Lino Vitti - Príncipe dos Poetas Piracicabanos

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Lino Vitti- Príncipe dos Poetas Piracicabanos

O Príncipe e sua esposa, professora Dorayrthes S. S. Vitti

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60 anos de Poesia


sábado, 6 de março de 2010

Noites Fantasmais


NOITES FANTASMAIS
Lino Vitti - 1 -
(Príncipe dos Poetas Piracicabanos)

E disse Jeová: “façam-se as trevas com todos os seus astros”! E assim se fez. As estrelas, a lua, os cometas, as constelações, enfeitaram as noites cósmicas, porque veio a Noite, larápia do Sol. E dentro das noites do mundo formataram-se os fantasmas apavorantes, e os fantasmas povoaram a Terra, ora em forma de assombração, ora em forma de saci, ora em forma de mula-sem-cabeça, ordinariamente vagando pelas estradas desertas, aterrando povoados a dormitarem, assustando sitiocas e fazendas, assaltando taperas e santas cruzes das estradas.
O sertão ressuma fantasmas! Quanto mais a solidão se apodera das distâncias ignotas noturnais, mais presente se faz o enigmático personagem fantasmal . E cresce, cresce, avoluma-se, avoluma-se o medo agarrado ao homem do sertão. E o sertanejo que “é antes de tudo um forte”, como dizia o Euclides da Cunha, assassinado por amar sua consorte, diante das trevas de uma estrada encurralada dentro da noite, fica magrinho, fraquinho , reduzido, como um caniço de brejo. E a tese euclidiana perde toda a sua imponência afirmativa. Porque o caboclo treme, suja as calças, foge diante de um foco de luz que caminha pelas encostas, ou se move pelos vales rurais, ou se do seio misterioso da mata o urutau solta a sua gargalhada fantástica ! E não só o caboclo, mas qualquer viajante deste universo, more no sertão ou viva na urbe, sói tremer e emporcalhar os fundilhos ao topar na escuridão soberana da noite uma bola de fogo movediça a esvoaçar pelo campo embrulhado pela cegueira da treva noturna.

* * *
O pedreiro- lavrador Jair, apesar de suas mãos honestamente calejadas pela rusticidade profissional, tinha uma cabeça cheia de fraseado literário adquirido por seu próprio esforço, conquistado pela leitura contínua e estudada de livros, almanaques, revistas e

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tudo quanto escrito lhe fosse cair nas mãos. E desse contato com as letras, alimentado pelo ambiente rural da sua vida, saliente observador dos fatos e pessoas, vivente inarredável das noites da roça, Jair acabou pintalgando muitas laudas de papel em branco, com a criatividade de seu lápis. Admiravam-no os conterrâneos , pois não é raro surgir, como silvestre flor de maracujá, por entre gente dos cafundós do Judas , uma inteligência privilegiada como a de nosso personagem.
Por outro lado, o Jesuino da Silva, metido a intelectual daqueles sertões, não cansava de mexer com a literatice do quase vizinho Jair, e não se envergonhava de às vezes, quando o pseudo-escritor passava as noites longe da casa, pé-ante- pé, como um ladrão de terceira classe, ir bisbilhotar o “escritório” do amigo e contemporâneo, para desvendar que mistérios teria ele lançado nas rústicas folhas de papel sobre que vivia rabiscando, rabiscando, sabe-se lá o quê ? E numa dessas aventureiras invasões ilegais, digamos assim, o Jesuino descobriu uma breve mas gostosa história sobre um mistério que há muito tempo encucava a população do roceiro povoado. Lançou as mãos larápias sobre as laudas e, cautelosamente, sob a lamparina foi depois colocar a sua curiosidade sobre o que poderia ter saído da cachola do companheiro e amigo.
E viu, ou melhor, leu. Leu o que era a solução de um velho mistério noturno que há muitos anos embatucava a população . Não fora essa revelação de Jair , cronista caipira do bairro , e ainda hoje perduraria ignoto o fato, talvez para sempre. A menos que aquelas páginas rabiscadas e quase inintelegíveis, não passassem de uma brincadeira do “genial escritor” pedreiro. E Jesuino, assaltante de páginas cronísticas que jamais talvez viessem a lume, tornou-se um arauto delas e tornou possível que chegassem até nós. E o que teria descoberto o estranho ladrão de crônicas? Sigam o Jesuino ,

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concentrado, à luz da lamparina , na historiazinha encontrada nos papéis surripiados do pedreiro-escritor:
“UM CASO DE LOBISOMEM - O fato de acreditar depende de cada um de nós e todos temos o direito de crer ou não em alguma coisa. Muita gente afirma que lobisomem existe e até já viram com seus próprios olhos. Dizem que tem preferência pelas cocheiras e galinheiros, sempre à meia noite, na Sexta-feira, quando ele se transforma em lobo , cumpre o seu tempo, depois volta ao normal. Palavra de quem acredita . Aquelas pessoas que ouvem passos , barulhos, enxergam vultos e até conversam com os mortos. O mesmo acontece com os que vêem lobisomem .
Na pequena comunidade havia algumas parteiras para
servir a população e eram estas que faziam o atendimento das mulheres. Certa noite, numa Sexta-feira, uma mulher estava para dar a luz e logicamente o marido procurou a parteira do povoado cujo nome era Minca, num sítio vizinho. Partiu Minca a bordo de um carrinho puxado por um animal.
A família atendida acreditava na existência do lobisomem e comentavam que todas as sextas-feiras era ouvido um barulho no galinheiro e seria o tal de lobisomem que atormentava as aves galiformes e sempre levava consigo uma ou duas delas.
Enquanto Minca aguardava a hora do desfecho eis que surge o costumeiro barulho pelas bandas do galinheiro. A família como sempre assustada, pediu à parteira que ficasse em silêncio pois era a hora do lobisomem. Esta porém abriu a porta de vez , saiu apressada e foi até o galinheiro. Aí fechou a portinhola da casa das galinhas pela tramela do lado de fora. E gritou surpresa para o lado da casa, onde se acotovelavam os donos do galinheiro: “venham, o lobisomem está preso”. Apavorados todos se recusavam, mas Minca insistia até que os convenceu a chegar até lá.E à luz de um lampião, abriram a portinhola e lá estava, com a maior cara-de-pau o famoso lobisomem. E sabem quem era?
Nada mais, nada menos, do que o carreiro da fazenda que em todas as sextas-feiras ia fazer sua féria furtando as galinhas para saboreá-las no fim da semana. E esse foi mais um caso desvendado por Minca e fez com que a família nunca mais acreditasse em coisas do outro mundo”.
Jesuino embasbacou diante do que lera no manuscrito “roubado” do amigo. E como era também ferrenho crente dos mistérios fantasmais das noites roceiras, converteu-se . E hoje se lhe perguntam o porquê dessa mudança fantástica, responde simplesmente: “cá o quê... Lobisomem é gente mesmo”...

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PRÍNCIPE DOS POETAS DE PIRACICABA

CURRICULUM VITAE
( Síntese de Vida)
NOME – Lino Vitti
IDADE – 08/02/1920
ESTADO CIVIL – Casado, em únicas núpcias, há 56 anos, com a Professora Dorayrthes Silber Schmidt Vitti
FILIAÇÃO – José e Angelina Vitti
NATURALIDADE – Piracicaba, Estado de São Paulo –Brasil
Bairro Santana , Distrito de Vila Rezende
VIDA FAMILIAR
Casamento Civil e Religioso em comunhão de bens, Pai de sete filhos: Ângela Antónia, Dorinha Miriam, Rosa Maria, Fabíola , Lina, Rita de Cássia, Eustáquio.
VIDA PROFISSIONAL
Aposentado como Diretor Administrativo da Câmara de Vereadores de Piracicaba, e como Redator do “Jornal de Piracicaba”. Exerceu atividades no comércio, no Magistério, na lavoura até os l3 anos, na municipalidade local, como bibliotecário, lançador de impostos, protocolista, Secretário Municipal.

VIDA CULTURAL
ESCOLA PRIMÁRIA –
Grupo Escolar “Dr. Samuel de Castro Neves”, Santana, seminarista vocacional ao sacerdócio por seis anos, no Colégio Santa Cruz, da cidade de Rio Claro (SP), onde cursou humanidades, línguas, religião, ciências, matemáticas, música.
CURSOS –
Formou-se Técnico em Contabilidade, lecionou latim, francês, datilografia.

VIDA RELIGIOSA
Católico, Apostólico, Romano, fez curso de religião em seminário dos Padres Estigmatinos, foi organista da Catedral e da Igreja de São Benedito, de Piracicaba, e Congregado Mariano.
VIDA LITERÁRIA
Bafejado por ensinamentos de sábios sacerdotes em colégio de formação religiosa, recebeu extraordinário acervo literário que lhe propiciou enveredar pelo caminho da poesia, da crônica, dos contos, do jornalismo, havendo editado de l959 a 200l sete livros de poesias e contos, com edições em milheiros de volumes, os quais estão aí para satisfazer o gosto daqueles que apreciam a arte literária.
São seus livros : “Abre-te, Sésamo”, l959; “Alma Desnuda”, l988; “A Piracicaba, Minha Terra”, l99l; “Sinfonia Poética”, de parceria com o poeta Frei Timóteo de Porangaba; “Plantando Contos, Colhendo Rimas”, l992; “Sonetos Mais Amados”, l996 e “Antes que as Estrelas brilhem”, 200l. O poeta conta ainda com o prazer de haver composto hinos para diversos municípios, bairros rurais, entidades sociais diversas, continuando a colaborar ainda, após os 83 anos em colunas literárias e com artigos de ordem geral em jornais da terra.
Faz parte da Academia Piracicabana de Letras que lhe outorgou o título honorífico de “PRÍNCIPE DOS POETAS DE PIRACICABA’.
Foi-lhe concedida Pelo Município de Piracicaba, através de sua Secretaria da Ação Cultural, a MEDALHA DE MÉRITO CULTURAL, “ Prof. OLÊNIO DE ARRUDA VEIGA’; é detentor do TROFÉU IMPRENSA, concedido pelo Lions Clube de Piracicaba, centro, e da MEDALHA ITALIANA, concedida pelo governo italiano de Benito Mussolini aos alunos de escolas e seminários de origem daquele país que tivessem se destacado em redação de trabalhos literários escritos na língua de Dante.
O Município de Saltinho, para o qual contribuiu com o Hino dessa comunidade municipal , conferiu-lhe o título de “Cidadão Saltinhense”.

DISCURSO

Por ocasião do lançamento do livro de poesias “Antes que as estrelas brilhem “, pelo poeta Lino Vitti foi proferido o seguinte discursos:

Exmo. Sr. Heitor Gauadenci Jr. dd Secretário da Ação Cultural

Exmo. sr. António Osvaldo Storel. dd. Presidente da Câmara de

Vereadores de Piracicaba

Exmo.sr. Moacyr Camponez do Brasil Sobrinho, dd. Presidente do Instituto Histórico e Geográfico

Exmo,. sr. Henrique Cocenza, dd. Presidente da Academia Piracicabana de Letras

Exmo.. Sr. Ésio Pezzato , anfitrião desta solenidade

Senhoras e Senhores

Pela sétima vez (graças a Deus) em minha vida lítero-poética vejo-me guindado a uma tribuna improvisada (o que é bom porque torna o fato mais popular), para proferir um discurso de agradecimento, ao lado da oferta de um novo livro de versos. É teimosia essa de poetas em desovar sua produção para que mais gente participe de suas tiradas, muitas vezes fora de forma e de ambiente, mas que o poeta não vê porque , ao editar um novo livro está cego pela emoção , como se fosse a vez primeira. Está aí o Ésio Pezzato, responsável por mais esta minha invasão no mundo das letras poéticas, para dizer se não é assim. Para dizer se não sofre também dessa doença feliz de editar livros e mais livros a ponto de perder a conta, já que a esta altura ele não sabe se já está no décimo ou décimo primeiro. E ainda continua batendo dedos de métrica, sabemos lá por quantos anos ainda !

Tenho um ex-colega de seminário, prof. Hildebrando André, aposentado como professor universitário e com o qual mantenho longa e pródiga correspondência, que não se cansa de enaltecer a felicidade de Piracicaba contar com tantos poetas e poetisas. Tem razão ele, pois se apenas dois deles já conseguiram editar l8 livros de poesia, imagine-se as centenas que seriam necessárias para dar um pouco de vazão a essa raridade intelectual que toma conta da minha terra!

Este meu livro vem à lume por obra e arte do prefeito José Machado , seu Secretário da Ação Cultural e de seu zeloso servidor Ésio Pezzato que se entusiasmaram diante da recitação de diversos poemas meus por um grupo de jograis, alunos da UNIMEP, e impressionados decidiram patrocinar a publicação deste livro, pois entenderam que Piracicaba poética merecia conhecer em mais profundidade o seu príncipe da poesia. E aí está, lindo e impecável, entregue às mãos do povo de Piracicaba, que indistintamente de cor, estudos, intelectualização , posses financeiras, categoria de trabalho, com religião ou agnóstico, jovem ou adulto, roceiro ou citadino, aí está, para quiçá, momentos de lazer e sonho. Sonho , sim, porque a poesia é terrivelmente sonhativa , vive no mundo da fantasia, alicerça-se nas bases da emoção e brota do âmago mais profundo do poeta, e para que as filhas de Eva não reclamem, da poetisa também.

Alguém me perguntará? Como é ser poeta? Juro, nunca pensei nisso. Acho que ninguém consegue ser poeta. Já é. Nasce feito, como dizem.

não é verdade Maria Cecilia, Ivana Maria, Ésio Pezzato , Prata Gregolim, Marina Rolim, Valter Vitti, Mario Pires, Saconi, e tutti quanti enfeitam com seus lindos versos as páginas do “ Jornal de Piracicaba, ou da “Tribuna Piracicabana , e assim também esse cacho imenso de livros poéticos que quase semanalmente são dados ao conhecimento e sentimento público de nossa terra ? Tornando-se um privilégio de uma cidade, como disse alhures o supra citado meu colega seminarístico Hildebrando André. ?

Não se suponha que para ser poeta é preciso ter nascido em berço de ouro ou em centros intelectuais de enorme repercussão. Nada disso. Tenho um soneto que define bem esse fato. É assim: “Eu não sou o poeta dos salões / de ondeante, basta e negra cabeleira] não me hás de ver nos olhos alusões / de vigílias, de dor e de canseiras. // Não trago o pensamento em convulsões,/ de candentes imagens, a fogueira. / não sou o gênio que talvez supões/ e não levo acadêmica bandeira.// Distribuo os meus versos em moedas/ que pouco a pouco na tua alma hospedas / - raros , como as esmolas de quem passa. / Mas hei de me sentir feliz um dia/ quando vier alguém render-me graça/ por o fazer ricaço de poesia. // “ . Poetas e poetisas saem do nada , devem trazer o selo ou o bilhete de entrada nesse reino encantado desde o útero materno, embora ouse eu afirmar que a vida é também uma grande mestra , as influências da mentalidade circunvizinha,

o próprio meio ambiente, podem , em circunstâncias outras , plasmar um poeta .

Eu fui plasmado , por exemplo, por entre maravilhas campestres. A roça ou o campo são fantásticos criadores de poesia. Ela anda atapetando por todos os cantos a natureza, as gentes, os animais, os atos e fatos. e a cabeça daqueles com quem ela convive. E o poeta, criador por excelência, se abebera de todas as belezas esparsas pelas colinas, serras, vales e descampados , para transformar tudo em versos e rimas, ou em versos simplesmente, onde pululam , como cabritos silvestres, as figuras literárias, os tropos, as sínteses, as comparações, e todos os anseios que lhe vão no imo da alma. Para satisfação própria e para satisfação dos que convivem com o poeta. E´ por isso que se botardes olhos curiosos sobre meus poemas havereis de tropeçar a todo o momento com um motivo roceiro, pois trago uma alma plasmada pelas belezas rurais de Santana, Santa Olímpia , Fazenda Negri, e especialmente por aquela colina encimada ,no cocuruto, pelo prédio do grupo escolar, onde aprendi a ler e escrever e a poetar.

Peço desculpas por haver-me prolongado um pouco nestas elucubrações poéticas, desobedecendo aos conselhos do amigo Ésio que continua exigindo de mim discursos improvisados, o que seria tão para os ouvintes , que ansiosamente aguardam o momento de bater palmas acabando assim com a verborragia oratória.

Não posso entretanto encerrar esta breve alocução sem deixar consignados meus agradecimentos do fundo do coração ao prefeito José Machado ,ao seu Secretário da Ação Cultural Heitor Gaudenci Junior, ao seu sub-secretário poeta Ésio Pezzato, ao prefaciador Moacyr de Oliveira Camponez do Brasil sobrinho, aos queridos opinadores Maria Cecília Bonachella, Maria Ivana França de Negri, exímias poetisas, prof. Elias Salum e a minha filha Universitária Fabíola Vitti Moro, pela maravilhosa capa, Editores e toda equipe de funcionários , à minha esposa pela sugestão transmitida ao prefeito com relação ao advento desta obra, aos digitadores Nair , minha nora e neto Leonardo, e outros que possa ter esquecido, como é fácil em cachola idosa, - meus agradecimentos repito, pela reunião de esforços e trabalho que tornaram possível o advento de mais um livro de minha lavra.

Obrigado “ em geralmente” como dizem nossos cururueiros, aos que ilustraram com sua arte musical esta solenidade e assim também a todos quantos acharam um tempinho para vir prestigiar-me nesta tarefa de cultura e arte. Levem a certeza de que nada mais desejo do que engrandecer com minha poesia a terra que me viu nascer, a terra que me viu crescer, a terra que me proporcionou oportunidade para chegar a um cargo tão nobre quão dignificante de “Príncipe dos Poetas de Piracicaba”

Meu carinhoso obrigado também aos meios de comunicação, de modo especial “Jornal de Piracicaba”, na pessoa de seu Editor Chefe Joacyr Cury , de “A Tribuna Piracicabana”, na de seu diretor Evaldo Vicente, pela divulgação caprichosa deste evento que afinal nada mais é do que mais uma demonstração da exuberância cultural da Noiva da Colina.

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