
Lino Vitti
Não é sempre na vida que acontecem coisas boas e surpresas agradáveis. Quando menos esperamos, elas, de repente nos visitam, trazendo consigo um rol de sensações felizes e inéditas. É verdade que não conseguem superar os momentos de dificuldades e amarguras, mas reduzem-nas muito e as espantam para longe, pois é sempre bom, receber o que é bom mesmo. Ora, estará indagando o amigo leitor, acompanhante indefectível destas intermináveis crônicas, que teria acontecido de tão bom ao nosso escrevinhador, para assim nos atormentar com mais esta tirada literal ( muito pouco literária) ?
Surpresa, caros amigos, quando adornada de muita amizade e justeza , ela deixa pegadas inapagáveis em nossos dias de vida, consituindo-se num marco de alegria, florida de felicidade. Foi o que ficou daquele maravilhoso dia em que a família, Carlos Vitti, sua esposa Iria e suas diletas filhasVera e Yeda, clicaram a campainha da minha porta da rua e sobraçando estranho invólucro sigiloso, vieram até a solidão de meu “palácio” urbano, não para uma visita comum, mas uma visita especial, comemorativa, surpreendente.
Decerto os amigos que porventura corram olhos por estas linhas desejam saber o que continha o pacote e qual o motivo daquela inesperada visita do meu saudoso companheiro de caçadas e pescarias, no lombo de um saudoso Maverick que, de quando em quando, dava o danado trabalho de desatolá-lo dos lamaceiros formado nos caminhos de terra e carreadores de cana, nos pagos queridos de nossa infância, minha e dele, lá pelas bandas de Santana, Sta. Olímpia, Fazenda Negri e suas redondezas.
Caríssimos, se estais curiosos para saber, também eu e minha esposa dona Dora , estávamos ansiosos por saber do que se tratava e que mistério guardavam aquele embrulho de papel colorido e aquela inesperada visita da família amiga. Não alonguem mais essa justa curiosidade mútua. O papel florido escondia nada mais nada menos do que um magnífico e saboroso bolo e a visita... Ah! a visita, que poderia adivinhar, era para homenagear o ‘príncipe dos poetas piracicabanos”, eu mesmo Lino Vitti. Homenagear por que? Que teria feito eu para ser digno de uma homenagem surpreendente como aquela? Foi o que fiquei parafusando na, a essa altura, confusa cachola . Confusa porque era evidente que jamais pensaria eu ou havia pensado jamais em receber tão belo gesto de uma longa e saudosa amizade do primo Carlos e familiares.
E como é de direito abrir o segredo, vou escrevendo que a homenagem era pelo Dia dos Poetas, e ao “príncipe dos poetas piracicabanos”, honra que muitíssimo me exalta e me dignifica, partida de quem guarda em si uma alma de poeta, senão clássica como a minha, cheia entretanto da poesia dos caipiras nacionais, improvisada, rústica, mas sempre repleta das belezas e encantos da natureza e do coração humano. E tudo isso e para comprovar sua veia poética, Carlos deixou-me às mãos as seguintes estrofes, como presente pela tão grata a homenagem que com sua família acabava de me prestar:
I
As estrelas brilham nos céus,
Pirilampo brilha na terra,
A última estação do ano
É a chegada da Primavera.
II
A chegada da Primavera
Dá amor em nossa vidas.
As matas que são verdejantes
Ficam todas coloridas.
III
Quando Deus subiu aos céus
Foi num toque de trombetas
E esta á minha homenagem
Pelo Dia dos Poetas.
IV
Eu amo o querido Brasil
Por viver neste planeta
Aqui vão estes versinhos
Ao “príncipe dos poetas”.
V
Eu amo todas as flores
O cravo, a rosa e o jasmim
Por isso estão todas plantadas
No meu pequeno jardim.
VI
Quando eu lembro do passado
O meu coração quase pára.
Principalmente neste mês
Com o canto da cigarra.
VII
Os jovens de hoje em dia
Curtem ao som da guitarra
Nós porém de antigamente
Curtimos o canto da cigarra.
VIII
“No sertão de minha terra
Não posso nunca esquece
Como é linda a madrugada
Ver o dia amanhecer.”
IX
“Sabiá canta na mata,
Saracura no banhado,
Seriema na cascata,
Juriti lá no cerrado.”
(Nota: as duas últimas estrofes são da dupla imortal caipira Tonico e Tinoco por isso figuram entre aspas)
Parabéns pelo dia de hoje. São nossos votos: Carlos Vitti e família.”
Termina a saudação, mas ficam dentro de mim muita saudade e muita gratidão. Deus lhes pague caríssimos amigos.
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