Lino Vitti em seu computador |
O exímio poeta latino Ovídio (41 a C- 18 d C) confessava, talvez com modéstia, mas, certamente, com plena consciência de sua própria vocação e de sua maestria artesanal: “tudo quanto eu ensaiava dizer, resultava em verso”.
Exatamente o mesmo pode dizer de si, com inteira razão, nosso mestre de poesia, o piracicabano emérito Lino Vitti.
Muito difícil depararmos com uma vocação para a arte da Palavra, tão autenticamente comprovada, quanto a desse Poeta, que honra a Cultura Artística de Piracicaba.
Move-se ele, com igual competência enunciativa, na prosa de suas Crônicas e na , para ele, conatural na Poesia. Se não me equivoco, porém, é nas mais humanas das artes, a Poesia, que o vemos transitar com inteira à vontade.
Se bem notarmos, seu lúcido amor pela natureza, decorrente talvez de vivência rural ( em cujo seio se criou), marcou-o , para sempre, qual um Vergílio piracicabano, para lances muito eloqüentes da poesia rural. Mas, poeta autêntico, por sua formação e pelas circunstâncias de sua vida, mostra-se, a um só tempo, “rurbano” ou urbano, com dimensão de universalidade . “Social pelos pés, pássaro universal pelo pensamento”, dizia de si próprio o poeta Cassiano Ricardo (l895- 1974) e o poeta alemão Goethe declarou (nisso antecipando o espanhol Ortega y Gasset) que toda poesia é circunstancial”, segundo pensou e fazia.
Que a cidade, a nossa terra-mater Piracicaba, com tantos atributos da natureza, por decisão muito feliz da Providência, ofereça a Lino Vitti razões de muita alegria, mas, também , uma (por vezes) pungência no coração, de modo algum nos estranha de que toda a Beleza em si é triste, não é triste em si, mas pelo que nela há de precariedade e incerteza” como asseverou Manoel Bandeira (l886 –1968) e como sentimos todos os poetas dos quadrantes do mundo.
Justo é (e certíssimo) que Lino Vitti, no campo, louve a cidade : na cidade, celebre sua etiologia rural. Que assim, para nossa alegria, e a dele, Lino se aproxima do poeta mais santo e do mais santo dos poetas São Francisco d`Assis (1182 – 1226), louvando como o Poverello, toda as criaturas e o Criador, numa perfeita esferecidade do “Cântico di Fiesta Sole”, pois que o Bem Supremo é de, sua essência trinitária, expansivo. E, criado o mundo, “viu que tudo era bom”.
A poesia de Lino Vitti, com o traço unificado de sua arte poética, tem traços nítidos de superior Ecologia, defensor que é, das excelências da natureza e do homem, provindos da Suprema Beleza do Criador.
A par de sua inquestionável vocação (como um dom) o que torna ainda mais respeitável a Poesia, nas mãos e na voz (sagazes) de Lino Vitti é o perfeito domínio das palavras, que tornam humanamente excelentes os sons e os ruídos da fala humana na Poesia, supremo uso da Arte, que só admite calar-se e silenciar diante da “transumana” celebração da Mística, que silencia, não em virtude da carência da Infância, mas pela superabundância do destino humano, que para Dante Alighieri (1265 – 1321)- para mim o maior poeta que, até agora, o mundo pôde ouvir - consiste num “transumanare”, um ascender até “L`Amor che move il sole e le alte stelle”.
Lino Vitti, com sua prática artística, conferiu à Poesia Piracicabana um inegável atestado de maioridade. Que os piracicabanos ( por nascimento ou por adoção) saibam agradecer-lhe o dom de uma vocação poética generosa e eficaz, que, como é da essência da Arte da palavra, e da transitividade conatural a ela, busque a perfeição do produzido, como sabe faze-lo mestre Lino Vitti.
O quanto aprendi, praticando a palavra poética, e quase , provocação de crítico literário e por vocação Universitária, ensinando, humildemente, aos alunos quero pôr, neste singelo e autêntico reconhecimento, o valor da Poesia de meu conterrâneo Lino Vitti. E isso, independente da amizade que sempre nos uniu, mas com o rigor, objetivo de um crítico literário, quanto possível objetivo e lúcido.
A Lino Vitti, os louvores devidos e o abraço amigo de “ un hombre humilde y errante”, que na prática comum que me permite conhecer de Poesia, se faz seu conterrâneo e seu confrade, António Lázaro de Almeida Prado, da Academia Piracicabana de Letras e Professor Emérito da UNEEP = CAMPUS DE Assis. (Assis, 6/VII/2006).
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