazeres, o traje eram roupas simples, às vezes remendadas, sapatões, chapéu de pano e o cigarro de palha.

A humildade é a coisa mais linda que pode existir sobre a terra.

De certo esta canção como o tema que aí estão, foram inspirados pela dupla ou talvez, até pode ter acontecido tal episódio. Um indivíduo culto esteve no campo ou na roça, a passeio ou curiosidade, e eis que um lavrador estava capinando com suas mãos calejadas. Como bem educado que é cumprimentou o cidadão estendendo-lhe a mão, mas o homem (culto), orgulhoso e egoísta, não aceitou o cumprimento e disse : não se aproxime de mim, você está sujo de terra e calo na mão; veja sua posição, eu sou um homem limpo, tenho cursos superiores, trabalho para a mais alta sociedade, os deputados senadores, o Presidente da República, falo várias línguas, sou interprete dos estrangeiros. Será que você não se toca? E digo mais...

O lavrador, neste momento, com educação interferiu: dá licença, cidadão: perguntou o que faz essa gente?

O cidadão não respondeu.

O lavrador, tornou a dizer : essa gente que você considera, a seu ver, são usurpadores, gatunos, se tornam donos do nosso país com seus altos salários e nada fazem para a população, só enganam e eu, como enxada considerado, sustento a humanidade desde tempos primitivos, dei de comer a todos os povos e até hoje estou tratando de todo mundo e se vocês são estudados é graças a mim. Dias virão em que o lavrador vai desaparecer e ninguém mais vai querer trabalhar na roça, principalmente a juventude, e eu acho que eles têm razão, assim não serão chamados de caipira como eu. Até as Igrejas parecem ter alguma coisa a ver comigo disse o lavrador. Em todas as leituras são mencionados todos os nomes: rezemos para os governantes, para o papa, para os deputados, o Presidente, para os jogadores, enfim toda essa gente que tem condições financeiras e viajam de avião, mas nunca ouviu dizer: rezemos pelos lavradores que nos dão de comer inclusive  pão da eucaristia que vem das mãos do lavrador, às vezes é dito o homem do campo ou o agricultor, mas não dizem o lavrador, os operários e aqueles que estão passando fome.

Somente, mas é preciso dizê-lo: o enxada, a não ser que me compare com o alfa e o ômega, é o primeiro e o Último

sábado, 15 de setembro de 2012

No Batente



depois da infância (XVII)
 Lino Vitti - decano da Imprensa piracicabana

          Em rabiscos cronísticos anteriores deliniei o início de meu ingresso na vida do trabalho diurno, ao tempo em que, à noite, preocupava-me no Curso de Contabilidade, no qual muito confiava meu pai como trunfo de vitória sobre as exigências monetárias a que todos estamos sujeitos. Eram novos rumos, pelos quais o adolescente deveria enveredar, quisesse ou não, para angariar fundos com que sustentar-se, ou ao menos contribuir com os salários paternos (que não eram lá grande coisa, como ainda não o são os salários de servidor estadual). Encetei a caminhada, mal sabendo ou percebendo discretamente que a vocação não me levava para os números, para os livros “Diário, Borrador, Caixa, Contas Correntes”, cerne de toda a contabilidade. Não fora feito para redigir cartas comerciais, botar em livros complicadas operações de Deve e Haver, partidas simples e dobradas. Gostava mesmo era de ler romances e poesias publicadas pelo “Diário” e “Jornal de Piracicaba”, sonhando ser um dia não só o leitor, mas o autor de tais preciosidades. Mais uma vez, oferecia-me a vida o contraste, a divergência entre o ser material e o ser artístico, encravado no fundo do espírito, se é que se pode dizer isto dessa coisa material, mas indubitavelmente presente que todos guardamos em nós.
Os anos passaram. A casa comercial mudou de dono. Agora era João Vitti, um tio lutador, persistente, dedicado inteiramente ao trabalho, que a dirigia. E os serviços internos do restaurante foram entregues a uma de minhas irmãs, Edviges e à prima Florinda, dois gigantes no servir pratos (ah! Que saudades do “picadinho” e do bife acebolado!). ainda hoje quando relembramos os tempos de então, as lágrimas assomam não nos olhos materiais, mas nos olhos internos da saudade e das recordações. Estranhos esses atalhos da existência por onde a gente vai metendo os passos! Queira-se ou não, seguimos todos como se conduzidos por esse personagem esquisito do destino, levando-nos quase sempre pelo caminho esquerdo das encruzilhadas! Quereis maior contraste do que essas guinadas, completamente diversas a que distintas etapas da vida me levaram?
Foi nesses anos de árduo trabalho de caixeiro que tive ensejo de conhecer melhor o homem da roça e o homem da cidade. Um bar-restaurante é um ponto de encontro entre tipos de diversidade racial, profissional, social, política e religiosa. Idéias, convicções, pensamentos, modos de viver, riqueza e pobreza, sonhos e expectativas, imensa era a variedade que buscava nesse oásis urbano – chamemo-lo assim – para almoçar, tomar um lanche, beber uma cervejinha gelada, apreciar um vinho de estirpe, satisfazer-se com um sorvete ou um simples gole de pinga.
Ah! Quantas almas conheci naquele estranho interregno de vida! Quantas manifestações de alegria, de tristeza , de enfado, de  ilusão, de vontade, de esperanças, chegavam até mim, através daquele balcão! Ônibus vários despejavam no local gente vinda dos mais recônditos sítios e fazendas. O ponto de parada dos coletivos, então, era precisamente em frente ao estabelecimento. De ver, portanto, quantos tipos de roceiros ou senhores e famílias de outras cidades vizinhas chegavam até o meu local de trabalho, na busca de interesses na cidade de Piracicaba: comércio, medicina, turismo ou visitas! E a mim cabia atender-lhes o desejo de beber, de comer, de obter informações. E muitas vezes, conversar por simples desfastio, contar notícias, histórias, fatos e boatos. Via eu então quão variados e complicados eram o mundo, as pessoas, a vida, em suma!
Se Deus permitir, continuarei em próximas crônicas a escrever sobre essa minha etapa da vida, embora ciente. de que a muito poucos valham estas coisas aqui recordadas por quem era para ser padre e acabou sendo balconista de Luiz Stênico e João Vitti, não o Vitti ator, mas seu grande avô.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Luciane



DEPOIS DA INFÂNCIA XIV


                              Lino Vitti

        Quem é Luciane, indagarão os curiosos? Quem é Luciane, indagarão familiares e parentes, possíveis leitores destas minhas tiradas cronísticas? Quem é Luciane, pergunto eu mesmo.
Nem queiram saber o que é essa preciosidade, encontrada pelo escrivinhador em suas andanças pelo mundo jornalístico. Ou melhor, fiquem sabendo logo, logo, quem é a Luciane, pois faço questão que todos saibam dessa rara e, acredito, feliz, funcionária de “A Tribuna”, responsável generosa pela publicação destas sentimentalidades em letra de forma de um decano da imprensa piracicabana, no jornal matutino do Evaldo Vicente.
A Luciane não é apenas dedicada redatora ou programadora editorial de “A Tribuna”. É mais, é dedicada receptora das minhas complicadas crônicas, desta longa autobiografia com que jogo aos leitores do jornal do Evaldo, fatos, atos, acontecimentos, pessoas, por mim encontrados ao longo dos meus dias de passagem por este redondo Planeta,  por mim vividos e testemunhados e que não sei se algum interesse possam ter para quem anda mais preocupado com a economia nacional e internacional, com a mesquinheza dos salários, com a enxurrada de impostos e taxas que inundam a comunidade.
 A Luciane é uma embaixatriz da imprensa. Ao levar a “A Tribuna” os meus primeiros trabalhos, atendeu-me com tanto interesse e competência que me animou a voltar à carga, pois verificava que era pessoa engrenada em suas jornalísticas funções, respeitadora dos incompreendidos poetas e cronistas que pensam terem os jornais sido feitos só para as suas incursões literárias. Não, assim, para a Luciane. Cada crônica, cada linha escrita, cada verso, cada rima, parecem encontrar nela uma gentil inteligência, um inteligência animadora e conciliadora, um elo de ouro entre os escrivinhadores e o órgão publicitário.
Não é só embaixatriz, competente jornalista, atendimento de desarmar as iras dos cronistas e dos poetas. Ela é mestra! Mestra? Mas como? Não estranhem pois foi com ela que aprendi o jogo espetacular da computação existentes hoje, em plena modernização, entre os colaboradores e um jornal diário. Ao levar meus primeiros trabalhos a “A Tribuna”, usava eu o velho método datilográfico, sujeito a determinado número de linhas, de laudas e ficava fulo de raiva quando se passavam dois ou mais dias e a publicação não vinha a lume.
Luciane ficou sabendo desse meu problema e  que fez? Bancou a mestra. Ensinou a Lino Vitti que jornal, hoje, não usa mais esse antiquado processo de datilografar trabalhos e enviar à redação, remoendo preocupações dias adiante pela demora da publicação. É tudo na base do computador. Traga-me os trabalhos em disquete e garanto que suas “iras” desaparecerão. Cru que sou em matéria de computação, pedi maiores explicações a ela. E como se estivesse a ensinar um garoto de primeiros anos de grupo, foi explicando tudo, mostrando-me o material, a gravação dos trabalhos e noticiários jornalísticos, os tais de disquetes, uma enormidade de ensinamentos computadorizantes que me deixavam boquiaberto, pela facilidade e rapidez com que o pessoal edita hoje um jornal diário.
Como disse, sendo cru em matéria de computadorização, apelei para a capacidade de um neto, o Leonardo, já bem adiantado no sistema e que passava rasteiras no avô. E ele começou a digitar e disquetar meus produtos jornalísticos. Uma beleza! Como as coisas mudaram do tempo em que, redator do Jornal de Piracicaba, assistia eu à luta dos tipógrafos, paginadores, datilógrafos, revisores, redatores, sujeitos à mecânica das linotipes, das impressoras de rolo vaivém, uma coisa que adentrava a madrugada, e muitas vezes o sol matinal vinha beijar, ainda na luta, os impressores do matutino!
Desculpe-me, Luciane, estes elogios cara-a-cara. Eu precisava transmitir a mais gente minhas alegria e gratidão.                 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

A fronteira



Depois DA INFÂNCIA (I)

 Lino Vitti

Já escrevemos muito sobre a infância, cuja tônica assoberbante dedilhada pela música das crônicas foi a saudade. Saudade das coisas boas, das dificuldades, dos acontecimentos desagradáveis, das pessoas que caminharam ao lado da gente nesse tempo, digamos, como sempre escreveram os literatos, primaveril. Primaveril por que? Talvez por ser a Primavera um tempo de sol, de flores, de perfumes, de encantamentos mil, acrescido da doce nidificação das aves e a criação de seus filhotinhos. Primaveril quem sabe porque amanheceres e ocasos se revestem com a melhor roupagem do sol nascente ou do sol agonizante, tudo porque o azul comanda o céu de extremo a extremo, o frio hibernal vai aos poucos perdendo suas áscuas frígidas e o calor – bênção  do universo – vai se apoderando da vida, das coisas, das pessoas.
Pode dar-se os abnegados leitores que acompanham estas saudosas crônicas, mais por conhecer o autor, do que pelo valor que nelas se contem, tenham chegado ao momento de estafa literária, de leitura contínua e compacta das mesmas páginas, e assim se alegrariam certamente se o escrivinhador mudasse de música e de dança, enveredando por searas diversas, quiçá de agrado de maior número de leitores das linhas a criarem bolor de tão marteladas pelos martelinhos das teclas da velha máquina de escrever... (Uso essa denominação por que só agora reparei que a serviçal ajudante das minhas tiradas intelecto-literárias, nem sequer nome tem. Remignton, Olivetti? Sei lá!).
Com esta crônica, julgo-me transpôr uma fronteira, uma linha divisória. Do lado de cá a infância, (saudosa sempre!), do lado de lá, quem sabe a adolescência, etapa que todos nós devemos pisar, caminhar por ela, envolver-nos nela, fazer dela algo de bom e até melhor do que teria sído a infância.
Usarei, como auxílio para exata compreensão dessa nova caminhada, – a adolescência – a mesma figura das estações do ano. Diria que a pessoa humana entra no Verão. A vida começa a esquentar, começa a sentir as influências dos raios solares,  começa a compreender o porque de ser gente, de ser homem, de ser mulher. O cérebro como que passa a cavalgar um corcel impaciente, saltitante, louco por uma galopada pelas paisagens,ensolaradas da vida. Todo o adolescente, na verdade, é um corcel chucrinho, espaventado, ansioso por uma larga estrada, por um prado imenso, por uma vastidão verde, por onde possa galopar, contra os ventos e contra as distâncias, ao fim do que estaria a sonhada felicidade, a complementação de si mesmo, o conúbio entre o seu corpo e sua alma e o mundo que lhe abre as portas de um feliz desconhecimento.
A fronteira que separa a infância da adolescência é significativa, bela, caprichosa, repleta de surpresas. Transpõe-na o adolescente cheio de dúvidas, de expectativas, de vontade, de felizes vitórias. A cabeça adolescente fervilha, mas é um ferver tumultuado, sem direção definida, sem ilusões de malogros ou tropeços. A fronteira entre uma quadra e outra da vida, não é a linha definida e consciente daquelas das batalhas antigas. Para muitos poderá ser uma geometria tortuosa,  uma linha quebrada, um avançar e recuar, até se definir deveras o adolescente, saído, como sai a borboleta, do casulo de seda da infância.
Dia mais, dia menos, o pequeno ser humano que se divertia com carretéis, bolinhas de vidro, papagaios de papel colorido, piões, bonecas e tralhas minúsculas de cozinha, masculino ou feminino por artes dá natureza,  que corria atrás de borboletas, besouros, cigarras ou tico-ticos, percebe que tudo isso vai perdendo seu interesse, vai ficando para trás, vai exigindo de sua capacidade inteletiva, outros tratamentos, vai notando que colegas, antes olhados com naturalidade e sem reparos outros que não alegria e a união de almas, se transformam em objeto de aspectos e desejos diferentes. É a infância que se afasta para o passado, é a adolescência que coloca as manguinhas de fora.
A adolescência é misteriosa, bem ao contrário da expansão da infância. Nesta,  tudo é um sorriso. Naquela, tudo é enigma.

sábado, 8 de setembro de 2012

1º De Abril



DEPOIS DA ADOLESCÊNCIA (V)

                                                                           Lino Vitti – Príncipe dos Poetas  de Piracicaba

“Quem mente não é filho de boa fé”– é o que o povo, esse magnífico povo –, espalha por aí, com toda a razão, menos, é claro, no dia de hoje – 1º de Abril – consagrado à mentira.
E por que me desviei desta série de crônicas nas quais, resumida e intimamente, vou desnovelando anos de infância, de adolescência e, agora, de mocidade? Virá algo também sobre... digo “maturidade” ou velhice mesmo? Como disse em linhas anteriores, os cronistas são raça estranha, mudam de rumo como as brisas que governam as birutas, falam, ou melhor, escrevem que vão dizer isto e aquilo, mas acabam por transgredir o prometido, para mudar de pato a ganso com faço hoje, dia 1º de Abril – feliz Dia da Mentira.
Feliz por que, seu escrevinhador de meia-pataca? Ora, ora, não arrepies tu o pelo, nem distendas as garras para protestar contra essa mísera opinião de quem acha feliz o Dia da Mentira. Vejamos. Você acorda e meio sonolento ainda atende ao telefone. Estremunhado e ignorantão, apanha o fone que toca:
­­- Alô... Alô...
- É o Lino?
- Eu mesmo. Que manda?
- Nada, não. É apenas para lhe dizer que  Bastião morreu.
- Morreu! Como foi?
- Não sei bem... Parece que foi desastre de carro...
- Meu Deus, que desgraça!...
- Ah! Ah! Ah! Ah!... Enganei um bobo... 1º de Abril!
..................
Foi sem dúvida uma feliz mentira, porque verdade não era que o Bastião havia metido o carro na traseira do caminhão do Gegé. Por conta ficou do 1º de Abril.
Trrrriimmmm... trriiiiimmm... De novo, o fone musical. Ressabiado, demorei para levá-lo ao ouvido, mas como insistia, insistia... atendi.
- É o Jengo...
- Que surpresa, homem! Como estás tu?...  
- Tudo bem, tudo bom. O caso é que estouramos na Quina! Enfim...
- 1º de Abril , seu danado...
E meti o grampo desligador na cara do Jengo.
O Jengo é o cara que me faz as apostas todas esperançosas da Quina ou às vezes da Sena. Como, entretanto, já havia sido troçado por um 1º de Abril mentiroso, não quis cair em outra patranha. Por isso rápido, rapidinho calcei o telefonema.
E o dia já ia alto, descambava para a tarde, quando a cigarra da porta chia desesperadamente. Quem é, quem não é? Incrível, fantástico, louco! Espio pelo olho mecânico e quem vejo? Nada mais, nada menos do que o Jengo. Mas que quer o homem? Matar-me de mentiras? Não seria aquela figura um fantasma? Um 1º de Abril? Fiquei balançando entre atender ou não atender a porta da rua, onde via através daquele olhito de lente, o Jengo nervoso, gesticulando, impaciente, portando um estranho pacote....
Não tive outro remédio senão destrancar porta e portão para que o Jengo entrasse. Entrou e, balbuciando e nervosinho, abriu aos meus olhos o estranho pacote.
- Veja, veja, Lino. Estamos ricos. Caçamos a Quina, sozinhos!!!...
Estupefato, que poderia eu dizer? Boquiaberto, sim, mas sem voz...
A custo, balbuciei:
- Então, não era 1º de Abril? É verdade?
- Claro, apalpe, cheire, é dinheiro toda a vida!...
Sem dúvida, era mais uma mentira feliz!
Só que o leitor vai-me desculpar. Quem está contando a mentira agora é o miserável cronista. Viva, viva, a gloriosa data das petas, das mentiras, das falsidades, das lorotas, das patranhas, dos enganos, das imposturas, etc. etc.!
Às vezes fico pensando se esta política, se esta economia, se estes políticos, se os governantes de todos os escalões, se este país de 500 anos, não é tudo um enorme “1º de Abril”!!! 

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

A BANDEIRA DO SONHO E DA ESPERANÇA



Lino Vitti

Vede a nave que vai. É a vida que navega,
às vezes calmaria, às vezes sol bonito.
Pelos mares boreais agora nos carrega,
por oceano feliz, estival e bendito.

Esta nau é latina, esta outra é vela grega,
qual vem de Gibraltar, qual vem do velho Egito.
Hoje o Mediterrâneo em torno a si as congrega,
amanhã já não sei em que quadrante as fito..

E quem sabe, Senhor  o rumo dessas naves,
ora ao Norte , ora ao Sul, tempestades, bonanças,
furor de vendavais, quiçá rotas suaves!

O que vejo, porém, em toda a nau que avança,
vencendo furacões, à voz de roucas aves,
é a bandeira do Sonho e o mastro da Esperança.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

E VEIO A POESIA !


DEPOIS DA INFânciA (VIII)

 Lino Vitti (Príncipes dos Poetas de Piracicaba)

    Tenham paciência, caros diretores do matutino, digitadores, revisores, distribuidores, entregadores, impressores, gente toda muito boa de um jornal que vai. ao "ar" diariamente, tenham paciência, repito. Esta prolongada série de crônicas, autobiografando minha vida de infância, nas paragens de Santana e da adolescência, entre os muros de um seminário religioso deverá chegar em breve ao fim. Mesmo porque, ao chegar aos oitenta verões, se está no “bico do corvo”, como me alertou estimadíssima prima (por sinal com o mesmo nome da minha esposa, Dorayrthes “th” e “y”), quando de minha última visita aos pagos santanenses. E assim falando foi buscar uma vela, acendeu-a metida num candelabro, cantou, junto com os demais presentes, o "parabéns a você", ofereceu-me a chamazinha para que apagasse, como se faz com as crianças em botão, o que fiz, com desenvoltura, tudo terminando por saborear um pão-de-ló com café, tipo de bolo de que mais gosto, pois foi na infância que o conheci graças a perícia bolística de minha tia “Justina”.
Olhem  só, o1hem só!  Meti a poesia no título, mas (é próprio dos cronistas perderem-se na empreitada) desandei  por assunto de agorinha mesmo, de 16/1, dia em que dona Angelina Vitti. me ofereceu ao mundo: “Vai, meu filho, Seja alguérn na vida!”  E eu fui e aqui estou, depois  de 80 badalados do Relógio da Vida,  a escrever, a recordar, a desejar voltar no tempo, impossível, sem dúvida, porque o tempo não tem marcha-ré como até  esta minha velhíssima maquina de escrever tem.  E o melhor é que fui feliz, estou feliz e como os lábios maternos profetizaram, acho que sou alguém, na vida:  ao menos um poeta, um “príncipe dos poetas”, galardão que, se viva ela fosse, 1he estouraria a alma de alegria e aprovação.
Voltando no título  lá atras – a poesia- tenho  plena convicção que  a minha poesia chegou em plena adolescência quando ia em meio a vida dos estudos sacerdotais. É difícil a mim, confesso, escrever e afirmar como surgiu essa coisa, tão enraizada no interior da pessoa humana, dentro de minha cachola. Não foi assim de repente, um estalo à Padre Vieira, mas chegou devagarinho, silenciosamente, vinda não sei de que páramos. Instalou-se cá dentro, primeiro como sementinha, depois arbusto , para afinal abrir-se nessa umbela de árvore frondosa onde os versos luzem como estrelas, onde a poesia fez ninho que passa os anos a pipilar, a cantar, a sonhar, a pensar que se é feliz, que se é diferente das demais pessoas, a querer transmitir aos outros, queiram ou não queiram, essa enxurrada de rimas e versos, centenas, milhares,  quiçá milhões, materializados na infinidade de poemas, sonetos, livros, tudo transudando lirismo e sensibilidades nem sempre encontradas nos mortais amigos que circundam o poeta.
E foi lá, na aridez de um convento religioso, que deixei brotar do âmago, os primeiro vagidos poéticos. Na leitura de velhas antologias, usadas para estudo do português e do latim, puxei o fio da meada da poesia, diria 70 anos atrás, gesto que até hoje não consegui concluir, pois ainda continuo puxando, puxando, nas páginas do Jornal, pela paciência de Maria Cecília Bonachela,  nas páginas da Tribuna, pela paciência da Luciene, e até no Jornal da Vila Rezende, pela paciência de sua jovem editora. Ah! como é delicioso ser poeta!
Esses pobres diabos da rima (vejam Ésio Pezato) começam e não param mais. Acham que todo o mundo é obrigado a ler-lhe as tiradas litero-tropo-poéticas e pronto. E se ninguém ler, tudo bem. Missão cumprida, satisfação íntima, felicidade de deixar ao mundo um pedaço de sonho e de fantasia.
(Como a crônica vai longa e o assunto não acabou., fica o resto para a X se Deus quiser).

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

ENTRE 4 PAREDES



DEPOIS DA INFÂNCIA (VI)

                 Lino Vitti

Pouco ou quase nada terei eu a escrever sobre os anos da adolescência, porque passados intra muros, fora dos pagos infantis, sem a visão dos pais, dos irmãos, dos parentes, da roça, sem os tempos vividos e vívidos da infância. O internato é uma grande família, cuja irmandade é constituida dos mais variados colegas, em idade e em “modus vivendi”, cujos “pais” seriam os superiores, cujo lar seria formado pelo enorme edifício de quatro pavimentos, pipocado de quartos para os diretores, mestres, sacedotes e noviços, dotando de imenso dormitório povoado de centenas de camas iguais para os aspirantes à vida clerical, espaçoso refeitório onde ressaltava a mesmice das mesas e bancos estirados, austeras salas de aula e de estudos, corredores sombrios e silenciosos, carteiras severas e pesadas onde se passavam 4 a 6 horas alisando assentos e escrevendo, escrevendo, sob a voz exata e imutável dos sacerdotes professores. E tudo movido por sinetas e apitos. E tudo movimentado sob o caminhar de longas filas paralelas, rumo às aulas, rumo ao templo, rumo aos páteos de recreio, rumo aos dormitórios, rumo aos refeitórios e até para as raras escapadas a passeios dominicais das redondezas, duas filas indianas paralelas, silenciosas e longas, despertando infalivelmente a curiosidade da gente por onde passavam.
  A máquina de um internato é um grande e perfeito relógio, pois é sob o comando de um horário fixo e praticamente imutável que os internados viviam à sombra daquelas paredes silentes e geométricas, daquelas janelas e portas  que se abriam apenas pelo lado interior, parecendo pupilas mortas aquelas que davam para a praça, para a via pública, para o jardim, para a cidade ou para a paisagem mais além.
Para quem entrava na adolescência depois de uma infância livre, despreocupada e sem horários para nada, o novo modo de vida era evidentemente um suceder de surpresas, de aprendizados, de ensinamentos, de lembranças e de saudades. Nada do que ia acontecendo semelhava-se aos dias do passado, aliás passado recente, passado que poderia ainda ser considerado presente, através dos sonhos, da saudade, das lágrimas que furtivamente, à noite, o travesseiro se incumbia de apagar embebendo-as em seu bojo.
Um, dois, três, quatro, cinco, seis anos! E a infância saudosa e feliz não se ia embora, mesmo que a idade física e psíquica tentasse espantá-la, enxotá-la do âmago anímico. Os estudos, os novos conhecimentos, o aprender novas línguas, novos capítulos da matemática, a música, a literatura, o aprofundamento da religião, da moral, da doutrina, e de tudo quanto seria necessário para a futura vida sacerdotal, não conseguiam apagar da memória os anos da roça e no fundo, como  tímida chama de uma vela, persistia uma expectativa de uma volta, poderia dizer impossível, pois as transformações por que passava o infante e o agora adolescente, mostravam que o tempo não recua, que a vida não retorna, que a pessoa evolui em sentido inverso aos dias de ontem.
E então, e guerra, entre o passado, o presente, o futuro.
Uma guerra sem sangue, sem tiros, sem bombas, sem exércitos,. Mas uma guerra de atos, fatos, desejos, recordações, pessoas, gestos, ocorrências. A guerra das mudanças fisiológicas e anímicas do ser humano, do passar as fronteiras, como disse em crônicas atrás, das patentes mas misteriosas fases da vida, ligadas por elos invisíveis, pelo inesperado, pelo que foi e pelo que há de vir.
Foram anos de sedimentação da vida. Formou-se-me a personalidade que viria a ser. Um singelo menininho da roça, adorador das matas, dos pássaros, das borboletas, dos riachos, dos ocasos sangrentos e das manhãs sonorizadas de cantos, moldado por longos e concentrados anos de seminário, feito Diretor Administrativo da Câmara de sua terra, “príncipe dos “seus” poetas”, decano da imprensa piracicabana, pai de sete rebentos e avô de quase uma vintena de netos.
Tudo consequência de uma adolescência formada na fé, no estudo, na moral e na responsabilidade de mestres e diretores sacerdotais.
Graças a Deus! 

sábado, 1 de setembro de 2012

LUTAS ÍNTIMAS



DEPOIS DA INFÂNCIA (V)

   Lino Vitti

Diria, com permissão dos entendidos em antropo-ciência, que a adolescência é um tempo de verdadeiras batalhas. Não dessas batalhas, inclusive famosas, perfeitamente visíveis a olho nu, como as que ocorrem na vida dos povos, através da História, onde e quando se degladiam milhões de guerreiros, esteriotipadas máquinas destruídoras, fuzis e baionetas caladas, bombas e fumaradas, tiros e sangue, aqueles são encontros, ou melhor, combates silenciosos, travados no interior da pessoa humana, muitas vezes intensos como aqueles, é verdade, pois deixam cicatrizes que a acompanham pela vida afora.
Diz lá um poeta clássico que nem sempre ou quase nunca a face espelha exatamente o que vai lá por dentro do homem. (Homem no sentido genérico, incluindo masculino e feminino, como é praxe nos dias de hoje). Quantas vezes se vê alguém sorrir, sem nunca sabermos que o seu íntimo é uma tela de tristeza e dor! Em quantas outras, as lágrimas a escorrer narinas abaixo traduzem alegria e consolo! O chocante, o contraste, é próprio do ser humano, e não seria um adolescente, em transição de personalidade, que deixaria de contrariar a maioria dos mortais!
Revendo, com saudades sem dúvidas, meus dias de adolescência, vivida intramuros, verifico hoje, depois de décadas, não haverem sido simples ou despreocupantes as lutas que comigo carregava pelo caminho vocacional, sob a batuta maestra de unm internato dirigido à vida religiosa. Cotidianamente, o crescer em idade e em conhecimentos armava batalhas dentro do espírito, ao lado da inteligência e compreensão das coisas, do próprio composto humano entretecido de inspirações angélicas e safadezas diabólicas, forças tremedamente antagôniicas a se degladiarem na conquista dos valores inexoráveis do Bem e do Mal.
Qualquer adolescente, e muito mais aquele que decide seguir uma vida árdua de estudos, de virtude, de retilíneos compromissos e cumprimentos, sente dentro de si o fragor dessas batalhas, em geral ignoradas pelos que o circundam, pelo ambiente onde os passos se movem, algo mesmo esquisito pois são muitos em idênticas situações aqueles que com ele caminham ao lado, à frente, ou vêm subindo o declive da existência. Julga-se, entre muitos, um solitário, julga-se um abandonado pelos outros. Vê-se  desarmado frente à surda guerra travada em seu interior.
“É assim mesmo” lhe dirão esporádicos conselheiros, casualmente descobridores dessas lutas que não deixam marcas no rosto, não lhe permitem entrever a intensidade, não lhe pedem uma solução. Para o adolescente, porém, não resta outra alternativa, senão combater, combater, na espera de que as tempestades profundas do espírito arrefeçam, que cessem as batalhas, que afinal raiem e serenidade e o sol da vitória.
Minha adolescência, transitada sob a secura de um internato, não fugiu  do que seriam as demais adolescências. Lutei, trampus a fronteira e os campos de batalha encontrados ao longo dela. E ao final, quando me desliguei daquele trecho altamente significativo da vida, percebi haver colhido louros preciosos, como a formação moral, a formação cultural, a formação religiosa, a formação de uma personalidade que não haveria de fazer feio, quando o destino a levasse para além daqueles muros, daquele celeiro de ensinamentos e preciosidades éticas e morais que é sempre um seminário religioso.
A Deus agradeço por me haver propiciado uma adolescência severa e reta, embora entremeada de árduas lutas, de momentos complicados ao lado de outros felizes. O que, aliás, é próprio da vida.   

PRÍNCIPE DOS POETAS DE PIRACICABA

CURRICULUM VITAE
( Síntese de Vida)
NOME – Lino Vitti
IDADE – 08/02/1920
ESTADO CIVIL – Casado, em únicas núpcias, há 56 anos, com a Professora Dorayrthes Silber Schmidt Vitti
FILIAÇÃO – José e Angelina Vitti
NATURALIDADE – Piracicaba, Estado de São Paulo –Brasil
Bairro Santana , Distrito de Vila Rezende
VIDA FAMILIAR
Casamento Civil e Religioso em comunhão de bens, Pai de sete filhos: Ângela Antónia, Dorinha Miriam, Rosa Maria, Fabíola , Lina, Rita de Cássia, Eustáquio.
VIDA PROFISSIONAL
Aposentado como Diretor Administrativo da Câmara de Vereadores de Piracicaba, e como Redator do “Jornal de Piracicaba”. Exerceu atividades no comércio, no Magistério, na lavoura até os l3 anos, na municipalidade local, como bibliotecário, lançador de impostos, protocolista, Secretário Municipal.

VIDA CULTURAL
ESCOLA PRIMÁRIA –
Grupo Escolar “Dr. Samuel de Castro Neves”, Santana, seminarista vocacional ao sacerdócio por seis anos, no Colégio Santa Cruz, da cidade de Rio Claro (SP), onde cursou humanidades, línguas, religião, ciências, matemáticas, música.
CURSOS –
Formou-se Técnico em Contabilidade, lecionou latim, francês, datilografia.

VIDA RELIGIOSA
Católico, Apostólico, Romano, fez curso de religião em seminário dos Padres Estigmatinos, foi organista da Catedral e da Igreja de São Benedito, de Piracicaba, e Congregado Mariano.
VIDA LITERÁRIA
Bafejado por ensinamentos de sábios sacerdotes em colégio de formação religiosa, recebeu extraordinário acervo literário que lhe propiciou enveredar pelo caminho da poesia, da crônica, dos contos, do jornalismo, havendo editado de l959 a 200l sete livros de poesias e contos, com edições em milheiros de volumes, os quais estão aí para satisfazer o gosto daqueles que apreciam a arte literária.
São seus livros : “Abre-te, Sésamo”, l959; “Alma Desnuda”, l988; “A Piracicaba, Minha Terra”, l99l; “Sinfonia Poética”, de parceria com o poeta Frei Timóteo de Porangaba; “Plantando Contos, Colhendo Rimas”, l992; “Sonetos Mais Amados”, l996 e “Antes que as Estrelas brilhem”, 200l. O poeta conta ainda com o prazer de haver composto hinos para diversos municípios, bairros rurais, entidades sociais diversas, continuando a colaborar ainda, após os 83 anos em colunas literárias e com artigos de ordem geral em jornais da terra.
Faz parte da Academia Piracicabana de Letras que lhe outorgou o título honorífico de “PRÍNCIPE DOS POETAS DE PIRACICABA’.
Foi-lhe concedida Pelo Município de Piracicaba, através de sua Secretaria da Ação Cultural, a MEDALHA DE MÉRITO CULTURAL, “ Prof. OLÊNIO DE ARRUDA VEIGA’; é detentor do TROFÉU IMPRENSA, concedido pelo Lions Clube de Piracicaba, centro, e da MEDALHA ITALIANA, concedida pelo governo italiano de Benito Mussolini aos alunos de escolas e seminários de origem daquele país que tivessem se destacado em redação de trabalhos literários escritos na língua de Dante.
O Município de Saltinho, para o qual contribuiu com o Hino dessa comunidade municipal , conferiu-lhe o título de “Cidadão Saltinhense”.

DISCURSO

Por ocasião do lançamento do livro de poesias “Antes que as estrelas brilhem “, pelo poeta Lino Vitti foi proferido o seguinte discursos:

Exmo. Sr. Heitor Gauadenci Jr. dd Secretário da Ação Cultural

Exmo. sr. António Osvaldo Storel. dd. Presidente da Câmara de

Vereadores de Piracicaba

Exmo.sr. Moacyr Camponez do Brasil Sobrinho, dd. Presidente do Instituto Histórico e Geográfico

Exmo,. sr. Henrique Cocenza, dd. Presidente da Academia Piracicabana de Letras

Exmo.. Sr. Ésio Pezzato , anfitrião desta solenidade

Senhoras e Senhores

Pela sétima vez (graças a Deus) em minha vida lítero-poética vejo-me guindado a uma tribuna improvisada (o que é bom porque torna o fato mais popular), para proferir um discurso de agradecimento, ao lado da oferta de um novo livro de versos. É teimosia essa de poetas em desovar sua produção para que mais gente participe de suas tiradas, muitas vezes fora de forma e de ambiente, mas que o poeta não vê porque , ao editar um novo livro está cego pela emoção , como se fosse a vez primeira. Está aí o Ésio Pezzato, responsável por mais esta minha invasão no mundo das letras poéticas, para dizer se não é assim. Para dizer se não sofre também dessa doença feliz de editar livros e mais livros a ponto de perder a conta, já que a esta altura ele não sabe se já está no décimo ou décimo primeiro. E ainda continua batendo dedos de métrica, sabemos lá por quantos anos ainda !

Tenho um ex-colega de seminário, prof. Hildebrando André, aposentado como professor universitário e com o qual mantenho longa e pródiga correspondência, que não se cansa de enaltecer a felicidade de Piracicaba contar com tantos poetas e poetisas. Tem razão ele, pois se apenas dois deles já conseguiram editar l8 livros de poesia, imagine-se as centenas que seriam necessárias para dar um pouco de vazão a essa raridade intelectual que toma conta da minha terra!

Este meu livro vem à lume por obra e arte do prefeito José Machado , seu Secretário da Ação Cultural e de seu zeloso servidor Ésio Pezzato que se entusiasmaram diante da recitação de diversos poemas meus por um grupo de jograis, alunos da UNIMEP, e impressionados decidiram patrocinar a publicação deste livro, pois entenderam que Piracicaba poética merecia conhecer em mais profundidade o seu príncipe da poesia. E aí está, lindo e impecável, entregue às mãos do povo de Piracicaba, que indistintamente de cor, estudos, intelectualização , posses financeiras, categoria de trabalho, com religião ou agnóstico, jovem ou adulto, roceiro ou citadino, aí está, para quiçá, momentos de lazer e sonho. Sonho , sim, porque a poesia é terrivelmente sonhativa , vive no mundo da fantasia, alicerça-se nas bases da emoção e brota do âmago mais profundo do poeta, e para que as filhas de Eva não reclamem, da poetisa também.

Alguém me perguntará? Como é ser poeta? Juro, nunca pensei nisso. Acho que ninguém consegue ser poeta. Já é. Nasce feito, como dizem.

não é verdade Maria Cecilia, Ivana Maria, Ésio Pezzato , Prata Gregolim, Marina Rolim, Valter Vitti, Mario Pires, Saconi, e tutti quanti enfeitam com seus lindos versos as páginas do “ Jornal de Piracicaba, ou da “Tribuna Piracicabana , e assim também esse cacho imenso de livros poéticos que quase semanalmente são dados ao conhecimento e sentimento público de nossa terra ? Tornando-se um privilégio de uma cidade, como disse alhures o supra citado meu colega seminarístico Hildebrando André. ?

Não se suponha que para ser poeta é preciso ter nascido em berço de ouro ou em centros intelectuais de enorme repercussão. Nada disso. Tenho um soneto que define bem esse fato. É assim: “Eu não sou o poeta dos salões / de ondeante, basta e negra cabeleira] não me hás de ver nos olhos alusões / de vigílias, de dor e de canseiras. // Não trago o pensamento em convulsões,/ de candentes imagens, a fogueira. / não sou o gênio que talvez supões/ e não levo acadêmica bandeira.// Distribuo os meus versos em moedas/ que pouco a pouco na tua alma hospedas / - raros , como as esmolas de quem passa. / Mas hei de me sentir feliz um dia/ quando vier alguém render-me graça/ por o fazer ricaço de poesia. // “ . Poetas e poetisas saem do nada , devem trazer o selo ou o bilhete de entrada nesse reino encantado desde o útero materno, embora ouse eu afirmar que a vida é também uma grande mestra , as influências da mentalidade circunvizinha,

o próprio meio ambiente, podem , em circunstâncias outras , plasmar um poeta .

Eu fui plasmado , por exemplo, por entre maravilhas campestres. A roça ou o campo são fantásticos criadores de poesia. Ela anda atapetando por todos os cantos a natureza, as gentes, os animais, os atos e fatos. e a cabeça daqueles com quem ela convive. E o poeta, criador por excelência, se abebera de todas as belezas esparsas pelas colinas, serras, vales e descampados , para transformar tudo em versos e rimas, ou em versos simplesmente, onde pululam , como cabritos silvestres, as figuras literárias, os tropos, as sínteses, as comparações, e todos os anseios que lhe vão no imo da alma. Para satisfação própria e para satisfação dos que convivem com o poeta. E´ por isso que se botardes olhos curiosos sobre meus poemas havereis de tropeçar a todo o momento com um motivo roceiro, pois trago uma alma plasmada pelas belezas rurais de Santana, Santa Olímpia , Fazenda Negri, e especialmente por aquela colina encimada ,no cocuruto, pelo prédio do grupo escolar, onde aprendi a ler e escrever e a poetar.

Peço desculpas por haver-me prolongado um pouco nestas elucubrações poéticas, desobedecendo aos conselhos do amigo Ésio que continua exigindo de mim discursos improvisados, o que seria tão para os ouvintes , que ansiosamente aguardam o momento de bater palmas acabando assim com a verborragia oratória.

Não posso entretanto encerrar esta breve alocução sem deixar consignados meus agradecimentos do fundo do coração ao prefeito José Machado ,ao seu Secretário da Ação Cultural Heitor Gaudenci Junior, ao seu sub-secretário poeta Ésio Pezzato, ao prefaciador Moacyr de Oliveira Camponez do Brasil sobrinho, aos queridos opinadores Maria Cecília Bonachella, Maria Ivana França de Negri, exímias poetisas, prof. Elias Salum e a minha filha Universitária Fabíola Vitti Moro, pela maravilhosa capa, Editores e toda equipe de funcionários , à minha esposa pela sugestão transmitida ao prefeito com relação ao advento desta obra, aos digitadores Nair , minha nora e neto Leonardo, e outros que possa ter esquecido, como é fácil em cachola idosa, - meus agradecimentos repito, pela reunião de esforços e trabalho que tornaram possível o advento de mais um livro de minha lavra.

Obrigado “ em geralmente” como dizem nossos cururueiros, aos que ilustraram com sua arte musical esta solenidade e assim também a todos quantos acharam um tempinho para vir prestigiar-me nesta tarefa de cultura e arte. Levem a certeza de que nada mais desejo do que engrandecer com minha poesia a terra que me viu nascer, a terra que me viu crescer, a terra que me proporcionou oportunidade para chegar a um cargo tão nobre quão dignificante de “Príncipe dos Poetas de Piracicaba”

Meu carinhoso obrigado também aos meios de comunicação, de modo especial “Jornal de Piracicaba”, na pessoa de seu Editor Chefe Joacyr Cury , de “A Tribuna Piracicabana”, na de seu diretor Evaldo Vicente, pela divulgação caprichosa deste evento que afinal nada mais é do que mais uma demonstração da exuberância cultural da Noiva da Colina.

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