
Lino Vitti
É, meu caro editor de Folha Cidade! Que faço eu com todo esse esplendor luminoso que me adentra a janela voltada para o poente, enviado pelo astro produtor de tanta energia fulgurante, a que convencionamos chamar de SOL? Você que há tantos anos lida, sobre tudo e sobre todos na imprensa, teria um vasilhame devidamente imenso para que possa eu aprisionar toda essa glória solar que de lá, do infinito, acha graça em chegar até mim? Você teria uma sugestão capaz de me dizer que força infinita deu a essa bola de futebol de luz a felicidade de vir correr, dia a dia, a amplidão celestial que nos cobre? Digo bola de futebol, porque sei que você entende, quiçá muito mais do que muitos entendidos por aí, dessa geringonça redonda que vemos jogada por chuteiras laboriosas, ganha-pão de muitos, dia e noite, pelos gramados verdes desse imenso Brasil e desse imenso mundo, onde a bola de ar, êmula da boa de fogo do céu, apraz ser chutada contra o pobre solitário que fica sob os três paus em forma de retângulo? Editor Paulo, será que o céu é um campo de futebol, gramado de azul e o sol, uma bola descomunal recheada de luz?
Olho, contemplo, estudo, adoro esse personagem que nos traz o dia, que empurra para o nada as trevas, que aviventa o mundo, que beija as plantas, que aquenta os telhados, que acaricia os pássaros, que ilumina as superfícies dos lagos, rios e oceanos, que fica todo vermelho por ter de se esconder atrás da linha do horizonte, quem sabe de tristeza, quem sabe de vergonha, quem sabe por se esforçar demais para não nos abandonar às mãos da noite negra e insensível. Você reparou Paulo, como é triste o final da tarde, naquela hora em que o Sol gostaria de ficar mais um pouco, mas qual, nada pode fazer, e ninguém, nem poetas, nem escritores podem ir em seu socorro. É fatal a vitória da noite sobre uma coisa tão enorme com é o dia.
Diante de tantas luminosidades que vejo pela janela amiga, percebo que a alma fica imensa, quer poetar, quer cantar, que dizer tantas coisas boas , mas é tão limitada nossa capacidade de dizer, de escrever, de poetar, que o teclado digitante fica inerme, fracassa, se apequena tanto que nada mais consegue do que algumas frases ocas e desengonçadas, como as que vou perfilando acima e abaixo.
É difícil, mesmo para um velho e traquejado cronista, descrever o que vai lá pelo céu a fora, de luz e de azul, de infinita graça e maravilhosa dispersão de sol, beijocando os telhados vermelhos ( de pudor, sem dúvida) por sentirem o calor amoroso de tanta luz e tanto amor solar. Ah! Quem me emprestaria a veemência, a cultura, a capacidade, as palavras, as frases, o estilo adequados, para transmitir a vocês, caríssimos leitores, o que vejo, o que sinto, o que gostaria de dizer, diante destas maravilhosas horas do dia, de um dia de inverno, a que o sol não ligou, a que as neblinas não tentaram enevoar, um dia de soberania solar, próprio para o homem se recolher em espírito e meditar na grandeza do universo, na imensidade do sol, no infinito do azul.
Ao lado porém desses pensamentos, digamos poéticos, outros nos acodem à mente, outros que vão se inserir na grandeza daquele céu azul e daquele sol sem limites. Seriam pensamentos voltados para o Criador deste Universo sem fim, onde viajam pela eternidade afora, todos os astros, todas as estrelas, todas as cores do infinito, este mesmo planeta em que nascemos, vivemos e morremos, ao menos enquanto a ciência astronáutica consiga nos dizer com exatidão se por essas distâncias anos-luz além, mais planetas existem povoados, abrigando outros nossos semelhantes extra-terrenos e com os quais não se passarão séculos, sem que tenhamos entrado em contato com eles e com eles continuemos a exaltar o Universo divinamente criado e mantido.
Eu me empolgo e me assusto a um só tempo, diante dessas grandezas como o sol e o céu azul, porque por mais que queira nunca chegarei, nem chegareis vós, a compreender por quais motivos tiveram existência, senão que para glorificar o Todo Poderoso que com elas presenteou o Homem, para que este fosse mais agradecido e mais feliz. Decerto nem todos se embasbacarão, como o tolo do poeta, frente a um dia de sol e de azul, de um céu estrelado ou iluminado pela lâmpada solitária e maravilhosa da Lua cheia, diante de um ipê florido ou um pássaro canoro, diante de uma aragem refrescante ou da montanha que galga as alturas. Eu teimo em escrever poeticamente, na esperança de que talvez consiga despertar em mais alguém, mesmo um que seja, esse sentimento de admiração pela natureza, pelo homem, pela divindade.
Um comentário:
Ah, Nobre Poeta, Quanta Beleza Em Suas Palavras! A Natureza É REALMENTE UMA DÁDIVA DO TODO PODEROSO! GRANDE ABRAÇO, Mel
Postar um comentário