
Lino Vitti
Vem da terra das novidades – EUA – a notícia divulgada pelo o “Estado de São Paulo” em suas sempre compactas edições – 7-7-07 -, informando exaustivamente sobre matéria ecológica de interesse mundial, sob o significativo título : “sumiço de abelhas intriga cientistas”.
As abelhas aí referidas são aquelas conhecidas por muitos agricultores, pelos jardineiros e por todos nós, de vez que têm por hábito visitar as flores das lavouras, dos jardins e, agora também, aquelas garrafinhas de substâncias adocicadas que crianças e adultos costumam pendurar em qualquer canto do quintal ou até em janelas , para ver de perto os rapidíssimos beija-flores furtar, esvoaçantes, em poucos segundos o delicioso (para eles decerto) líquido colocado à sua disposição. São aquelas mesmas que de quando em quando costumam nos surpreender com doloridas picadas inesperadas se acaso passarmos descuidados nas imediações de sua colméia.
São elas protagonistas indiscutíveis na fabricação do mel, produto mundialmente usado e dosado, não só para a fabricação de quitutes dulcíferos, mas igualmente de remédios e bebidas.
Não são apenas essas as atribuições naturais das abelhas melíferas. As citadas aliás nem são as mais importantes. O que a elas cabe, como ordem natural e universal, é a valorosa e inarredável função de polinificar as flores, ou seja levar de uma a outra o “semem” floral, para que dessa junção, como ocorre entre os humanos e outros animais, resulte o nascimento do fruto, dos grãos que são alimento, das sementes que irão reproduzir novos espécimes, enfim as abelhas, de modo especial a que aqui nos referimos, são portadoras de vida vegetal para que ela se transforme em alimentos de que se valem o homem e com ele os animais, pássaros e outros viventes, para seu sustento vital. Não há que se negar pois a sua importância e necessidade.
Dito isto, como introdutório, os cientistas de todo o mundo, estão preocupados (intrigados diz a notícia) com a existência das bravas (e bravias às vezes) abelhas melíferas, pois observam que a sua presença em todas essas valiosos funções, está desaparecendo. E isso, evidentemente, poderá trazer uma série de conseqüências fatais para a vida humana, animal e vegetal da terra. É dedução lógica. Se as fabricantes do apreciado e muito aplicado mel é tão importante na vida universal, o sumiço de suas produtoras sofrerá conseqüências desastrosas fatais. O pior, entretanto, nisso tudo é que os homens do saber científico, não encontram, por ora, as implicações e explicações dessa dolorosa ocorrência e portanto torna-se enigmática sua solução, prevendo-se assim que o fenômeno continuará e se tornará cada vez mais grave.
Não sou cientista, mas gosto de observar o que acontece no mundo, curiosidade que ataca a qualquer concidadão, por ser o homem um ser especulador por excelência. Especulemos, então.
O desaparecimento de muitos insetos que nos afligiam(moscas, mosquitos, baratas, pernilongos) é uma realidade. Cada vez menos são vistos e encontrados nas residências ou imediações. Observa-se também que borboletas, besouros, grilos, aranhas, joaninhas e outros tipos de viventes semelhantes estão desaparecendo da zona rural. Efeito do que, pergunta-se?
A resposta é simples. Nesta última década a lavoura de todo o país tem sido visitada e atacada por muitos tipos de inseticidas, herbicidas, e outros “cidas”, para escorraçar e debelar as pragas de insetos que tinham nas plantações alimentíferas o seu habitat e onde encontravam o seu prato de vivência. Entre tais insetos moravam em conúbio natural as abelhas fabricantes do mel. Elas são insetos e como tais são trucidadas pelo efeito indisfarçável dos venenos aplicados na lavoura e na zona rural em grande escala e na zona urbana também, embora em menores proporções pelos moradores, mas aumentando cada vez mais a aplicação pelas administrações públicas executivas.
É claro que a indiscriminada, mas coordenada ao mesmo tempo, matança de insetos prejudiciais, acaba levando de roldão também os insetos úteis ao homem, como sejam as abelhas melíferas. E assim é possível que a fuga e a matança das abelhas tenha uma das explicações científicas que os peritos em saber ecológico estão procurando
Ou será bobagem de um pobre articulista roceiro, vindo dos cafundós de Santana de Piracicaba, onde já houve numerosas e produtivas colmeias, produzindo litros e mais litros do saboroso e importante mel, mas que hoje , decerto em virtude da intensa aplicação dos mortíferos inseticidas e herbicidas e agrotóxicos, não nais vê nem ouve o zumbido feliz e laborioso de uma abelha só?